Desafio King: Sobre a Escrita

by - fevereiro 11, 2019

Foto: Gabriel Ferrari
Olá, pessoas, tudo bem com vocês?

Antes de iniciarmos a resenha de hoje, me digam: Gostaram do novo visual do site? Lembrem-se que sugestões e críticas são sempre bem vindas e adoramos ouvir a opinião de vocês. Por conta dessas mudanças que foram feitos no site, combinei com a Cecis e trocamos os dias das postagens. Excepcionalmente hoje, início de mais uma semana estou aqui para trazer uma resenha super legal e contar um pouco sobre o Desafio King do qual estou fazendo parte esse ano. 

Vocês se lembram quando eu trouxe, ainda em janeiro, um post compartilhando com vocês uma parte da minha meta literária para 2019? A mesma se encontra com um pouco mais de 60 livros e como sou um leitor de respeito que ama se enganar, ainda resolvi entrar num clube de leitura e, no meio de tantas outras coisas, ainda preciso arranjar tempo pra finalizar o tão temido TCC. Como se não bastasse, ainda inventei mais uma: O Desafio King. Eu sei, ele não é relativamente novo na internet e diversos leitores já o fizeram mundo a fora. O desafio, basicamente, consiste em ler ao menos um livro do King por mês, de janeiro a dezembro, totalizando 12 obras. Todos sabem o quanto me inspiro no King em minha vida literária e amo de verdade seus livros, porém, até o presente momento, li muito pouco sobre o grande mestre do terror. Com o intuito de mudar essa realidade, resolvi fazer esse desafio e expandir o meu acervo pessoal do autor e escolhi para janeiro nada mais que Sobre A Escrita: A Arte em Memórias, uma espécie de autobiografia e manual para autores de primeira viajem. Supostamente esse texto era para ter sido escrito mês passado, mas por conta de alguns imprevistos, precisei lançá-lo somente agora, contudo, meu objetivo é trazer sempre no último sábado de cada mê a resenha do livro escolhido. Fiquem ligados que em fevereiro irá sair certinho, não se preocupem.

Recados dados, desafio explicado, layout novo apresentado. Acho que cumprimos todas as obrigações e agora podemos partir para o que interessa. Uma coisa já adianto: O livro é maravilhoso e já iniciei o desafio com o pé direito.

 Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 255
Gênero: Não Ficção, Autobiografia
Sinopse: Sobre a escrita - A arte em memórias é uma obra extraordinária de um dos autores mais bem-sucedidos de todos os tempos, uma verdadeira aula sobre a arte das letras. O livro também não deixa de lado as memórias e experiências do mestre do terror: desde a infância até o batalhado início da carreira literária, o alcoolismo, o acidente quase fatal em 1999 e como a vontade de escrever e de viver ajudou em sua recuperação. Com uma visão prática e interessante da profissão de escritor, incluindo as ferramentas básicas que todo aspirante a autor deve possuir, Stephen King baseia seus conselhos em memórias vívidas da infância e nas experiências do início da carreira: os livros e filmes que o influenciaram na juventude; seu processo criativo de transformar uma nova ideia em um novo livro; os acontecimentos que inspiraram seu primeiro sucesso: Carrie, a estranha. Pela primeira vez, eis uma autobiografia íntima, um retrato da vida familiar de King. E, junto a tudo isso, o autor oferece uma aula incrível sobre o ato de escrever, citando exemplos de suas próprias obras e de best-sellers da literatura para guiar seus aprendizes. Usando exemplos que vão de H. P. Lovecraft a Ernest Hemingway, de John Grisham a J. R. R. Tolkien, um dos maiores autores de todos os tempos ensina como aplicar suas ferramentas criativas para construir personagens e desenvolver tramas, bem como as melhores maneiras de entrar em contato com profissionais do mercado editorial. 

Gente, vocês não tem noção de quantos livros já comprei em meio as promoções que encontramos em livrarias e sites por aí. Eu tento sempre ao máximo ler assim que eu os compro justamente para não ficarem mofando na estante, mas são tantas promoções que não tem como não aproveitar (depois me perguntam porque vivo sem dinheiro). Tais livros se acumulam na estante e nunca foram lidos. O livro do King foi exatamente um desses casos e resolvi justamente começar o desafio por Sobre A Escrita, que, além de ser muito bem elogiado pela crítica e fãs do autor, seria uma ótima oportunidade de desencalhá-lo da estante. Foi uma experiência riquíssima e até inusitada, eu diria. Estamos acostumados com as histórias densas e cheias de significado de King, mas o autor nunca soou de maneira tão casual e livre. Foi profundamente gratificante conhecer esse lado de um dos nomes mais influentes do século e não fazia ideia que o mestre do terror possuía um senso de humor tão ácido. 

Quando você  escreve, está contando uma história para si mesmo. Quando reescreve, o mais importante é cortar tudo que não faz parte da história. 

Para vocês terem noção, o livro recebeu o prêmio Bran Stocker na categoria de melhor obra de não ficção. Fazem anos que eu não leio nada do gênero, geralmente costumo achar obras do tipo massantes, porém, a maneira com que King escreve é tão envolvente que consegui terminar o livro em apenas uma tarde, apesar da edição contar com mais de 200 páginas. Ao longo dos capítulos, King praticamente conta a sua vida em detalhes, como a infância em que passou com seu irmão, os episódios de solidão e ausência da mãe que trabalhava exaustivamente para dar uma boa vida aos seus filhos, seus primeiros trabalhos e todas as vezes que uma revista ou jornal recusava um seus textos, o terrível acidente sofrido por ele enquanto escrevia Sobre A Escrita e a entrada no mundo sombrio das drogas e do álcool. Todos esses eventos são narrados pelo autor intercalando-os com dicas sobre a escrita e todo o processo que King utiliza na construção das suas histórias: Criação de enredos, construção de diálogos, a forma de criar personagens e diversos outros detalhes que dão vida às famosas histórias que encontramos pela livraria mundo a fora.

Foto: Gabriel Ferrari

Stephen King é um dos homens mais fascinantes que já passaram por nosso mundo e não é à toa que o mesmo é chamado como o mestre por outros monstros da literatura mundial. Quem nunca se perguntou como King cria suas histórias mirabolantes e macabras? Como surgiu o Pennywise, o palhaço demoníaco de IT, a Coisa? Quem serviu de inspiração para Anne Wilkes, a enfermeira obsessiva de Misery? Quais foram as ideias principais para a criação de Carrie? Como ele escreveu O Iluminado? O livro é, sem sobra de dúvidas, um presente para os fãs e prato cheio para aqueles que, assim como eu, se interessam por seu legado literário. Eu sempre me perguntei esse tipo de coisa e saber que havia um livro escrito pelo próprio autor contendo essas e outras respostas, eu automaticamente me vi na obrigação de comprar. Entrar na mente do King não é fácil, mas ele consegue quase didaticamente passar seus ensinamentos, tudo com muito bom humor e simplicidade. Eu perdi a conta de quantas anotações fiz ou o número de passagens marcadas no livro com post-its. King nos dá uma aula com dicas incríveis e creio que não há no mundo aula de escrita ou curso sobre o assunto que ensine da maneira como ele fez.

A escrita não é para fazer dinheiro, ficar famoso, transar ou fazer amigos. No fim das contas, a escrita é para enriquecer a vida daqueles que leem seu trabalho, e também para enriquecer sua vida. A escrita serve para despertar, melhorar e superar. Para ficar feliz, ok? Ficar feliz.

Como disse acima, o livro é uma espécie de autobiografia, além de abordar o processo criativo e literário do King. Obviamente, o autor foi mudando e se adaptando de acordo com as experiências vividas que influenciaram diretamente na sua forma de escrever, criar e contar histórias. O autor inicia a narrativa do livro contando sobre sua infância pobre em que a mãe se dividia entre empregos para sustentar King e seu irmão. Ainda na infância, ele começava a dar seus primeiros passos no mundo da literatura e foi a partir de sua adolescência que Stephen passou a enviar suas histórias para jornais e revistas locais, sendo rejeitado em quase todas as vezes. Aos poucos vamos conhecendo suas motivações por trás de cada livro e como foi a experiência do autor ao escrever as histórias que se tornariam grandes clássicos da literatura. 

King consegue ser extremamente carismático e é uma delícia ler suas dicas sobre produção, mercado editorial e sobre o que não fazer em um livro. Seu senso de humor é cativante e por diversos momentos há piadas ácidas ou alfinetadas sobre algum polêmico envolvendo algumas de suas histórias quase sempre ambientadas no Mane. Aos poucos vamos fazendo conexões sobre o vasto universo criado por King e é realmente legal ver que as coisas estão realmente conectadas. Poucos autores conseguiriam criar tantos livros que se completam de alguma forma sem cometerem deslizes ou ficar chato. Definitivamente Stephen é um deles. O livro também coloca em evidência a relação de King com sua esposa Thabita, sua companheira e que sempre esteve ao seu lado durante todo os momentos de sua vida, inclusive os ruins, como os problemas com drogas e bebidas do autor e o terrível acidente de carro em 1999 enquanto escrevia esse livro. O autor não tenta mascarar nada e trata com muita naturalidade e objetividade e traz uma visão até positiva dos eventos, pois segundo ele, foram os responsáveis por transformá-lo no homem/autor que ele é hoje.

Histórias são relíquias, parte de um mundo pré-existente ainda não descoberto. O trabalho do escritor é usar as ferramentas que tem na caixa para desenterrar o máximo de histórias que conseguir, tão intactas quanto possível. Às vezes o fóssil encontrado é pequeno; uma concha. Às vezes é enorme, como um Tyrannousaurus Rex com aquelas costelas enormes e aqueles dentes sorridentes. Seja o que for, uma história curta ou um romance colossal de mil páginas, as técnicas de escavação continuam sendo basicamente as mesmas.

Repleto de curiosidades, dicas e informações riquíssimas, Sobre A Escrita se credencia como um dos melhores livros que já li. É um livro leve, rápido e muito envolvente, além de ser muito fascinante ler sobre uma das maiores mentes que já existiram. Ah, e caso vocês também se interessem, o King disponibiliza no final do livro duas páginas contendo nomes de obras que ajudaram muito a formar seu lado de escritor e a melhorar seu processo de escrita, além de serem suas obras favoritas.Que aula, senhoras e senhores! Que aula de escrita e de humanidade. Super indico não só para os fãs do autor, mas para todos aqueles que sonham em serem escritores. O conteúdo desse livro é ouro puro.

Nota: 4,0/5,0  

Bom, gente, eu acho que vou encerrar por aqui antes que o texto se torne muito grande. Espero que tenham gostado da nova carinha do Cores e do desafio King. Não posso dizer muito ainda, mas aguardem que muitas novidades outras novidades virão. Vai ser imperdível! 

Até qualquer hora dessas!

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