Misery | Resenha

by - dezembro 01, 2018

Foto: Gabriel Ferrari
Olá, pessoas! Tudo bem com vocês?

Como prometido na resenha de sábado passado, hoje temos o mestre do terror aqui no Cores, podem se esconder em baixo de suas camas! Piadinhas à parte, eu havia planejado trazer a resenha desse livro aqui pra vocês na semana do Halloween, ou seja, em outubro. Mais uma vez, diversos imprevistos ocorreram, comprei o livro um tempo depois e cá estamos, quase dois meses atrasados, porém, peço que vocês relevem, pelo menos consegui escrever ainda em 2018. (rindo de nervoso).

Hoje é dia de falarmos de Misery do emblemático Stephen King. Tenho um projeto pessoal de ler todas as obras do "rei" e eu não estou maluco: Eu sei, são inúmeras, se levarmos em conta os contos e histórias paralelas, porém o desejo de conhecer melhor esse universo fantástico criado por ele em seus livros fala mais alto. Se você conhece ao menos um pouquinho do seu trabalho, você sabe que há na internet misteriosas teorias que dizem que todos os seus livros estão conectados de alguma forma. Nunca tivemos um posicionamento oficial por parte de King confirmando ou negando a ligação entre os personagens e livros, mas isso já é o suficiente para que a imaginação de seus leitores viajem para beeeeem longe.

Misery é uma dessas histórias emblemáticas escrita por King em 1987 e dizem que em sua narrativa há diversos easter eggs e ganchos que King utilizou para a criação de alguns de seus outros clássicos. Prometo trazer pra vocês um dia desses um post dedicado justamente para discutirmos todas essas ligações e teorias, porém hoje vamos focar na terrível história de Misery.



Misery - Stephen King

Título Original: Misery
Escritor: Stephen King
Ano de Publicação: 1987
Editora: Suma de Letras
Número de páginas: 326
Gênero: Suspense
ISBN: 9788581052144
Sinopse: Paul Sheldon descobriu três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após emergir da nuvem escura. A primeira foi que Annie Wilkes tinha bastante analgésico. A segunda, que ela era viciada em analgésicos. A terceira foi que Annie Wilkes era perigosamente louca.Paul Sheldon é um famoso escritor reconhecido pela série de best-sellers protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo manuscrito, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira aposentada Annie Wilkes, que surge em seu caminho. A simpática senhora é também uma leitora voraz que se autointitula a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta na enfermeira seu lado mais sádico e psicótico. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegará ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, em “Misery - Louca Obsessão”, Paul Sheldon terá que usar toda a criatividade para salvar a própria vida e, talvez, escapar deste pesadelo.


- Eu sei - disse ele. - Você é minha fã número um.- Sim - respondeu ela, sorrindo. - É isso mesmo que eu sou.

Stephen King: Ou você ama ou você odeia. A opinião dos leitores com relação as obras do mestre do terror são tão opostas quanto o branco e o preto. Uns consideram King como um gênio inacalcável, outros não gostam de suas histórias e de sua narrativa. Opiniões à parte, devemos dar os devidos créditos a essa máquina de fazer livros que atende pelo nome de Stephen King. Suas obras já venderam em torno de 400 milhões de cópias ao redor do mundo, além de serem massivamente adaptadas para o cinema e televisão e servirem como inspiração para escritores ao redor do mundo. 

Em Misery, somos apresentados a Paul Sheldon, um escritor famoso e autor de uma série de livros de romance cuja protagonista é a Misery. Após uma forte nevasca, Paul sofre um acidente na estrada e é encontrado por Anne Wilkes, uma excêntrica enfermeira que o leva para casa para cuidar de seus ferimentos. Anne se considera fã número 1 de Paul e das aventuras vividas por Misery. As coisas começam a mudar após Anne adquirir uma cópia da última aventura de Misery em que a personagem morre. Ela então mantém Paul em cativeiro e obriga o debilitado autor a reescrever o livro, criando assim um novo final para a personagem. Annie é totalmente louca e o subtítulo do livro "louca obsessão" ilustra bem a personagem. Durante as 320 páginas em que Misery é narrada, Anne é capaz de cometer as mais diversas atrocidades e abusos físicos e psicólogios contra Paul.

Não sou um grande expert acerca de King; li apenas algumas de suas obras, das quais cito a série Torre Negra (li 90% dela, faltam os dois últimos), IT e seu livro de contos, Escuridão Total Sem Estrelas. Todos eles são muito bons, inclusive A Coisa se tornou um dos meus livros favoritos na vida, contudo, acho que suas obras não são muito fáceis para ler. Fiquei supreso com a simplicidade com que Misery foi escrita e isso ajudou muito com o processo de imersão na história de Paul e Anne. Falando da escrita, existe muita identidade em sua narrativa, e mesmo que Misery não tenha sido escrita da maneira habitual que King utiliza, você sabe que o texto é dele.

Foto: Gabriel Ferrari

Outro fato super interessante em Misery é que a narrativa do livro já é iniciada no ponto alto da história: Ao contrário dos outros livros do autor em que King utiliza a primeira parte do livro para construir sua narrativa, situar seus personagens e imergir o leitor no universo criado para a história, em Misery, Paul já começa a história preso na casa de Anne e conforme a história se desenvolve, King vai construindo o cenário através de devaneios do personagem, narrando eventos do passado desde a terrível tempestade de neve que culmina no sequestro de Paul. O misterioso passado de Anne também é explorado em um determinado ponto da narrativa e realmente gostei da divisão temporal do livro.Anne, é, como ela costuma dizer em diversos momentos, sua fã número 1, e eu juro: Toda vez que ela falava isso eu ficava arrepiado. A personagem é bem sombria e sofre de diversos transtornos mentais que são amplamente explorados na história: Em seus momentos de raiva extrema, Anne perde totalmente o senso de certo e errado e é capaz das piores atrocidades contra Paul (físicos e psicológicos), com pequenos intervalos de lucidez e calmaria. Nessa parte da narrativa é bem interessante observar a forma como os pensamentos de Paul a respeito de Anne são colocados na história e o que não faltam são exemplos do quão instável e agressiva Anne consegue ser. Mesmo totalmente debilitado e viciado em Novril (uma droga fictícia semelhante a Morfina), o escritor começa a planejar uma forma de escapar do cativeiro de Anne enquanto luta para reescrever a história de Misery de forma a enganar a louca e garantir mais alguns dias de vida. O vício da substância muito se assemelha a um episódio vivido pelo próprio King (descrito em sua biografia) em que após sofrer um acidente de carro e se ferir gravemente, acabou se tornando viciado da susbtância. King conta que durante episódios de abstinência era tomado por pensamentos homicidas e tais eventos são bem retratados no livro a partir do momento em que Paul acredita que a única chance de se ver livre das garras de Anne é a morte.

Apesar da boa dose de suspense e terror presentes em Misery (não poderíamos esperar algo diferente do autor, não é mesmo?), ao longo da leitura desenvolvi uma teoria própria sobre a história. A narrativa de Misery permeia todo o processo criativo de um autor durante a construção de um novo livro. Ao meu ver, Anne pode representar na mente de Paul um episódio de bloqueio criativo e sua luta para enfim conseguir transpassá-lo e ir adiante com a criação da história. Não sei se quem leu percebeu esse detalhe, mas Paul consegue escrever a história a uma velocidade extraordiánaria a partir do momento que vence o medo de ser morto por Anne. Como disse, é uma teoria minha, não existe nada confirmado, contudo, acho que é uma interpretação interessante e totalmente plausível.

- Acho que você pensa em escapar. Como um rato na ratoeira, não é? Mas você não vai escapar, Paul. Se essa fosse uma de suas histórias, talvez você conseguisse, mas não é. Eu não posso deixar você ir embora... mas posso ir com você.

Misery possui tudo que um amante do gênero procura e Anne é a vilã instável que nós leitores amamos odiar. Existem algumas cenas particulares no livros (que envolvem partes do corpo amputadas e muito sangue), que são capazes de provocarem arrepios até nos leitores mais fortes. O final não foi lá o dos melhores, mas mesmo assim não foi capaz de tirar o brilho da história que traz um King extremamente livre e insano, bem do jeitinho que a gente gosta.

Espero muito em breve ler outras obras do King e trazer resenhas pra vocês, assim como falar um pouco mais sobre as ligações e referências entre as obras.

Nos vemos próximo sábado!

Até lá!


Nota: 4/5 


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