A Garota Na Teia de Aranha | Resenha

by - novembro 17, 2018


Olá, pessoas! Como estão hoje? Espero que muito bem. 

Estreou no início do mês a mais nova (e problemática) adaptação da franquia Millennium, chamada de A Garota Na Teia de Aranha. Apesar da versão sueca possuir sua trilogia completa, composta por Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, A Menina Que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar, a versão hollywoodiana com Daniel Craig e Rooney Mara foi interrompida após o fracasso da primeira adaptação. Algum tempo depois, recebi a notícia de que os direitos da série foram adquiridos por David Lagercrantz, e o que o mesmo iria seguir escrevendo histórias para o universo criado por Stieg Larson, falecido em 2004, trazendo de volta os icônicos personagens Mikael Blomkvist, Lisbeth Salander e outros que fazem parte da premiada série. Caso você não conheça a história ou nunca ouviu falar da saga de Millenium, dediquei um post que falei um pouquinho sobre cada um dos livros, dos filmes e das diferenças entre as versões suecas e americanas. Para ler, basta clicar aqui.

Pois bem, Hollywood ainda não jogou a toalha e mesmo tendo ignorado os dois títulos que compõem a sequência para “Os Homens que não amavam as mulheres", os diretores resolveram lançar a versão cinematográfica de A Garota Na Teia de Aranha, a quarta aventura da anti heroína mais emblemática dos universos cinematográficos e literários.



A Garota Na Teia De Aranha - Fede Alvarez

Título original: The Girl in the Spider’s Web: A New Dragon Tattoo Story
Direção: Fede Alvarez
Ano de lançamento: 2018 
Gênero: Suspense, Ação
Duração: 1h57min
Sinopse: Estocolmo, Suécia. Graças às matérias escritas por Mikael Blomkvist  para a revista Millennium, Lisbeth Salander ficou conhecida como uma espécie de anti-heroína, que ataca homens que agridem mulheres. Apesar da fama repentina, ela se mantém distante da mídia em geral e levando uma vida às escondidas. Um dia, Lisbeth é contratada por Balder para recuperar um programa de computador chamado Firefall, que dá ao usuário acesso a um imenso arsenal bélico. Balder criou o programa para o governo dos Estados Unidos, mas agora deseja deletá-lo por considerá-lo perigoso demais. Lisbeth aceita a tarefa e consegue roubá-lo da Agência de Segurança Nacional, mas não esperava que um outro grupo, os Aranhas, também estivesse interessado nele.

Sejamos sinceros: As chances desse filme ser um imenso tiro no pé da produtora são enormer. Vamos analisar o cenário no qual o longa está inserido: O filme estrelado por Craig lançado em 2011 amargou notas baixíssimas dos veículos especializados que refletiu diretamente no estado de ânimo das pessoas pagarem para ver o filme no cinema. Falando da adaptação em si, extremamente fraca e genérica e o público simplesmente não se envolveu com os personagens. Some ao fato do longa não possuir suas continuações que, dentre outros temas, abordam diretamente o passado de Lisbeth e a delicada relação com seu pai, Zalachenko, um poderoso membro da máfia Sueca. Um terceiro ponto preocupante que coloca a adaptação de A Garota Na Teia de Aranha sob risco: O longa lançado em 2011 finalmente ganha sua continuação 7 anos depois e são muitas lacunas a serem preenchidas entre os dois filmes para que o resultado seja uma história coesa para unir as pontas soltas que não foram supridas pela falta dos demais longas e ainda sim trazer uma adaptação forte, literariamente falando. E a cereja bolo: Craig e Mara não retornariam para os papéis principais. Problemático, não?

Antes de falarmos do filme em si, preciso comentar com vocês sobre o livro lançado em 2015 e vou dizer logo de cara: Simplesmente detestei o retorno de Lisbeth nesse novo universo criado por David. A trama cibernética prometia muito, mas falhou em execução. O texto, apesar de muito bem escrito, perdeu toda a identidade dos personagens e me senti lendo apenas um outro thriller, e não uma obra do peso de Millenium. Eu tentei por diversas vezes ler, mas até hoje, A Garota na Teia de Aranha foi o único livro que abandonei e larguei de mão, uma verdadeira pena. Mesmo assim, resolvi insistir na história e dar uma chance para a adaptação cinematográfica.

Copyright 2018 Sony Pictures Entertainment Deutschland GmbH

Na história somos apresentados ao brilhante  Frans Balder, um cientista sueco que desenvolve o Projeto Firefall, um programa capaz de revelar as mais diversas informações bélicas dos países rivais. O programa foi inicialmente criado para o governo norte americano, porém, após se enganado por eles, Balder contrata a racker Lisbeth Salander para roubar o programa. O que ela não imagina é que os eventos convergiriam diretamente para o passado dela e um grupo denominados de "Aranhas".Como disse, o verdadeiro desafio de Fede era a criação de um roteiro envolvente e sedutor alinhando os eventos do quarto livro e criar ganchos para explicar detalhes que foram omitidos pela ausência dos outros filmes porém cruciais para o desenvolvimento da história. O resultado foi um filme confuso, com uma enxurrada de informações e poucas coerências entre elas. Os personagens foram a parte mais fraca de todo o filme. O jovem Sverrir Gudnason que deu vida a Mikael, conseguiu trazer uma atuação ainda mais morta que Craig na versão original e como resultado, o personagem passa despercebido e totalmente sem brilho. Lisbeth interpretada por Claire Foy, apesar de possuir boa atuação e trazer uma versão mais humana de Lisbeth, não supera a atuação de Mara, isso sem levar em conta a trilogia sueca liderados por Michael Nyqvist e Noomi Rapace, impecáveis, em minha opinião.

Copyright 2018 Sony Pictures Entertainment Deutschland GmbH

Com personagens tão apáticos e um roteiro confuso, a única opção para Alvarez, era apelar para cenas de ação e nesse quesito, A Garota na Teia de Aranha deixam os demais filmes comendo poeira, com belíssimas tomadas e fotografia excepcionais das paisagens áridas da Suécia. A trilha sonora também é bem eficiente e quebra a monotonia de algumas cenas, mas no geral o filme é entediante. Lisbeth sofreu diversas modificações em sua personalidade e o drama familiar vivido por ela e sua irmã Camila (vivida por Sylvia Hoeks), não convencem os telespectadores, alheios aos eventos do passado das duas explorados em A Menina Que Brincava Com Fogo e A Rainha Do Castelo de Ar. Apesar das tentativas de inserir flashbacks na narrativa, ainda ficou bem confuso e de difícil entendimento para aqueles que não conhecem a história, prejudicando a imersão e envolvimento com a história.

Copyright 2018 Sony Pictures Entertainment Deutschland GmbH

O resultado é que saí do cinema com mais perguntas do que dúvidas. O filme é, em suma, morno e deslocado, senti como se estivesse vendo um spin off de Millenium. Estou pensando em dar mais uma chance ao livro, cujo sucessor já lançado e se chama O Homem Que Buscava Sua Sombra, talvez o autor precisasse de mais tempo para enfim se acostumar ao estilo Lisbeth de lidar com as coisas. Os livros são comercializados aqui no Brasil pela editora Companhia de Letras.

Fica pro ano que vem. 

Nota: 3.5/5.0


É isso então, pessoal. Espero que vocês tenham gostado da resenha de hoje e não esqueçam de contar aqui pra mim nos comentários se você pretende ou não assistir ao filme e, se já assistiu, sua opinião a respeito. Fiquem ligados que sábado que vem tem a resenha de um dos livros mais supreendentes que li em toda minha vida. Até lá!

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6 comentaram

  1. Não li nem assisti aos filmes desse universo, mas pretendo, já que eles representaram a Suécia no Projeto Lendo o Mundo que está rolando no meu blog.

    Escuto muitos elogios para os livros escritor pelo Larson, o que não ocorre com os demais livros. Por esse motivo, irei ler os livros escritos pelo Larson e ignorar os outros. BJS.

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  2. Se você precisar de mais elogios com relação a trilogia escrita pelo Larson, é só falar comigo. Hahahaha, leia sem se preocupar, com certeza você terá em mãos 3 grandes livros!

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  3. Olá!

    Eu li a trilogia e para mim foi uma das melhores. Esse livro eu até tenho na estante, mas com as diversas opiniões não muito boas, eu sinceramente, não sei se vou ler.
    Quanto ao filme, acho uma grande pena também. Me senti chateada com essa mudança na personalidade da Lisbeth, se era justamente isso que para mim é umas melhores personagens já criadas.
    Não sei se vou assistir também.

    Abraços,
    Fernanda

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  4. Oi Gabriel.
    Tenho que admitir que não tenho o menor interesse na leitura e nem nos filmes produzidos por Hollywood. Sou muito satisfeita com a versão sueca, muito bem obrigado.
    Pelo visto, vou gostar menos ainda. Millenium sempre foi uma história de política e sentimentos, com poucas tomadas de ação. A mudança, me causa certo asco.
    Beijos.

    Blog: Fantástica Ficção

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Tenho muita curiosidade de conhecer essas histórias através da trilogia principal, mas ainda não consegui ler os livros. Assisti ao primeiro filme, a versão original sueca, e lembro que gostei. Acabei não terminando de ver porque eu assistia com uma pessoa que... acabou não dando pra prosseguir, mas ainda quero terminar por conta própria. As versões americanas não me chamaram tanta atenção porque já imaginava que sairia algo muito mais deturpado do original, rs. Mas espero ler um dia e assistir depois só pra criticar direitinho, rsr.

    Beijos,
    Isa
    taglibraryisa.blogspot.com

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