As Coisas que Fazemos por Amor | Resenha

by - outubro 23, 2017

Foto: Cecília Justen

Ei! Tudo bem?

Começar a escrever essa resenha é uma emoção só, assim como esta obra maravilhosa. Esperava muito quando comecei a ler, mas não sabia que iria ganhar tanto.

Então é com o coração na mão que eu escrevo para vocês um pouco sobre o que senti enquanto lia a nova obra de Kristin Hannah, publicada pela Editora Arqueiro em Setembro. 

Sinopse: Caçula de três irmãs, Angela DeSaria já tinha traçado sua vida desde pequena: escola, faculdade, casamento, maternidade. Porém, depois de anos tentando engravidar, o relacionamento com o marido não resistiu, soterrado pelo peso dos sonhos não realizados. Após o divórcio, Angie volta a morar na sua cidade natal e retorna ao seio da família carinhosa e meio doida. Em West End, onde a vida vai e vem ao sabor das marés, ela conhece a garota que mudará a sua vida para sempre. Lauren Ribido é uma adolescente estudiosa, bem-educada e trabalhadora. Apesar de morar em uma das áreas mais decadentes da cidade com a mãe alcoólatra e negligente, a menina sonha cursar uma boa faculdade e ter um futuro melhor. Desde o primeiro momento, Angie enxerga em Lauren algo especial e, rapidamente, uma forte conexão se forma: uma mulher que deseja um filho, uma menina que anseia pelo amor materno. Porém, nada poderia preparar as duas para a repercussão do relacionamento delas. Numa reviravolta dramática, Angie e Lauren serão testadas de forma extrema e, juntas, embarcarão em uma jornada tocante em busca do verdadeiro significado de família.


Foto: Cecília Justen

Páginas: 352 | Autor(a): Kristin Hannah | Editora: Editora Arqueiro | Gênero: Romance

Angela DeSaria, ou simplesmente Angie, está passando pelo momento mais complicado de sua vida até então. Além de lidar com a morte do pai e das milhares de tentativas falhas de engravidar ou adotar uma criança, ela precisa lidar com o divórcio. Assim então, vendo como a melhor forma de se ver livre de sua dor, Angie decide voltar para sua cidade natal e ficar no meio de sua família que precisa de uma enorme ajuda com o restaurante do pai que está falindo. 

Em descobrir formas de recuperar o maior bem da família DeSaria, Angie se joga a fundo em pesquisas para que o restaurante volte a ser movimentado. Na verdade, ela está tentando esquecer seus maiores conflitos no atual trabalho. Vendo que isto não seria o suficiente, Angela decide ajudar as pessoas mais necessitadas, nessas daí, acaba conhecendo a jovem Lauren Ribido, uma adolescente que vive com a mãe, porém luta todos os dias para conseguir manter a vida das duas, já que sua mãe é alcoólatra, negligente e sempre se esquece da parte mais importante da relação das duas: O amor. 

Nessa falta de carinho que Lauren possui e no excesso de amor de Angie, as duas encontraram um equilíbrio que falta na vida de ambas. Infelizmente, muitas coisas irão entrar no caminho das duas para testar o real significado de família, coisa que Lauren não teve coisa que Angie quer dar. Se não bastasse isso, Angie percebe finalmente que não perdeu apenas as tentativas de engravidar, ela perdeu o amor de sua vida no divórcio, e agora ela não sabe se será tarde demais para voltar atrás. Lauren, apesar de ter o amor de sua vida ao seu lado, David (seu namorado), ela ainda sente falta da pessoa que a criou, mesmo que tenha sido de uma maneira controversa.

"Não sabia bem quando aquele amor começara a ser insuficiente,quando ela começara a julgar a vida pelo que lhe faltava, mas ali estava o resultado. Era irônico, na verdade: o amor os pusera em busca de um filho e essa mesma busca acabara dilapidando a capacidade de se amarem."

Não sei o que escrever apenas sentir. Nunca foi tão difícil iniciar uma resenha, mas, felizmente, sei o motivo. Não sei como descrever todos os sentimentos maravilhosos e profundos que senti enquanto lia a obra. Normalmente, assim que termino a leitura, já começo a escrever para não perder as sensações e os fluídos de palavras, entretanto, depois de As Coisas que Fazemos por Amor, precisei de um tempo para respirar e, finalmente, iniciar essa resenha. 

Apesar de ser um livro linear, no caso, estou dizendo que não existe um plot, ou seja, uma reviravolta inesperada, Kristin consegue trazer uma expectativa digna de um autor de suspense. A todo o momento você está lá, querendo saber o próximo passo, o próximo capítulo, o próximo acontecimento, o que vai acontecer na vida de cada personagem para acabar no final da história. De verdade, eu sabia, de início, que não haveria uma reviravolta, mas tinha algo inexplicável que puxou a minha atenção até o livro. 

Escrevendo e pensando dessa maneira, consigo achar uma palavra para contar uma coisa relacionada à história: Inexplicável. É isso que o livro é, e não riem da minha cara, mas essa é a verdade, o livro é inexplicável, não é fácil achar formas de se explicar os sentimentos que você sente enquanto lê. Todavia, sei dizer a razão. Isso se deve ao fato das sensações serem muito pessoais. Ok! Sei que isso acontece em cada livro, ninguém sente da mesma maneira. Mas por exemplo, em As Coisas que Fazemos por Amor, tratamos de uma mãe imperfeita, que não sabe lidar com a vida que leva; também temos uma mulher que está passando por diversos conflitos internos, pois não consegue ser mãe; lidamos com uma adolescente que passa por questões da adolescência mais problemas em casa mais outros que não pretendo contar aqui; existem tantos outros, mas não pretendo ficar me alongando nesta parte, a questão é que os assuntos tratados são tão pessoais que cada um vai lidar de uma maneira, logo, não conseguiria explicar como seria a leitura para cada pessoinha que ler essa resenha. 

"- Você tem tanto amor para dar… - disse Mira afinal. - Deve ser doloroso oprimir isso o tempo todo." 

Sem enrolar muito nas questões gerais, preciso falar sobre os personagens, como sempre. Ignorando completamente as duas principais, Angie e Lauren, meu foco vai para os secundários, aqueles personagens que são feitos para completar a história e, isso não é diferente no livro de Kristin. A família DeSaria, por exemplo, é a família que eu queria ter. Eles são meio doidos, falam alto, comem bastante (inclusive, para eles a solução dos problemas pode ser achado na comida), se divertem, fazem fofoca, dão conselho sem serem pedidos, mas são carinhosos, amorosos e extremamente fofos uns com os outros. O real significado de família pode ser achado nos DeSaria. 

Falando em DeSaria, não poderia esquecer-se do pai de Angela, o personagem que não está na história fisicamente, mas está espiritualmente. Em cada membro da família, percebemos a presença do personagem que tem uma importância enorme. Eu senti a presença dele assim como Maria, mãe de Angela, falava que sentia. Quando alguém conversava com ele, mesmo que para uns parecesse uma fala com as paredes e, mesmo que ele não respondesse, era palpável o quão real parecia a presença dele na história. Ele não precisaria estar ali fisicamente para estar.

Além deles, temos Conlan, o ex-marido de Angie, que no primeiro capítulo eu achei que eu não fosse gostar muito dele, que eu iria torcer para que eles não ficassem juntos. Entretanto, foi logo no segundo ou terceiro capítulo que já fiquei me corroendo para que os dois pudessem voltar. No final, inclusive, roí as unhas para me conter em todos os momentos em que achei que o relacionamento poderia desandar mais ainda. Conlan não fora meu crush literário, confesso, mas eu descobri um amor diferente, eu era apaixonada pelo personagem que me parecia real, mas gostaria muito mais que ele ficasse com Angie e que eles finalmente tivessem o filho que eles tanto queriam, do que saísse da história para que nós pudéssemos ter um romance idealizado. 

Por fim, não poderia sair dessa parte sem falar sobre a mãe de Lauren. A construção dela foi sensacional! Enquanto você lê, você percebe que apesar de todas as ações revoltantes da mãe, em alguns momentos, eu senti que ela amava a filha. Ela, com os problemas no álcool, nos relacionamentos que não vão para frente e na frustração de ter tido uma filha tão nova e não ter conseguido realizar seus maiores sonhos, fez com que eu entendesse outro ângulo dos problemas com alcoolismo. Kristin foi genial na montagem dessa personagem, que não é vaga, é repleta de interpretações que vão te deixar com raiva, com pena, com remorso e mais um misto de sensações. 

Foto: Cecília Justen

O que eu mais gostei na obra foi o tema central. Tratamos de amor o tempo todo, mas não é o amor entre um casal, mas sim entre mãe e filha, ou o início dessa relação, e o amor nas relações entre humanos. Lauren é triste e vê no seu relacionamento com David sua maior fonte de energia. A adolescente precisa trabalhar há todo momento para conseguir pagar o aluguel do apartamento que ela mora com a mãe, já que a mesma não trabalha. Lauren é uma adolescente que tem responsabilidades de adulto, mas a única coisa que ela quer é se formar e passar para uma faculdade. O poder que Kristin tem na escrita, mostra o motivo de ela ser a rainha dos romances, esse poder faz com que a gente sinta o máximo possível da dor de Lauren e de tudo o que ela sofre todos os dias acreditando que em algum momento sua mãe vai entender o real mundo em que elas vivem e elas irão à igreja juntas, por exemplo. 

Falando em poder de escrita, no final do livro, temos uma entrevista feita com a autora, e ela mesma diz que a personagem mais difícil de escrever foi a Angie e, eu entendo completamente. Angela tem uma dor incomum. Ela quer ser mãe, mas não consegue engravidar, quer voltar com o amor de sua vida, mas não sabe se conseguirá perdão, ela vive em um momento que não consegue sair, e o que ela mais quer é se ver livre disso. Então todos os seus momentos de superação, são momentos lindos, de pura alegria. Por exemplo, quando Angie aceita que sua irmã está grávida, mas não se sente tão mal, assim como ela, você quer sair pulando por aí pela conquista incrível que ela acabara de fazer.

"Lá estava o cerne da questão, o que a incomodava. Fazia tanto tempo que era solitária, e agora - de forma irracional - sentia que era parte de um lugar. Mesmo que isso não fosse de todo verdade - e não devia mesmo ser -, com certeza era melhor do que o vazio de sua dura realidade."

Esta obra que é uma filosofia só, me encantou do início ao fim. Gostaria de falar muito mais sobre ela, mas sei que isso não será possível. Entretanto, pedir para que mais pessoas conheçam a história não é impossível. De verdade, se você tiver a oportunidade, leia As Coisas que Fazemos por Amor, isso se você quiser embarcar em uma história profunda, cheia de sentimentos, de amor e de dor. Kristin consegue captar todo o sofrimento, emoção e felicidade que uma família pode ter, ela consegue botar à prova todas as questões que mais afligem a família em questão. 

Esteja preparado para todas as emoções possíveis, para ler sobre a superação linda de Angie e para ler a construção de Lauren na própria vida que, até então, ela não conhecia direito. 

Com uma escrita suave, leve e fluída, Kristin Hannah escreve sobre tudo, mas sempre voltando ao tema família. Li uma vez que ela iria me tocar no ponto mais sensível, bom, já posso dizer que isso é verdade e também digo que não poderia ser atingida por uma história melhor de um jeito tão bom. 

Um livro que mostra a mudança de personagens, que fala como isso é importante e necessário, estando tudo bem então. Entendo então que a mudança é sempre bem-vinda, assim como essa obra. 

"A vida da um jeito de seguir em frente, e a gente faz o melhor que pode para acompanhar o fluxo. O coração partido se cura. Como qualquer ferimento, fica uma cicatriz, uma lembrança, porém esmaecida. De repente você percebe que passou uma hora sem pensar a respeito, depois um dia..."

Nota: 5/5 ♥

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Um beijo e paz no coraçãozinho de vocês! ✩

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23 comentaram

  1. Ahh eu amei, não sabia que era tão intenso assim. Já tinha visto esse livro mas até então não tinha despertado interesse. Depois de ler sua resenha fiquei muito curiosa, parabéns :D

    https://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/

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    1. Ei, Monyque!

      O livro é realmente intenso e profundo, fico muito feliz em saber que com a minha resenha te despertei o interesse :)

      Beijos!

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  2. Oi Cecília. Super te entendo quando o livro vem assim, tão intenso. Eu passo por isso sempre que leio assuntos pesados, seja violência doméstica,estupros, depressão, etc. Esse livro é muito intenso, só pela sua resenha, deu pra saber como a personagem se sente. Vou colocar na minha lista de desejo, porém, ao ler, tenho que estar preparada.

    Beijinhos, Jenni.

    Sinopsedoslivrosjenni.blogspot.com

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    1. Ei, Jenni!

      Esses livros intensos sempre deixam a gente com mais amor por esse mundo da literatura, né?! Fico feliz em saber que a obra tenha te dado interesse, espero que você goste :)

      Beijos!

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  3. Oii Cecília. Tudo bom?
    Primeiro, deixa eu me sentar aqui porque sua resenha ta tão incrível que me sinto baleada.
    Gosto muito, mas muito mesmo de obras que trazem consigo cargas emocionais. Sabe quando você precisa de algo que te impacte?? Voce me deu certeza que vou encontrar isso nesse livro. Relações familiares sempre me emocionam. Espero muitíssimo ler esse livro.
    Beijos

    Fantástica Ficção

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    1. Ei, Jessica!

      Não fala assim que eu fico toda boba haha Nossa, sei exatamente do que você está falando e também acho que irá encontrar nessa obra. Espero que você goste da leitura :)

      Beijos!

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  4. Ei Ceh! Eu terminei domingo esse livro e AMEI.
    Não tava dando nada por ele. Kkkkkkk. Apesar
    de Jardim de Inverno e O Rouxinol estarem na minhas lista faz
    um tempo, as coisas que fazemos por amor não tinha me chamado muita
    atenção, mas acabei dando uma chance e AMEI a experiência.
    Nossa, a autora arrasou, principalmente com o final. Surpreendente!

    Linda resenha e suas fotos estão maravilhosas!

    Beijos
    Literatura Estrangeira

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    1. Ei, Anne!

      Achei alguém que leu o livro! Fico muito empolgada em encontrar leitores :) Sou apaixonada em "O Rouxinol", tente ler, você vai amar! O final foi incrível, não tenho palavras! Muito obrigada :*

      Beijos!

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  5. Que resenha linda!Sua emoção só deixou o livro mais encantador e atraente!
    Eu gosto muito dessas leituras que explodem nossas sensações e esse livro parece ser perfeito pra isso!
    Ainda não conheço a escrita dessa autora, mas já sei por qual livro quero começar rsrs

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

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    1. Ei!

      Esse livro vai te trazer tantas emoções que é difícil falar sobre todas. A autora é incrível, todas as suas obras possuem uma carga emocional brilhante, você vai amar! Muito obrigada :)

      Beijos!

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  6. Nossa parece ser uma leitura bem tensa viu! primeira resenha que leio sobre esse livro, nem sabia do que se tratava, sua resenha ficou ótima. Já vi dizer que essa autora é ótima, e já quero ler uma de suas obras, bjus e bom fim de semana.

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    1. Ei!

      Acho que a leitura está mais para intensa. Fico muito feliz em ler isso, de verdade. A autora é maravilhosa e se você procura emoção, é com ela!

      Beijos!

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  7. Oii, que livro incrível!! Através da sua resenha pude perceber que se trata de um daqueles livros que dão um choque de realidade, impactam, e destroem o emocional do leitor kk , a escrita pareceu envolvente e os personagens bem construídos, fiquei bem curiosa para fazer essa leitura.
    Adorei sua resenha!
    Beijos <3

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    1. Ei!

      Fico muito feliz em saber que passei uma parte do que o livro é em minha resenha. A escrita é ótima assim como os personagens. Muito obrigada :)

      Beijos!

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  8. Olá, tudo bem? O livro parece lindo e gostei de saber que os personagens são bem construídos. O seu ponto de vista nos dá umas perspectiva maior da história e dos personagens, e você o colocou de uma forma muito boa.

    Adorei a resenha, parabéns!
    Beijos
    Amor Literário

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    1. Ei, Aline!

      Os personagens são ótimos, também adoro uma obra com uma boa construção dos mesmos. Fico muito feliz em saber que passei uma ideia do livro para os leitores. Muito obrigada :)

      Beijos!

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  9. Olá!

    Ameei seu post, as fotos estão incríveis e como eu fico feliz de ter essa busca do verdadeiro significado de família como tu me disses no Twitter ao invés de algo mais banal ou simplista. Acredito que pode ser um livro bastante tocante e profunda, gostei também de ver que ela mostra frustrações maternas, como não conseguir engravidar. A personagem deve ser bem densa e bem construída, principalmente se foi difícil escrevê-la/criá-la. Amei a capa!

    Um beijo, Carol
    Blog com V.

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    1. Ei, Carol!

      O livro transmite tantas emoções que é difícil falar sobre todas em uma postagem só. A personagem principal é exatamente como você falou, se te agrada o estilo, você irá amar! A capa está linda mesmo, quando recebi meu exemplar fiquei apaixonada. Muito obrigada :)

      Beijos!

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  10. Olá, eu só li um livro dessa autora, e fiquei apaixonada por a escrita dessa autora e eu quero muito ler esse livro

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    1. Ei, Lara!

      Se você já se apaixonou antes, se prepare para se apaixonar mais!

      Beijos!

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  11. Olá!

    É ótimo quando a gente encontra um livro que nos prende. Nunca li nada da autora, mas esse livro, após sua resenha, acabou de entrar na lista de livros lar a se pedir no Natal jahaha

    Beijos

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    1. Ei, Mari!

      Sim, é realmente bom. Fico muito feliz em ler isso, espero que você goste tanto quanto eu :)

      Beijos!

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