Tempo de Luz | Resenha

by - agosto 05, 2019


Ei! Tudo bem?
Espero que sim :)

Quando é para falar sobre livro, fotografia e Paris de uma só vez eu fico até perdida de tanta alegria que transborda de mim. E hoje é dia de fazer isso, falar sobre Tempo de Luz, o livro de estréia da Whitney Scharer que vai ficcionalizar uma história real sobre uma fotógrafa que vive em Paris durante a Segunda Guerra Mundial, meu tema de história favorito.

Autor(a): Whitney Scharer
Editora: Intrínseca
Gênero: Romance, Romance Histórico
Páginas: 384
Sinopse: Quando chega a Paris, Lee Miller está disposta a dar início à carreira como fotógrafa. Modelo de sucesso em Nova York, ela não queria mais ser o objeto de lentes alheias e se sentia pronta para mostrar o mundo sob a própria perspectiva. Eis que o ambiente boêmio da cidade propicia um inusitado encontro com Man Ray, dando início a uma história de amor, amadurecimento e descobertas que transformará a vida dos dois. Mais velha, morando em uma fazenda em Sussex, Lee entremeia suas memórias do tempo em que morou em Paris com as reminiscências dos anos sombrios, porém produtivos, em que atuou como correspondente fotográfica durante a Segunda Guerra Mundial. No livro, Whitney Scharer mostra também um lado desconhecido de Man Ray, como amante e mentor. Em um ambiente livre e artístico, porém sexista, ele e seu círculo de amigos famosos não levam o trabalho das mulheres a sério, fazendo com que Lee reflita sobre suas próprias questões e talentos. A ficcionalização brilhante de Scharer de um casal icônico torna essa história surpreendente, mostrando as nuances e ambiguidades do processo artístico.

Man Ray e Lee Miller
Lee Miller, em 1966, estava vivendo com Roland Penrose em sua fazenda no Sussex. Ainda escrevia para a Vogue e um dia recebeu em sua casa sua chefe, que propõe que se aventure a escrever uma nova história: a história de sua vida ao lado de Man Ray (fotógrafo, pintor e cineasta). Os dois viveram juntos em Paris depois de Lee ter decidido ir atrás de Man para entender melhor sobre fotografia, já que a mesma queria acabar com sua carreira como modelo e iniciar como fotógrafa.

A história, que é dividida em duas partes, volta ao passado de Lee com uma narração em terceira pessoa para contar de maneira ficcional os eventos do casal que além de terem descoberto técnicas importantes para a fotografia foram relevantes para o movimento surrealista.

Man Ray e Lee Miller

Lee Miller por Man Ray
Tempo de Luz vai focar, mesmo que tenha bastante ficção, na história de Lee Miller. Sua carreira de modelo a fotógrafa, seus trabalhos no cinema e até seu tempo como correspondente de guerra, na Segunda Guerra Mundial. Whitney Scharer, autora do livro, leva o leitor ao lado feminino de Miller, deixando claro sua força e ao mesmo tempo sua fraqueza em diversos momentos da vida, principalmente com Man Ray.

Man é o ponto da obra, pois a história se desenvolve com a narração sobre o tempo em que Lee aprendeu muito sobre fotografia com ele. Porém, eles tiveram um longo relacionamento e o livro vai contar desde a ascensão dessa relação até o fim da mesma, os motivos para os dois terem se afastado.

Esse é um livro que é uma grande construção, por isso escrever essa resenha foi bastante complicado. A primeira coisa que eu quis fazer foi, de alguma forma, expôr as obras dos dois protagonistas, já que eles existiram e tem extrema importância para a arte no geral. Como Scharer detalha os acontecimentos para cada foto tirada, foi fácil fazer uma pesquisa básica sobre a história dos dois e achar algumas fotografias, mas o que eu queria destacar é a mesma coisa que a autora destaca em seu livro: a história apaga as mulheres.

Achar qualquer informação sobre Lee Miller é muito complicado, achar informações sobre Man Ray ou Lee Miller com Man Ray é muito mais fácil. Eles trabalharam em conjunto por muito tempo, o que fica bastante claro durante o livro de Scharer, porém, muitos créditos foram dados a apenas ele. O próprio Man fez alguns esquemas para apagar a imagem de Lee em alguns momentos. Entretanto, mesmo que eu queira falar muito sobre isso, esse é o papel de Tempo de Luz. Se vocês quiserem mais informações sobre a Lee o seu filho fez um site em sua homenagem, vocês podem saber mais clicando aqui e podem ver mais fotos aqui.

Segunda Guerra por Lee Miller
Voltando ao livro.
Como eu disse, Scharer acaba mostrando ao leitor como o tempo apaga a história de mulheres importantes. Isso fica perceptivo pela própria Lee, que está tentando achar um espaço para suas fotos em um ambiente que é muito machista. Ela conhece ao logo de sua jornada em Paris outras mulheres que também estão tentando encontrar um meio de ascensão, elas não conseguem ou demoram muito mais do que os homens, mesmo com trabalhos melhores.

Se não bastasse Scharer conseguir trabalhar o feminismo de forma leve e até implícita de forma brilhante, ela consegue prender o leitor em uma história que não tem nada. Essa é a verdade, Tempo de Luz conta a história de um casal que começou a viver em seu próprio mundo e criou uma relação tóxica em que ambos não conseguiam sair. A obra intercala com momentos do futuro em que Lee está em algum lugar da Europa reportando algum evento importante da Segunda Guerra, mas tirando isso, esse é um livro completamente linear e impossível de largar.

Essa ansiedade que vai sendo criada durante a obra pelo leitor é por querer respostas, querer saber o motivo do relacionamento de Lee e Man ter acabado, como os eventos se desenrolaram e como Lee conseguiu espaço em um meio machista. Então a história só funciona, porque Scharer sabe como lidar com ela.

Lee Miller por Man Ray
Além disso, esse é um livro artístico e palpável. A melhor coisa que eu fiz ao finalizar a leitura foi ver as fotos que Lee e Man tiraram, porque a autora falou sobre todas essas fotos que estão em domínio público, então ao vê-las foi como se a história tivesse se encaixado. Eu também sou muito interessada por livros que se ambientam em períodos históricos importantes, então tanto o Entre Guerras quanto a Segunda Guerra Mundial ganham espaço no livro e o leitor pode adquirir mais conhecimento sobre os eventos. Por esses motivos e pela escrita fluída e cativante de Scharer que eu poderia passar horas falando sobre como ela é uma excelente escritora.

Fazia muito tempo que eu não terminava uma leitura com o coração preenchido e eu só tenho a agradecer por essa obra ter parado em minhas mãos.

De alguma forma, o relacionamento bizarro que Lee e Man criam faz com que você fique vidrado na história e, por isso, eu não poderia indicar outro livro se o que você quer é uma história grandiosa, artística, histórica e feminista!

"Ela acena de volta, sentindo o que esperava sentir desde que saiu de Nova York, que conseguiu dar início a algo bom."

Nota: 5/5 ♥ 
*Livro cedido em parceria com a Editora* 

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Um beijo e paz no coraçãozinho de vocês! ✩

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6 comentaram

  1. São muitos elogios em um lugar só! que isso!!!
    Eu estudei sobre Man na época da faculdade, genial. Mas nunca me aprofundei e olha, fiquei curiosa agora!!

    osenhordoslivros.wordpress.com

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  2. Oi Cecília.
    Minhas obras favoritas costumam abordar temas para alem de simplicidades. Tempo de Luz seria o tipo de narrativa que eu iria gostar pela pluralidade e pela maneira com o qual ele apresenta seu romance. Em tempos onde confiança e mulheres estão ameaçadas, ver isso sendo explorado é mesmo genial.
    Espero poder ler em breve
    Beijos.
    Fantástica Ficção

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  3. Olá, esse já vai para minha lista, pois são dois temas que amo num mesmo lugar: fotografia e Segunda Guerra. Menina que resenha, parabéns! Acredito que foi difícil escreve_la mesmo. Bjocas e uma ótima semana.

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  4. Olá!

    Eu adorei conhecer mais sobre esse livro, parece ser ótimo e trazer muitos em suas páginas. Muita reflexão e muito entretenimento.

    Adorei sua resenha!

    beijos,
    Blog Diversamente

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  5. Oi.
    Primeiro: AMEI O POST.
    Segundo: lá quero o livro para ontem <3
    Gosto muito de romances que abordaram períodos históricos importantes, e se envolve fotografia então <3, me apaixono, tenho certeza que irei amar esse livro. Recentemente li "Wonder Woman", que retrata mulheres que tiveram grande contribuição na área da ciência e tecnologia e foram ignoradas - tema que precisa sim ser explorado.
    Amei a dica. obrigada. Beijos.

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  6. Oi, Ceci! Eu não conhecia esse livro ainda, mas fiquei muito surpresa com a sua resenha. Eu também adoro histórias sobre ou que se passam na Segunda Guerra Mundial, mas gosto ainda mais de obras que retratam a sensibilidade e a vulnerabilidade de um relacionamento, seja ele amoroso ou não. Fiquei muito curiosa para conhecer essa história, vou até acrescentar à lista de desejos. Adorei a resenha! Obrigada pela recomendação valiosa <3 Bjs.

    http://abducaoliteraria.com.br/

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