Lua de Larvas | Resenha

by - setembro 15, 2018


Olá, pessoas! Tudo ótimo com vocês?
Como disse no texto de semana passada (que você pode ler aqui), agosto foi um mês muito bom para mim, literariamente falando. Ao todo, se não me engano, li 7 livros (um milagre tendo em vista a correria do cotidiano), uns maravilhosos, outros nem tanto. Inicio o mês de setembro - um dos meus meses favoritos - com um livro que foge totalmente da minha zona de conforto e do meu gênero literário, contudo, preciso dizer: Lua de Larvas se tornou um dos meus livros favoritos da vida e são muitos os motivos que me levaram a colocá-lo como uma das melhores (quiçá a melhor) leituras do ano.

Lua de Larvas - Sally Gardner
Título Original: Maggot Moon
Ano de publicação: 2014
Autor(a): Sally Gardner
Editora:WMF Martins Fontes
Número de páginas: 291
ISBN: 9788578277987
Sinopse: Standish Treadwell é um jovem disléxico que vê o mundo de maneira diferente da maioria. Graças a essa visão, ele percebe que o mundo lá de fora não tem que ser necessariamente cinzento e opressor. Quando seu melhor amigo, Hector, é de repente levado embora, Standish percebe que cabe a ele, a seu avô e a um pequeno grupo de rebeldes enfrentar e derrotar a opressão permanente das forças da Terra Mãe. Com o pano de fundo de um regime implacável, disposto a tudo para vencer seus rivais na corrida para chegar à Lua.




Em Lua de Larvas, somos apresentados ao jovem Standish, um adolescente que por possuir uma condição genética chamada de heterocromia (possui um olho de cada cor, belissimamente representados nessa capa maravilhosa), além de dislexia e transtorno do deficit de atenção (TDAH), sofre as mais diversas agressões no colégio onde estuda, sendo excluído por todos e tido pelos professores como um menino burro e sem futuro. Pesado, não?

Por ser burro e não ser nada que se encaixasse direito em um papel pautado, eu sentava no fundo da sala fazia tempo suficiente para saber que tinha me tornado praticamente invisível.

O livro é ambientado em um universo distópico em que o mundo foi quase totalmente destruído pela guerra. Standish vive em um lugar chamado de Terra Mãe que é governado pelo que ele chama de “Os moscas verdes”, em um regime totalitário e ditatorial, repleto de repressão em que a população é fortemente controlada pelo governo e a punição por pensar diferente (os também chamados como Obstrutores) é a morte. Para os mais atentos - e fãs de história - o livro se torna uma clara referência ao nazismo empregado pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, um dos temas amplamente abordados pela literatura. 

Standish vive com seu avô e vê sua vida mudar após a chegada de uma nova família que se muda para a casa ao lado da dele. Ele então conhece Hector e, automaticamente os meninos desenvolvem um grande laço de amizade e companheirismo. Standish encontra no Hector o amigo que sempre procurou, sem descriminá-lo por nenhuma dos motivos que usavam para torturá-lo na escola. Hector, por sua vez, se torna o protetor de Standish, livando-o das agressões e humilhações.

Se é assim que o mundo gira, eu também não quero ficar por aqui.


Os terríveis moscas verdes comandam o país de maneira autoritária e absolutista, implementando rígidas regras de censura, em que as pessoas são proibidas de pensar e possuem acesso restrito à cultura. Na tentativa de demonstrar sua supremacia perante às nações inimigas, os Moscas Verdes possuem um plano de mandar um homem até a lua, feito inédito é totalmente impossível até então. Coincidências à parte com a nossa história, o livro possui uma delicadeza em sua escrita que emociona até os leitores com os corações mais rígidos. Não se enganem: O livro é pesado, violento e literal: Há diversas cenas de embrulhar o estômago que demonstram a podridão da sociedade, porém, a história é toda narrada a partir do ponto de vista dos olhos de uma criança ingênua e de coração puro.


Os meninos moram com sua família na chamada Zona 7, lugar miserável em que todos se ajudam com o mínimo de comida para sobreviverem. Tudo muda ao Hector ser levado pelos moscas verdes para o outro lado do muro que delimita a entrada da zona. Lá o governo está desenvolvendo todo o plano para alcançarem a lua. Nunca imaginei que o livro fosse seguir para um viés político; Contudo, se você ler com atenção há diversas críticas veladas aos modelos de governo e a nossa sociedade, o controle da população à cultura e a manipulação da mídia, dentro outros. Tudo, por sua vez, é mascarado pela narrativa doce, envolvente e pura de Standish.

A história é envolvente e cativante, enquanto vamos descobrindo o poder da amizade e a coragem de quebrar um sistema totalitário. Chega a ser irônico eu ter terminado de ler o livro justamente no domingo, 3 de setembro de 2018, dia que ficou marcado pelo incêndio do Museu Nacional do rio de Janeiro. Pra mim nunca ficou tão claro as metáforas do livro com a situação de declínio cultural e educacional em que vivemos. O mundo distópico de Standish não é tão irreal assim, afinal. 

Como citei no início do texto, a capa é maravilhosa e realmente representa tudo o que o livro aborda em suas páginas. A leitura é cativante e fluída, o livro possui quase 100 capítulos, mas você não leva mais do que dois ou três dias (se você se identificar com a história, ira levar muito menos), pois todos os capítulos são curtos e as páginas muito espaçadas, com ilustrações como a que você confere assim, tudo muito pertinente ao roteiro. Definitivamente é um exemplar e tanto para se ter na estante.

Lua de Larvas é o tipo de livro que você começa a ler de maneira despretensiosa e sem você perceber, não consegue dormir por estar pensando nos diversos assuntos abordados. É uma história de coragem, mas sobretudo, é sobre amizade e amor, uma história de empatia e sobre se colocar no lugar do outro. O final do livro é emocionante e de tirar o fôlego, preciso dizer que me acabei de chorar e foram poucos os livros capazes de me tocarem dessa maneira. Não preciso dizer que dei 5 estrelas e é um dos meus favoritíssimos da minha vida, uma história que irei carregar para sempre em meu coração. 

É que os "e se..." são infinitos como as estrelas.

Nota: 5/5 

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