Desafio King: Joyland

by - fevereiro 23, 2019

Foto: Gabriel Ferrari

Olá, senhoras e senhores! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim!

Gostaram do texto de quarta-feira? De vez em quando irei trazer uns textos mais pessoais e que fujam um pouco desse formato de resenhas literárias e espero do fundo do meu coração que tenham gostado, podem esperar que muitas coisas bacanas irão surgir por aí. Ao mesmo tempo que fico um pouco receoso de falar de coisas tão íntimas, fico feliz de poder compartilhar com vocês. 

Hoje é sábado e vamos ao que interessa: Dia de resenha! Promessa é dívida e como eu disse na primeira parte desse desafio King, no último sábado de cada mês irei trazer a resenha do livro escolhido e no final do ano teremos nada mais que 12 resenhas do mestre do terror aqui no site. Se você não sabe muito bem do que estou falando ou não faz ideia do que seja o desafio King, basta ler aqui a resenha do livro que deu início ao desafio. A obra escolhida para o mês de fevereiro é Joyland, lançada em 2013 e trazida pelo Brasil pela editora Suma de Letras, parceira de longa data do King. Em minha opinião, é o livro mais "fora da curva" que li do King até então, um suspense investigativo com uma boa dose de humor e um final de partir o coração. Ao decorrer da resenha irei explicar com todos os detalhes, mas já adianto, foi uma das melhores leituras do autor que fiz em minha vida e super indico para todos, desde os leitores mais experientes até os que ainda não tiveram oportunidade de ler nada do autor.  

Vamos lá?

Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense
Páginas: 239
Sinopse: Carolina do Norte, 1973. O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer. Linda Grey foi morta no parque há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma. Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso. O assassino ainda está à solta, mas o espírito de Linda precisa ser libertado - e para isso Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença séria. O destino de uma criança e a realidade sombria da vida vêm à tona neste eletrizante mistério sobre amar e perder, sobre crescer e envelhecer - e sobre aqueles que sequer tiveram a chance de passar por essas experiências porque a morte lhes chegou cedo demais. 


Uma coisa ninguém pode negar: King é profissional e sabe exatamente o que faz. O autor já assinou e publicou mais de 40 livros e é reconhecido mundialmente por suas histórias que já serviram de inspiração para diversos filmes e séries. Alguns de seus leitores mais exigentes dizem que o mestre do terror foi perdendo a mão com o passar dos anos e suas histórias lançadas após os anos 2000 não fazem jus ao imenso legado de King. Eu, em minha opinião, discordo totalmente. King, com o pasar do tempo foi se adaptando e se modernizando e fica nítida a diferença de escrita entre suas obras, entretanto, sem perder a qualidade e as características marcantes que consagraram seu nome.

Foto: Gabriel Ferrari

Em Joyland somos levados até o verão de 1973 em que o jovem e carismático Devin Jones aceita trabalhar em um parque localizado na costa da Carolina do Norte em busca de um graninha extra durante as férias de verão da faculdade, além de ser uma ótima maneira de distrair a cabeça e curar seu coração partido após levar um fora de sua ex namorada. Rapidamente o rapaz se dá muito bem com os funcionários e com o emprego e o jovem solitário vê em Joyland seu lar. Como todo parque de diversões que se preze, há uma antiga lenda urbana que ronda o lugar. Segundo funcionários e moradores do local, uma jovem foi assassinada em uma das atrações do parque, a Horror House, uma espécie de trem fantasma. Seu corpo foi encontrado, mas dizem que o espírito da jovem permanece no local assombrando alguns visitantes. Devin se vê envolvido no mistério e junto com seus amigos resolvem investigar para determinar o que de fato aconteceu com Linda Gray e descobrir a identidade do assassino, que segue foragido até os dias de hoje.

King possui uma escrita muito particular com características que incomodam diversos leitores: Uns não gostam exatamente pelo autor abusar de descrições e estruturas de linguagem complexas que exigem a máxima atenção de quem está lendo. Há quebras constantes de narrativa, viagens temporais entre períodos específicos e alguns dizem que o autor consegue ser extremamente prolixo em suas obras. Grande parte dos seus livros também são imensos e contam com mais de 800 páginas (arredondando por baixo). Se você é uma dessas pessoas, eis aqui uma boa notícia: Nesse romance, o autor vai totalmente fora da curva e Joyland é composto por apenas 247 páginas, sem as já longas e detalhadas descrições características de King. A escrita em si me surpreendeu demais por ser "crua" e sem rodeios e King abriu mão de diversos recursos para a criação de uma narrativa rápida, fluída e altamente imersiva. A história de Joyland é sobre tristeza, amor e perdão, sobre se encontrar e buscar o caminho certo para a vida. Poucos livros me causaram tanta reflexão acerca desses temas e a história consegue ser extremamente humana e avassaladora  e bato palmas para o King por conseguir em tantas poucas páginas criar um conteúdo tão amplo e tão bem escrito.

Quando se tem vinte e um anos, a vida é um mapa rodoviário. Só quando se chega ao vinte e cinco, mais ou menos, é que se começa a desconfiar que estamos olhando o mapa de cabeça para baixo e, apenas aos quarenta temos certeza absoluta disso. Quando se chega aos sessenta, vai por mim, já se está completamente perdido.

Quem nunca ouviu falar de Pennywise? O terrível palhaço devorador de criancinhas é apenas uma das criações mais macabras e assustadoras saídas diretamente da cabecinha do King. Conheço pessoas que possuem muita de vontade em ler algo do autor, mas morrem (me perdoem pelo trocadilho) de medo de obras de terror. Eu não os julgo, já não sei quantas vezes perdi o sono por causa deles. Contudo, tenho outra boa notícia para vocês, sigam meu conselho e leiam Joyland. A história, apesar de possuir esse lado de assombração e sobrenatural, é totalmente focada na investigação e do suspense do que o terror em si. Confesso que esperava mais "participação" do fantasma da menina, porém, é algo que não faz falta alguma para a narrativa. Com exceção de uma ou duas cenas que podem causar medo, o livro é super tranquilo de ser ler e categorizo Joyland como um thriller investigativo. É nesse ponto em que eu não dei cinco estrelas para a história: (e torno a frisar: é o única coisa que mudaria no livro). Como amante do gênero de terror, esperava uma grande história do gênero lançada por King em um parque diversões, ambiente super propício para a criação de uma história macabra. Não esperava que o livro fosse seguir para esse lado investigativo e não significa que essa mudança torne o livro ruim: Muito pelo contrário. Joyland é uma obra incrível que contém uma narrativa incrível e personagens arrebatadores. O fato de não possuir muito terror é apenas uma impressão pessoal minha, mas que de forma alguma tira o brilho da história.

Foto: Gabriel Ferrari


A história de Joyland é construída como se fosse uma espécie de diário, em que um Davin já idoso e saudosista retorna ao auge dos seus 21 anos para contar a história do verão de 73 em que passou em Joyland. O resultado é uma narrativa cercada de momentos de reflexão feitas pelo protagonista e o livro é MUITO nostálgico. Por diversos momentos, Davin levanta questionamentos sobre a vida, amor, perda, solidão, entre outros. King soube escrever algumas passagens bem interessantes e altamente delicadas, o que torna o livro ainda mais gostoso de ler. A ambientação do livro é fantástica, assim como os personagens secundários que ajudam Devin a resolver o mistério. A sensação que tive era de estar assistindo um episódio Scooby Doo, enquanto seus amigos tentam desvendar a identidade do homem por trás da máscara de monstro. 
Algumas pessoas escondem suas verdadeiras personalidades, querido. Às vezes, dá pra perceber que estão usando máscaras, mas nem sempre. Até pessoas com intuições poderosas podem ser enganadas.


Apesar do livro ser todo voltado para o suspense por trás da identidade do assassino do trem fantasma, como o mesmo foi carinhosamente apelidado, o final do livro é arrebatador e incrivelmente triste. Apesar de amar os livros de King, tenho minhas ressalvas com relação aos finais que ele escreve para as suas histórias. Já em Joyland foi perfeito e caiu como uma luva, um final simples, delicado e de partir o coração. Para mim a obra demonstra o talento do autor em escrever histórias que sigam por vertentes distintas, diferentes de seus livros de terror. Finalizei a leitura de Joyland com lágrimas nos olhos e coração apertado. Joyland é aquele tipo de livro que você quer degustá-lo lentamente, mas a leitura é tão envolvente que você não consegue largar e, quando você acaba, se arrepende por ter lido tão rápido. Fevereiro não foi um mês muito bom e desculpem o termo, mas só li porcarias. Ainda bem que o King veio em seu cavalo branco pra me salvar e Joyland com certeza é uma história que conseguiu um pedacinho do meu coração. 


Nota: 4,5/5,0


É isso, pessoal! O mês dois do desafio foi concluído e agora estou buscando a leitura para o mês de março. Você que gosta do King, tem algum para sugerir? Conta aqui pra mim nos comentários. Vamos fazer esse desafio juntos. :)

Nós vemos qualquer dia desses por aí e boas leituras para todos nós.

Compre Joyland: Amazon


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10 comentaram

  1. Oi,tudo bem ?

    Confesso que ainda não li nada do King por ser um pouco medrosa, porém toda a proposta do Joyland me chamou bastante a atenção e pretendo ler ele em breve. Gostei bastante da sua resenha, me encantou bastante com sua sinceridade e avaliação, além de ressaltar bem os pontos fortes da obra.

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    1. Olá, tudo bem e com você?

      Exatamente, eu conheço muitas pessoas que, assim como você, querem ler algo do King, mas não gostam de obras de terror. Por isso Joyland é tão bom, pode ler sem medo que não vai se arrepender!

      Obrigado por seu comentário, fico feliz que tenha gostado. ♥

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  2. Oiii, eu não li tantos livros do King, mas dos que eu li posso afirmar que a escrita deste homem é sensacional. Adoro essa narrativa detalhada e cheia de vida que ele traz em suas páginas, sinto o cheiro do local, vivo a sensação da personagem e acho tudo muito fluido. Tenho uma enorme vontade de ler este livro justamente por fugir de certas questões que estamos acostumados em outras obras do autor. Amei a resenha e suas impressões!

    Bjokas!!!
    http://cronicasdeeloise.blogspot.com/

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    1. Oi, Elô!

      Nem me fala, eu amo quando o King lança um livro de 800 páginas! Hahahahah, inclusive está na minha lista de leituras futuras A Dança da Morte e estou LOUCO pra ler!

      King é maravilhoso em todos os sentidos, que bom que compartilhamos do mesmo amor. ♥

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  3. Oi Gabriel.
    Até o momento só li It do King, então não tenho muita coisa para indicar. Mas o filho dele, Joe, escreve muito bem, então acho que posso burlar as regras e te indicar Mestre das Chamas dele que é muito legal.
    Adorei sua resenha. Joyland é um dos livros que está na meta, e mesmo com as falhas ressaltadas não perco a vontade de ler. Amo essas narrativas mais densas.
    Beijos;
    Fantástica Ficção

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    1. Oi, Jessica!

      Ahhhh, eu amo quando me indicam livros. Não li muita coisa do Joe, além de O Pacto, mas já está anotada a sua indicação, pesquisei e adorei a sinopse. Uma família talentosa é outro nível, não é? Hahahahah

      Que bom que gostou, fico feliz. Tenho certeza que não vai se arrepender de ler Joyland. Depois me conta o que achou! ♥

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  4. Caramba, que resenha incrível e detalhada! Amei! Ainda não li Joyland, mas dentre os livros mais recentes do King li Doutor sono e também senti muita diferença na escrita do autor. Parece que ele ficou mais sucinto mesmo e pesou bem menos no terror, o que eu também estranhei um pouco, mas acabei gostando. Também acho que ele migrou mais pro thriller, o que não é ruim, mas sdds terrorzão. xD Mesmo tendo esse clima diferente também, tenho vontade de ler Joyland. Bom que é curtinho, rsr.

    Beijos,
    Isa
    taglibraryisa.blogspot.com

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    1. Ei, Isa! Muito obrigado, fico muito feliz que tenha gostado da resenha, de verdade mesmo.

      Eu estou com alguns livros recentes do King aqui pra ler, inclusive Outsider que quero muito ler, mas pesquisei e parece que preciso ler a trilogia iniciada por Mr. Mercedes pra entender algumas coisas da leitura.

      Outro livro que me chama muita atenção do King mas que ainda não consegui comprar é Duma Key. Vamos ver se encaixo nas minhas metas esse ano. Hahahahah

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  5. Olá, eu só li um conto do famoso King até agora, confesso que pensei que iria morrer de medo, pois não curto terror e por incrível que pareça não senti medo algum.
    Vou ler mais alguns contos do autor para ver se me identifico mais, pois não senti emoção nenhuma com a escrita dele,Bjus.

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    1. Olá, obrigado por seu comentário! Qual foi o conto que você leu?

      King é de extremos, existem algumas histórias que focam muito mais em um terror psicológico do que terror em si, como por exemplo o seu livro de contos Escuridão Total Sem Estrelas.. É um livro bem morno e contos que fogem muito do estilo habitual do King.

      Tenha um bom final de semana!

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