Caixa de Pássaros | Resenha

by - novembro 03, 2018

Foto: Chovendo Livros
Olá, meus queridos! Tudo bem com vocês?

Estava revisando minhas postagens aqui no site e percebi que, apesar de Caixa de Pássaros ser um dos meus livros favoritos da vida (5 estrelas, sim, senhor) e de já tê-lo citado em uma postagem aqui no Cores, nunca havia dedicado uma resenha exclusiva para ele e peço perdão por isso. Eu li há alguns anos atrás, mas a história me marcou tanto que ela continua fresquinha em minha cabeça e é sobre ela que iremos falar agora. Partiu?

Caixa de Pássaros - Josh Malerman

Título Original: Bird Box
Autor: Josh Malerman
Editora: Intrínseca
Ano de Publicação: 2014
Gênero: Suspense, Terror
Número de páginas: 264
ISBN: 9788580576528
Sinopse: “Caixa de Pássaros” é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler. Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.


 
Ele espera. E quanto mais espera, mais assustado fica. Como se o silêncio ficasse mais alto.

Lançado em 2014, o romance de estreia de Josh chegou abalando o mundo literário, causando enormes discussões a respeito de sua história que visa explorar o medo do desconhecido em uma narrativa frenética, apavorante e totalmente imprevisível. Vocês sabem que quando eu me envolvo com um livro eu cancelo todos os meus compromissos pra ficar em casa lendo e me lembro que fiz exatamente isso com Caixa de Pássaros, cuja leitura terminei em uma única tarde tamanha minha curiosidade e imersão com a história. 

A sinopse do livro não engana o leitor: É bem simples, clara e literal: Não abra os olhos. A história se passa em uma cidade tipicamente americana que se vê aterrorizada por misteriosas criaturas e basta uma rápida olhada para que você sofra um surto psicótico e violento que culmina no suicídio dos que fizeram contato com esses monstros. Ninguém é imune e não há explicações ou justificativas para tais atos e a única solução é você viver no escuro, trancado em suas casas, de olhos fechados. É com esse enredo sufocante e claustrofóbico que somos apresentados a Malorie e seus dois filhos, que vivem em uma casa abandonada próxima do rio que corta a cidade. Malorie é uma mulher forte e destemida que resolve se abrigar nessa casa com outras pessoas que sobreviveram ao surto logo após presenciar o suicídio de sua própria irmã. Através de conversas entre os moradores da casa, Malorie descobre que há um lugar que supostamente é seguro e não seria preciso andarem vendados para sobreviverem. O mais importante para Malorie é a segurança e a vida de seus filhos e a jovem mãe resolve atravessar o rio em um barco até esse abrigo. Só há um detalhe: Como chegar em segurança até o abrigo se basta apenas uma rápida olhada nas criaturas para assinar sua sentença de morte? Uma decisão errada ou um passo em falso e tudo está perdido. As criaturas estão do lado de fora, espreitando sua próxima vítima. Vendados, sua única saída e se guiar pelo sons da floresta e do rio em busca da salvação


Criaturas, pensa Malorie. Que palavra boba. Malorie nunca gostou dessa palvra. De alguma forma parece errada. Acha que as coisas que a assombram há mais de quatro anos não são criaturas. Uma lesma de jardim é uma criatura. Um porco-espinho também. Mas o que se esgueirava por trás das janelas cobertas a manteve vendade não é do tipo que um exterminador de pestes poderia matar. Bárbaro também não é bom. Um bárbaro é imprudente. Assim como os brutamontes... Demônio. Diabo. Vampira. Talvez tudo isso... Capeta é bondoso demais. Selvagem, humano demais... Será que sabem o que fazem? Será que querem fazer o que fazem? Se não sabem o que fazem, não podem ser vilões... São monstros, pensa Malorie. Mas ela sabe que são mais do que isso. São o Infinito.

O livro possui esse clima de mistério e suspense em todas as suas páginas e eu fiquei extremamente apreensivo enquanto lia. Outro ponto que contribui muito para esse clima de terror é que Josh optou por narrar tanto os eventos do presente quanto o início do surto, quatro anos antes. As duas narrativas são intercaladas e é DESESPERADOR ler sobre os suicídios, as criaturas e a luta pela sobrevivência sem nem ao menos ter a menor pista sobre o que são. Como você pode ver no trecho que deixei acima, a narrativa do livro é construída através de frases curtas e bem demarcadas. Parece algo bobo e irrelevante, mas numa história de terror como a de Caixa de Pássaros, essa construção imprime um ritmo acelerado e frenético na narrativa, sem dar nenhum descanso pro leitor e é totalmente impossível desgrudar os olhos das  páginas. A leitura é muito rápida e fluída e em poucas horas você consegue finalizar o livro. 


Foto: Editora Intrínseca

O roteiro de Caixa de Pássaros em muito me lembra a temática utilizada por José Saramago em Ensaio Sobre a Cegueira e até mesmo em um dos seriados mais populares dos últimos anos, The Walkind Dead. Me explico: O que há de comum entre Caixa de Pássaros e as duas obras já citadas é que em momento algum é explicado para o público o que de fato desencadeia tais eventos: Não sabemos onde e como começou o surto de zumbis e nem o motivo das pessoas ficarem repentinamente cegas; Em minha opinião, Josh opta por desenvolver a história a partir de um evento particular sem de fato se preocupar em esclarecer as dúvidas dos leitores ou criar explicações acerca do que de fato sao esses monstros. O objetivo da obra (assim como em Ensaio Sobre a Crgueira e The Walking Dead) é focar em como os personagens se comportam em meio a esse ambiente hostil e ameaçador, lutando por suas vidas e em como as pessoas são capazes de realizarem atos insanos por desespero, medo ou solidão.

O clima de apreensão, medo e tensão é construído de maneira constante e crescente pelo autor e nos sentimos assustados e vulneráveis. Algumas cenas são bem difíceis de serem lidas e você é transportado para as páginas do livro, se colocando na pele de cada um dos personagens enquanto lutam pela sobrevivência para chegarem ao local seguro que todos falam. A minha ressalva é que em alguns momentos senti falta de emoção por parte dos personagens: Em situações tão extremas como as criadas pelo autor, é quase impossível manter a calma e compostura; eu mesmo estava pulando na cama de nervoso. Em outras, bato palmas para o autor pois ele conseguiu imprimir em palavras o desespero de uma mãe cuja única missão na vida é assegurar a vida de seus filhos. (Especialmente há uma cena próxima do final do livro que fico nervoso só de lembrar, contudo, não irei dar spoilers para não estragar a experiência de quem ainda não leu).

Antigamente, ela poderia ter olhado para um mundo duas vezes mais iluminado e nem teria precisado semicerrar os olhos. Agora, a beleza machuca.

Talvez a maior crítica por parte dos leitores é quanto ao final escolhido pelo autor. Falta de criatividade para uns, genialidade para outros. Não chega a ser um spoiler, mas não esperem por explicações acerca da origem das criaturas, vocês não as terão. O livro é finalizado de maneira abrupta e altamente interpretativa por parte de cada um dos leitores. Há, no mínimo, umas 4 teorias que correm a internet sobre o final e acredito que esse tenha sido o objetivo de Josh. Particularmente, não sou fã de finais abertos, porém, o desfecho combina totalmente com Caixa de Pássaros, trazendo debates interessantes a respeito. 


Para finalizar, deixo aqui minha dica: Que tal aproveitar esse clima de Halloween para mergulhar em uma história horripilante e assustadora? Lembrando que a nossa querida Netflix comprou os direitos da história e o filme conta com ninguém menos que Sandra Bullock dando vida a Malorie e sabemos muito bem que o serviço de streaming de filmes e séries simplesmente arrasa com suas produções de terror, basta verificar as mais recentes séries, A Maldição da Residência Hill (cuja resenha já foi feita para o Cores e você pode clicar aqui para ler) e o Mundo Sombrio de Sabrina. A adaptação de Caixa de Pássaros será lançada no próximo dia 12, foi produzido pela Universal Pictures e Josh em pessoa acompanhou todas as gravações. O elenco é incrível e pelo trailer, me parece estar imperdível!



É claro que irei assitir o mais rápido possível e irei contar tudo para vocês a respeito, assim como evidenciar diferenças e semelhanças entre ambas as obras. Espero que o filme consiga atingir a mesma sensação clautrofóbica que tive lendo.

  Num mundo onde não podemos abrir os olhos, uma venda não é tudo que temos para nos defender?
Não esqueçam de deixar seu comentário e lembrando: Caso queiram deixar uma sugestão de livro, série ou filme que você queira um texto aqui no Cores, é só nos avisar.

Nota: 5/5 

Boas leituras para vocês e nos vemos no próximo sábado! 

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