Nada | Resenha

by - fevereiro 25, 2019

Faru's Eyes


Ei! Tudo bem?
Espero que sim :) 

Você já assistiu Sociedade dos Poetas Mortos? Gostou? Independentemente da sua resposta, se for sim ou não, não estou aqui para falar sobre esse filme brilhante. Na verdade, hoje é dia de resenhar Nada, livro da dinamarquesa Janne Teller que foi proibido em vários lugares do mundo.

O que um livro proibido tem haver com um dos filmes cult mais famosos? A procura pelo significado da vida, tema das duas obras que mesmo tão diferentes são tão parecidas.

Quando terminei a leitura fiquei dias adiando a resenha, porque (ainda) preciso digerir tudo o que eu li, e espero conseguir passar todas as minhas sensações para vocês.

Autor(a): Janne Teller
Editora: Record
Gênero: Romance
Páginas: 128
Sinopse: Pierre Anthon está no sétimo ano e tem a certeza de que nada na vida tem importância. Por isso, ele decide abandonar a sala de aula e passar os dias nos galhos de uma ameixeira, tentando convencer seus companheiros de classe a pensar do mesmo modo. Agora, diante da recusa do menino de descer da árvore, seus colegas farão uma pilha de objetos que significam muito para cada um deles, e com isso esperam persuadi-lo de que está errado.




Pierre Anthon percebeu que nada na vida realmente importa, então o melhor que ele pode fazer é contemplar o nada fazendo nada. Ele percebe isso no seu primeiro dia de aula no sétimo ano, então toda sua turma se incomoda e até se empolga com suas palavras sobre a não relevância da vida e do estudo, porque no final nada irá importar.

Agnes e outros alunos da turma de Pierre Anthon decidem mudar a situação, tanto porque o garoto - que passa o dia berrando em um galho de ameixeira - está irritando os colegas, quanto porque as pessoas do sétimos ano estão com medo de nada significar nada.

Assim então, eles iniciam uma série de ações para que Pierre desça da árvore. Jogam pedras e berram, mas chegam a conclusão que a única coisa que pode ter algum efeito é mostrar para Anthon que, na verdade, existem coisas que importam.

"Nada importa. Disso eu já sei faz muito tempo. Então não vale a pena fazer nada. Acabo de descobrir isso."

Nada, da dinamarquesa Janne Teller, foi a minha indicação para o Clube do Livro (participe!), porém, eu indiquei porque eu já havia lido a obra no ano passado, mas precisava compartilhar a leitura e ler novamente para conseguir escrever essas resenhas para vocês.

Isso porque Nada é o estilo de livro que você não dá nada por ele, mas no final você ganha tudo! E eu não estou exagerando. Essa história foi a minha favorita de 2018, e eu vou explicar para vocês os meus motivos para isso.

"- É uma perda de tempo - gritou, um dia. - Porque tudo só começa para acabar. Você começa a morrer no instante em que nasce. E isso vale para tudo.
Outro dia, ele berrou:
- A Terra tem 4,6 bilhões de anos, mas vocês chegarão no máximo aos 100! Existir não vale a pena."

Pequeno, simples, fácil, mas muito denso. Preciso tomar muito cuidado com essa resenha para não estragar a obra por inteiro. Acredito que quanto menos você sabe, melhor vai ficando, na mesma medida em que vai ficando assustador. Entretanto, conto que essa é uma história quase macabra e, apesar de eu ter falado sobre Sociedade dos Poetas Mortos lá em cima, isso não significa que quem goste de um vai conseguir aguentar o outro, porque Nada foi feito para chocar, chocar mostrando o pior de cada pessoa e o que isso pode fazer com a sua própria vida e a do próximo.

É uma história muito filosófica sobre procurar o significado de nossa vida. Porém, os personagens vão perdendo o controle, mostrando tanto a realidade que os pensamentos de Pierre Anthon possuem quanto o poder de fazer a vida ter um significado.

Afinal, quem nunca, antes de dormir, não pensou sobre a vida e como isso tudo existe ou acontece diante de nossos olhos? Para sairmos dessa não precisamos encontrar um significado para as coisas? É exatamente nesse ponto que o livro mexe. Por isso, apesar de todo o significado do final, esse é um livro em que você precisa tomar cuidado, não é um livro para todo mundo, como vocês podem perceber pelos quotes selecionados para essa resenha.

E falando sobre o final da história, ele é surpreendentemente confuso e assustador, mostrando a capacidade que um Ser Humano tem de perder a cabeça procurando um significado para a vida e como ele pode ser cruel querendo ter razão e mostrar superioridade.

Nada é incrível por isso, pois é a realidade de forma crua.

"- Se valesse a pena ter raiva de algo, existiria algo pelo que valeria a pena se alegrar. Se valesse a pena alegrar-se com algo, existiria algo que importa. Mas isso não existe! Dentro de poucos anos, vocês estarão mortos e esquecidos, então deveriam começar a se acostumar."

O livro é narrado em primeira pessoa pela Agnes, uma das colegas de classe de Pierre Anthon. Apesar de a história contar com vários personagens que poderiam ser considerados protagonistas, é Agnes que desempenha o maior papel, por causa da narração e de suas ações durante o livro.

Ela é uma menina mimada e que vai passar a visão dela sobre os acontecimentos da obra, então é claro que ela irá falar sobre aquilo que a interessa e o que irá mostrar o quão boa ela é em toda a situação.

Eu achei isso genial, porque Agnes não é confiável, mas você precisa lidar com ela e suas escolhas.

Apesar de todos os meus comentários positivos, é nas ações e nos pensamentos das personagens que eu percebo que a história se torna um pouco fora de contexto por eles serem muito novos. Quando eu estava no sétimo ano, eu e o resto da minha sala não pensávamos dessa maneira e não agíamos com o próximo do mesmo jeito que os personagens. Porém, ignorando esse detalhe a história é maravilhosamente bem escrita, clara, direta, objetiva e sensacional. Passei pelo livro tendo calafrios e ansiando pelo final.

"- Estou sentado no nada. E é melhor estar sentado no nada do que em algo que não é nada!"

Esse é um livro bem curto que com uma "sentada" você consegue ler. Mesmo com os pensamentos filosóficos e os conflitos que são feitos durante a obra, não é uma história difícil ou entediante. Ela vai ganhando ritmo aos poucos e enquanto os significados para cada um dos personagens vão aparecendo mais aceleramos para saber o final da história.

Eu gostaria muito de falar mais e contar um pouco sobre esses significados, mas como eu não fazia a menor ideia do que era quando li, sei que a experiência se tornou ainda melhor. Por isso o que me resta é pedir para que quem se sentir bem o suficiente no mundo louco e psicológico de Nada, que entre e se aproxime mais da escrita fascinante de Janne Teller e desses personagens que vão nos trazes muitos ensinamentos.

"Embora não consiga explicar o que é, sei que é algo que tem significado. E sei que com significado não se brinca. Certo, Pierre Anthon? Certo?"

Nota: 5/5 ♥ 

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Um beijo e paz no coraçãozinho de vocês! ✩

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