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365 Cores do Universo

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Foto: Vai Lendo

Ei!

Tudo bem?

Já comentei inúmeras vezes aqui com vocês sobre o papel social que a literatura possui. Através de suas histórias, os autores podem explorar temáticas que muitas vezes não são tão comuns assim e, assim ser capaz de desmistificar alguns conceitos que repetimos erroneamente. Sabemos muito bem como a sociedade julga e castiga aqueles que pensam, se comportam ou "são" diferentes dos padrões e eu amo quando pego um livro que foge exatamente desses conceitos já conhecidos e expõem outras perspectivas e pontos de vista. Estou falando disso pois a obra que escolhi trazer aqui pra vocês hoje é Menino de Ouro, da autora Abigail Thomas e lançado aqui no Brasil pela editora Globo Alt que se propõe em discutir a intersexualidade (hermafroditismo) na adolescência.



Autor(a): Abigail Thomas
Editora: Globo Alt
Gênero: Ficção, YA, Drama
Nùmero de Páginas: 384
Sinopse: A família de Max não permitiria nenhum desvio na imagem perfeita que havia construído. Karen, a mãe, é uma advogada renomada, determinada a manter a fachada de boa mãe, esposa e profissional. Steve, o pai, é o exemplo do chefe de família presente em sua comunidade, favorito a um importante cargo público. O ponto fora da curva é Daniel, o caçula, que, para os padrões da família Walker, é “estranho”: não é carinhoso, inteligente ou perfeito como Max. Melhor aluno da escola, capitão do time de futebol, atlético, simpático, sucesso entre as garotas: Max, o primogênito, é o menino de ouro. Ninguém poderia dizer que sua vida não é perfeitamente normal. Ninguém poderia dizer que Max esconde um segredo. Ele é diferente, especial. Max é intersexual: nasceu com os dois conjuntos de cromossomos, XX e XY e, portanto, é menino e menina. Ou nenhum dos dois. É a partir do olhar de cada pessoa que orbita a vida de Max que a autora Abigail Tarttelin compõe a sua narrativa em Menino de Ouro. Cada uma das personagens esboça seu dia a dia, suas inseguranças e conquistas, e, principalmente, seu relacionamento com Max. Apesar da dimensão de seu segredo, Max parece à vontade com sua vida. Seus questionamentos sobre sexo, relacionamentos e até sobre rejeição são tantos quanto um adolescente de 15 anos poderia ter. O cenário muda drasticamente quando Hunter, seu melhor amigo desde a infância, volta do passado e abusa de sua confiança da pior maneira que poderia. Max se vê forçado a explorar seu segredo radicalmente, e percebe que muito mais foi escondido desde o seu nascimento. Por que sua família nunca conversou sobre suas opções? Quais eram elas? Como seria seu futuro? Como os outros lidariam com ele agora: seus amigos, seus parentes... Sua namorada? Quem é Max, realmente?



Max é um menino de 16 anos que se encaixa perfeitamente ao título do livro e é totalmente padrãozinho: Menino de Ouro. Possui uma boa criação, estudou em boas escolas, possui amplo acesso a tecnologia, é educado, gentil, carinhoso, inteligente, popular na escola e crush de quase todas as meninas de sua turma. Seus pais possuem uma boa condição financeira; sua mãe trabalha como advogada e seu pai, político. Eles vivem uma casa grande e confortável junto com o irmão de Max, Daniel que possui 10 anos. Em suma, eles são a representação de uma família de comercial de margarina: Sem defeitos. No entanto, Max nasceu com uma rara condição genética em que ele possui ambos os órgãos reprodutores masculino e feminino, além de ambos os pares de cromossomos, XX e XY. Em outras palavras, Max é intersexual (também conhecido como hermafrodita). Tal condição é o grande segredo da família que opta por manter a condição em segredo por medo da reação das pessoas, principalmente devido ao preconceito. Após um evento traumático e devastador, Max é obrigado a confrontar seus pais e entender tudo sobre sua condição, além de precisar lidar com as consequência de tal evento e se descobrir.

Mas, para ser honesto, nunca pensei de fato sobre isso. Só tenho sido o Max.

Eu sei que a sinopse que eu fiz não conta muito sobre a história, mas realmente é necessário manter um "mistério" com relação aos eventos para que vocês possam sorver ao máximo dessa leitura incrível. Max sempre se sentiu confortável com sua condição e enxergava as coisas com normalidade, ainda que seus pais não revelassem por completo todos os detalhes sobre a sua condição, no entanto, o personagem passa por uma jornada de descobrimento, aceitação e, acima de tudo, em busca da verdade sobre quem de fato é. Mesmo não podendo dar mais detalhes, uma coisa é necessário avisar vocês desde já:  O início do livro é brutal e devastador. Tal evento ocorre logo nas primeiras páginas  e é algo repulsivo. Algumas pessoas podem estranhar ou se incomodarem com o teor da narrativa, pois a autora escreve de maneira explícita e interminável. Eu digo isso pois eu realmente me incomodei e cogitei em largar a leitura, no entanto, é algo totalmente pertinente e que basicamente servirá como apoio para a construção de toda a história de Menino de Ouro. Continuem que vão se surpreender. Eu, particularmente, não possuía nenhuma informação a respeito sobre intersexualismo e a obra foi uma grata surpresa. O livro é uma verdadeira aula sobre a temática em que são compartilhadas inúmeras lições sobre a condição, sexualidade, e diversas coisas que sequer eu poderia imaginar que estariam envolvidas. Pude perceber que o assunto é muito mais complexo do que parece e envolvem outras questões, principalmente sobre o lado psicológico do portador dessa condição. A adolescência já é uma etapa da vida altamente complicada e complexa, geralmente possuímos muito medo de rejeição e solidão e, muitas vezes optamos por "passar despercebidos" e não chamar atenção, imaginem na situação do Max ter que lidar com isso tudo e ainda com o fato de não entender quem ele de fato é?

Você precisa de coragem para fazer qualquer coisa. A mesma coragem que precisa ter para fazer um teste ou fazer escolhas ou escrever um poema quando o último que fez ficou uma merda, é a mesma coisa que sair à noite sem ficar apavorado. Se tiver medo, você nunca vai viver. Você precisa de coragem pra viver.

Menino de Ouro é um livro muito informativo e deixo aqui os meus parabéns para a autora. Não faço ideia de como ela adquiriu todos esses conhecimentos, mas é perceptível a propriedade com que a mesma escreve e narra as inúmeras situações vividas por Max. Talvez nesse ponto você pode estar pensando que a obra é algo maçante e científico, mas é uma leitura fluída e que se adapta ao público; Através dos personagens, a autora conversa com o leitor e desperta um forte sentimento de empatia: É impossível não se conectar com todo o drama do adolescente e chega ser extremamente sufocante ver o quão perdido ele se encontra com relação a sua própria vida. O livro é muito dinâmico e a história é narrada a partir de diversos personagens e suas perspectivas sobre a história. Particularmente, gosto muito quando os autores fazem uso dessa técnica pois acredito que dessa forma, se consegue trabalhar melhor a conexão e inserção dos personagens na trama e também entender melhor um pouquinho o que cada um deles pensa a respeito do assunto, o que facilita ainda mais a construção desse sentimento empático que comentei agora pouco. É uma leitura que coloca o dedo na ferida e expõe diversas falhas em nossa sociedade atual (eu infelizmente não posso comentar muito sobre para não entregar detalhes), mas acreditem em mim: É um livro doloroso, cruel e extremamente real. O melhor de tudo é que Abigail escreve de uma maneira tão prazerosa de ler e os personagens possuem um senso de humor coerente com a história criada que acaba se tornando algo "menos difícil" de se ler. Em momento algum fiquei entediado ou achei que a abordagem médica e científica tenha sido exagerada ou muito difícil para que pessoas leigas no assuntos (assim como eu) não conseguissem entender; muito pelo contrário.

Quando eu era pequeno, os médicos me chamaram de hermafrodita. Essa palavra tem muito estigma, mas como palavra, por si só, prefiro essa. É uma coisa. Não é algo entre duas coisas.

A minha única reclamação com o livro (e que de fato não me incomodou tanto, é apenas um detalhe) é que achei Max um tanto quanto "reativo" com relação ao seu diagnóstico. A adolescência é uma fase de descobertas e de muita curiosidade, e mesmo que ele estivesse tranquilo com relação a sua condição e tratasse com normalidade (o que de fato é), me irritava um pouco o fato dele não querer buscar mais informações a respeito. O livro se passa nos anos atuais e o mesmo possui computador, celular, internet. É impossível que a única fonte para obter mais detalhes eram seus pais e ele fica uma boa parte da história se fazendo alguns questionamentos em que as respostas estavam ao alcance dos seus dedos. Acredito que a autora tenha optado por fazer dessa forma para que a história avançasse em seu ritmo próprio, mas hoje em dia é quase impossível se viver sem o Google do lado.

Estou começando a entender que tentar ser perfeito foi o objetivo da minha vida. Da nossa vida. Tentar ser essa pessoa sorridente e sem defeitos, nessa família amorosa e feliz que se encaixa perfeitamente nessa cidadezinha bonita e inofensiva. 

Como citei, encontrei apenas um único problema no livro, mas que não atrapalha de maneira nenhuma o andamento da história. Menino de Ouro é um dos melhores livros que li no mês passado - e estejam preparados para vê-lo na lista do final do ano - em que pude aprender muitas coisas sobre um tema em que praticamente todos desconhecem. É um livro altamente emocionante, educativo, informativo e que ao mesmo tempo é prazeroso e indicado para todas as idades. Acredito que seria uma ótima indicação para a utilização em clubes de leituras, debates sobre sexualidade e outras questões. Vale a pena demais! Como disse lá no início, Max faz jus ao título da obra, mas sem sobra de dúvidas, Abigail Thomas também é uma Autora de Ouro.


Nota: 5,0/5,0


Espero que tenham gostado da resenha de hoje e lembrem-se: Não se esqueçam de deixar seu comentário e compartilhar o texto com aquele seu amigo leitor. Nos vemos próximo sábado. Até lá!





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Foto: Paraíso das Ideias 

Olá!

Tudo bem com vocês?

Essa resenha finalmente saiu! Eu nem acredito. Se não me engano, lá em janeiro quando estava fazendo as minhas metas de leituras para o ano, coloquei o livro Vox da autora Christina Dalcher como uma das distopias obrigatórias para 2019. Os meses foram passando, fui empurrando a leitura com a barriga, mas finalmente as férias chegaram e eu consegui pegar para ler, o que me deixou muito feliz em finalmente riscar mais um livrinho da minha lista (vou ignorar totalmente o fato de que ainda me faltam aproximadamente uns 50 livros para finalizá-la e já estamos em setembro). 

Hoje vim falar um pouquinho pra vocês sobre. Vamos lá?


Autor(a): Christina Dalcher
Editora: Arqueiro
Gênero: Distopia, drama
Número de Páginas: 319
Sinopse: O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade. Esse é só o começo... Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir... mas não é o fim. Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.

Eu já comentei várias vezes que através da criação de uma distopia, os autores conseguem trazer críticas a um sistema governamental, uma situação que vivemos ou uma maneira com que a sociedade ou determinado grupo se comportam a fim de abrir a discussão a respeito de temas que, muitas vezes, são extremamente difíceis de serem abordados. Vox segue por esse mesmo estilo e logo de cara sua história se assemelha muito com um dos melhores livros do século, O Conto da Aia.

- (…) É uma organização com enorme peso religioso. - Jackie se inclinou pela janela, para ver melhor. - E são principalmente homens. Homens conservadores que amam seu Deus e seu país. - Ela suspirou. - As mulheres, nem tanto.

Em Vox, após a eleição de um presidente que possui uma forte ideologia religiosa e extremista, o governo norte americano decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. As palavras são contadas a partir de um marcadores que carregam no pulso e após o limite ser atingido, as mulheres passam a receber choques que aumentam de acordo com o número de palavras excedidas.Dessa forma, elas aprenderam a viverem em silêncio, pensando muito bem antes de gastar a sua cota diária de palavras e passam a se comunicar através de gestos, quase como uma lingagem de sinais. Elas também precisaram sair de seus empregos, tiveram seus passaportes conficados, os livros foram guardados, foram proibidas de escrever e gerar qualquer conteúdo;  todo o acesso à informação é ditado e controlado por seus maridos, sendo suas unicas obrigações cuidar de seus filhos e dos afazeres de casa. Os alunos foram separados em escolas por gênero e para as crianças de pais do mesmo sexo, foi dado à tutela aos avós ou alguém responsável, enquanto seus pais eram levados para campos de concentração (exatamente esse termpo que utilizam no livro) onde eram "reabilitados".  Na escola das meninas, as alunas aprendem apenas a fazer contas, ver horas e a cuidar da casa e dos filhos, enquanto, para os meninos, eles recebiam uma rígida educação religiosa e eram vistos como "puros e salvadores". 

A protagonista da história, Jean McClellan, uma cientista renomada e fonoaudióloga se vê em um inferno particular e sem qualquer expectativa de mudança. Seus dias, outrora repletos de trabalho se reduzem a cuidar da casa, seus filhos e o marido. AO mesmo tempo, ela começa a ensinar a sua jovem filha a como se comportar nessa nova sociedade em que as mulheres são silenciadas. Um dia, Jean recebe uma inesperada visita: O presidente dos EUA a convoca para a retormar ao trabalho de pesquisa que a mesma já fazia na área para salvar o irmão do presidente, que sofre de uma terrível e misteriosa doença. Ela então recebe o status de "mulher livre", sua pulseira é retirada e não existe mais limite de palavras: Ela recebe acesso ao seu antigo laboratório e uma equipe, no qual devem trabalhar para descobrir a cura da doença. Enquanto Jean e seus outros parceiros seguem com o projeto, descobrem a terrível verdade a respeito da "convocação" do presidente, cuja pesquisa pode desencadear consequências graves e definitivas para a população e passam a trabalhar sob disfarce, arquitetando um plano para conseguirem derrubar o presidente e por um fim nesse regime totalitário. 

- Você não tem nada a ver com isso, mãe. A decisão é do meu pai.
Talvez tenha sido o que aconteceu na Alemanha com os nazistas, na Bósnia com os sérvios, em Ruanda com os hutus. Às vezes eu refletia sobre isso, sobre como as crianças podem se transformar em monstros, como aprendem que matar é certo e a opressão é justa, como em uma única geração o mundo pode mudar tanto até ficar irreconhecível.

A história, ainda que se assemelhe com O Conto da Aia e trate principalmente a repressão das mulheres, possui muita identidade, o que é muito bom. É um livro altamente polêmico que discute a junção da religião em ambiente político, transformando algo que, em teoria, deveria ser para todos em um regime totalitário, separatista e injusto. Em Vox, os ideais políticos e religiosos se misturam e criam todo esse ambiente que subjulga, tortura e desvaloriza principalmente as mulheres, mas também qualquer um que foge dos padrões impostos pela religião. Existem perseguições muito claras a negros, gays, pobres e pessoas que seguem religiões diferentes e o livro cumpre seu papel social de expor os problemas em que muitas vezes fingimos não ver. É uma história que se torna muito desesperadora de ler e altamente visceral. Ao mesmo tempo que se trata de uma distopia, podemos interpretar sua premissa como uma metáfora em que as mulheres lutam para serem ouvidas em uma sociedade machista e sexista. Outro ponto de reflexão que tiro é que o fato de haver uma limitação da quantidade de palavras é de que as mulheres precisam sempre provar tudo, estarem embasadas e estarem certas do que estão falando, caso contrário, não serão ouvidas, enquanto que para os homens, existe a liberdade de falar tudo, sem preocupações, restrições ou filtros. Vox nos passa lições muito fortes e uma mensagem clara de que a opressão acabou e de que as mulheres podem - devem e vão - conquistar seu espaço de fala.

Eu realmente amei a história, as metáforas e ensinamentos que Chrstina utilizou para a criação de Vox. Quanto à isso, eu realmente não tenho críticas e acho um dos livros mais autênticos e geniais dos últimos anos, no entanto, senti que a autora pecou em alguns detalhes duranta a execução da história. Todo o desenrolar da narrativa se desenvolve muito rápido e algumas coisas não consegui compreender totalmente o motivo de terem acontecido. O livro tem um pouco mais de 300 páginas e todos os capítulos são muito curtos, com duas ou três páginas no máximo e acontecem tantas reviravoltas e tantas outras coisas em um intervalo tão curto de páignas que fica difífil de acompanhar. Eu fiquei um pouco perdido com a narrativa dos personagens, várias vezes eles entram em momentos de divagação e lembranças do passado, no entanto, não ocorre nenhuma separação ou indicação na narrativa disso e várias vezes fiquei pensando se estavam lembando do passado ou se de fato estava acontecendo. Na questão dos personagens, nenhum se destacou, em minha opinião. Eu realmente não me senti conectado con nenhum deles e tampouco senti empatia por suas motivações e histórias pessoais e acredito que o fato do livro se desenvolver muito rápido, não dê o tempo certo para os leitores se acostumarem com os personagens. 

Apesar dos problemas que encontrei durante a narrativa, avalio Vox como uma experiência muito satisfatória e enriquecedora. O livro é bem frenético e você dificilmente se sente entediado, ao menos, foi o que senti, mesmo não tendo me conectado com os personagens. Acredito que seja um livro reflexivo e que traz inúmeros conhecimentos sobre todos esses temas, mas que pecou na execução e estruturação da história. O grande destaque da obra escrita por Dalcher vai para a maneira com que a autora criou o fanatismo religioso e os ideiais de "família tradicional" como ferramenta a se correlacionar com a nossa sociedade atual e a maneira com que ainda as mulheres são tratadas. Vox é um grito que rompe o silêncio e aponta a verdade em nossa cara. Com certeza foi uma ótima leitura e que recomendo para todos, principalmente para as pessoas que se interessam a entender melhor sobre como sociedades extremistas e regimes totalitários surgem.

Nota: 3,5 / 5,0 


 A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons não façam nada.



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Foto: Minha Vida Literária
Olá!
Tudo bem com vocês?

Não, não se preocupem. Vocês não clicaram errado. Eu sei que vocês estranham quando não falo de King ou de algum livro de suspense, thriller mas é muito importante dar uma variada, não é mesmo?
Felizmente em agosto consegui retomar meu ritmo de leitura e creio que tenha sido o meu mês mais produtivo na área. Essa, se não, me engano, é a terceira vez que trago uma resenha de algum livro da Colleen Hoover aqui pra vocês, uma das autoras mais polêmicas da atualidade. Particularmente eu gosto muito de seu estilo de escrita e me agrada a forma com que a mesma monta a sua história. Hoje vim falar um pouquinho pra vocês a respeito do livro As Mil Partes do Meu Coração, lançada pela Galera Record.


 
Autor(a): Colleen Hoover
Editora: Galera Record
Gênero: Drama
Número de Páginas: 336
Sinopse: Para Merit Voss, a cerca branca ao redor da sua casa é a única coisa normal quando o assunto é sua família, peculiar e cheia de segredos. Eles moram em uma antiga igreja, batizada de Dólar Voss. A mãe, curada de um câncer, mora no porão, e o pai e o restante da família, no andar de cima. Isso inclui sua nova esposa, a ex-enfermeira da ex-mulher, o pequeno Moby, fruto desse relacionamento, o irmão mais velho, Utah, e a gêmea idêntica de Merit, Honor. E, como se a casa não tivesse cheia o bastante, ainda chegam o excêntrico Luck e o misterioso Sagan. Mas Merit sente que é o oposto de todos ali. Além de colecionar troféus que não ganhou, Merit também coleciona segredos que sua família insiste em manter. E começa a acreditar que não seria uma grande perda se um dia ela desaparecesse. Mas, antes disso, a garota decide que é hora de revelar todas as verdades e obrigá-los a enfim encarar o que aconteceu. Mas seu plano não sai como o esperado e ela deve decidir se pode dar uma segunda chance não apenas à sua família, mas também a si mesma. As mil partes do meu coração mostra que nunca é tarde para perdoar e que não existe família perfeita, por mais branca que seja a cerca.

Eu sei que muita gente não gosta da autora. Eu apenas li seus livros mais recentes, mas tenho uma amiga que gostava muito da autora, no entanto, parece que houve uma mudança muito brusca com relação aos estilos de livro que a autora publica, trazendo agora uma temática mais adulta e colocando em evidências assuntos complicados e de impacto. Particularmente me agrada mais esse estilo, já que não gosto muito de livros de romance, porém, começo essa resenha dizendo que da mesma forma que em Tarde Demais, seu outro livro, a autora precisa modificar a forma com que os assuntos são abordados. Iremos comentar sobre isso mais adiante.
Merit Voss possui uma família bem disfuncional. Eles vivem em uma antiga igreja que foi transformada em uma casa em que vivem seu pai, sua nova esposa chamada Victória, sua mãe que após um câncer desenvolveu algumas fobias sociais e agora mora no porão da igreja e não sai de casa por nada (e, por sinal, seu nome também é Victória). Seu irmão mais velho Utah também mora na casa, assim como Moby, o caçula e filho do segundo casamento de seu pai, e sua irmã gêmea idêntica, Honor. Merit sofre de uma espécie de complexo de inferioridade com relação à sua irmã, que é sempre a mais bonita, a mais inteligente, a mais legal e popular, enquanto Merit se enxerga como invisível. Como se o cenário já não fosse caótico o suficiente, a casa recebe dois novos moradores: O divertido Luke e o misterioso Segan, namorado de Honor. Como sabemos muito bem, isso por si só se categoriza como um episódio de A Grande Família, mas não faz nem um pouco o estilo de Colleen. Cada membro da família Voss esconde um segredo e possuem seus fantasmas no armário. O ponto convergente de todos os segredos é Merit, que não aguenta conviver com a família fingindo que tudo funciona as mil maravilhas enquanto as coisas são jogadas para debaixo do tapete e resolve expor o segredo de cada um deles.

Ninguém poderia supor nada disso nem mesmo de dentro da nossa casa. Sabemos guardar segredos nessa família. 

Como citei, essa é a minha terceira leitura da autora. Também já havia lido Tarde Demais e É Assim Que Acaba, dois livros que foram verdadeiros soco no estômago tamanha agressividade. A autora sempre apostou em personagens complexos e dramas reais, mas em As Mil Partes do Meu Coração a autora caprichou. Eu nunca li uma história em que todos os personagens fossem tão bem explorados e na narrativa; os segredos dos membros da família Voss são muito bem aproveitados e entrelaçados, que me passou o mesmo sentimento de sufocamento que Merit sent antes de expô-los ao mundo. O drama família é realmente muito bem desenvolvido e você acaba reconhecendo sua família por tabela; obviamente, os segredos não são assim tão densos (talves sejam, vai saber), mas todo mundo tem seus problemas e precisamos encontrar uma forma de resolvê-los e não viver em uma fotografia. Esse pra mim, talvez seja o grande objetivo do livro: Demonstrar que por trás de gramados bem cuidados e cercas brancas, toda família tem seus problemas e desavenças.

Tanta gente sonha em morar em uma casa com uma cerca branca, pensando em ter uma casa grande e confortável. O que as pessoas não sabem é que não existe família perfeita, por mais branca que seja a cerca.

Retomando o que disse lá no início sobre a escolha de temática para os livros, acredito que seja de suma importância que falemos cada vez mais sobre os temas que Colleen aborda. Inclusive, é o papel social e cultural da literatura. No entanto, é necessário muito cuidado com a escolha de palavras e a forma de abordagem. Muitas vezes, uma pessoa que sofre de algum desses problemas pode interpretar seus diálogos como gatilho e aí sim desencadear algo muito pior. A escrita da autora é muito envolvente e imersiva, o que torna muito fácil prestar atenção em seus textos. Ao falar sobre depressão, por exemplo, ao longo das páginas de As Mil Partes do Meu Coração, notei uma certa romantização, o que pode ser extremamente perigoso, principalmente se levarmos em consideração o público alvo da autora. Contudo, torno a frisar que sim, precisamos debater e discutir sobre a cultura do estupro, violência doméstica, depressão, entre outros, porém, é necessário haver um zelo muito maior para a abordagem em filmes, séries e livros.
Voltando a falar da história, o livro flui muito bem e eu o finalizei em apenas um dia. Sua narrativa é muito fácil de se apegar, os personagens carismáticos e é tudo muito bem amarrado. Confesso que num primeiro momento, não estava gostando muito, principalmente pelos famosos clichês adolescentes de obras do gênero que ninguém mais aguenta, mas depois a história se transforma em algo muito mais complexo e denso. Eu amei de paixão os personagens e senti que a história poderia se estender por  mais 500 páginas que não ficaria chato. Luke é a melhor parte, com toda certeza e não quero contar muito sobre a ligação dele com a família pra não estragar a surpresa, mas vocês irão gostar. Realmente, o meu grande problema com a narrativa foi a romantização de certos pontos e também alguns exageros nas temáticas; ficou um pouco aquela sensação de que foi escrito apenas para chocar, soando deslocado e artificial da narrativa. Outra coisa que não gosto muito é que em toda a história da autora (ao menos as que eu li), todos os personagens são muito padronizados e "elitizados". A autora possui muita coragem em abordar temas difíceis, mas utiliza sempre esse mesmo grupo. 

Nem todo erro merece uma consequência. Às vezes a única coisa que ele merece é o perdão. 
As Mil Partes do Meu Coração é uma história mega divertida e importante. Ainda que aborde situações complicadas, é uma narrativa que te segura e é algo agradável, diferente de Tarde Demais, livro que te deixa com gosto amargo na boca durante toda a leitura. Recomendo para todos, no entanto, tomando cuidado com os pontos que destaquei. No mais, é uma leitura muito reflexiva sobre enfrentar os nossos problemas de frente e que não há coisa mais valiosa no mundo do que nos cercarmos das pessoas que nos amam, a nossa família.

Nota: 4,0 / 5,0
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Censura

substantivo feminino
1. ação ou efeito de censurar.
2. análise, feita por censor, de trabalhos artísticos, informativos etc., ger. com base em critérios morais ou políticos, para julgar a conveniência de sua liberação à exibição pública, publicação ou divulgação.

Olá.

Tudo bem?

Entrou muito em evidência nas últimas semanas (principalmente semana passada) com relação ao que é censura e como o ato de proibir a circulação, distribuição e venda  de algum material artístico por qualquer motivo fere a liberdade de expressão, afetando diretamente nossas vidas. Durante a Bienal do Rio que aconteceu entre os dias 30 de agosto e 08 de setembro ficou marcada por um episódio de censura que alcançou jornais de todo o mundo e envolveu até o youtuber brasileiro Felipe Neto quando o prefeito da cidade do Rio de Janeiro Marcelo Crivella mandou recolher todos os exemplares da HQ Vingadores, A Cruzada das Crianças que estava sendo vendido em um dos estandes da feira por ferir o estatuto das crianças e adolescentes. O motivo? Em uma das páginas, a seguinte imagem era exibida: 


Segundo o prefeito a foto acima se enquadra como pornografia e por isso, a HQ precisa estar envolta em um plástico preto fosco com a identificação avisando aos leitores a respeito do conteúdo. O prefeito rebateu às críticas duramente dizendo que apenas está tentando proteger as famílias, mas proteger do que, exatamente? Do amor? Do afeto? As declarações provocaram revolta na internet e nas pessoas que estavam no evento e testemunharam os agentes da prefeitura realizarem a inspeção. Felizmente, nenhum livro foi apreendido e, na verdade, o efeito foi o contrário: A HQ se esgostou rapidamente nos estandes e também nos sites de vendas online como Submarino e Amazon. A situação não causou apenas o aumento de vendas da HQ, mas sim de todos os títulos do gênero nos estandes sofreram intensa procura e aumentaram a demanda. Durante o final de semana do evento, a Amazon também fez a distribuição dos títulos LGBTQ+ de forma gratuita, para quem adquiria os ebooks. 

Felipe Neto, um dos Youtubers brasileiros mais conhecidos e seguidos nas redes sociais (com aproximadamente 11 milhões de seguidores) se mostrou muito descontente com a situação e tomou uma atitude ao mesmo tempo inesperada e incrível: Ele comprou o acervo literário do gênero LGBTQ+  (algo em torno de 14 mil livros) e realizou a distribuição gratuita do material na praça de alimentação no evento. Os títulos foram embalados em plástico opaco e continha o aviso de conteúdo, assim como Crivella informara em seu vídeo. Os seguintes dizeres do adesivo eram os seguintes:


Todos os livros foram distribuídos no dia 07 de setembro de 2019, mesmo que algumas pessoas presentes no momento da distribuição relataram a presença de agentes da prefeitura e da polícia. Ocorreram também diversas manifestações no evento a favor da liberdade de expressão e contra a censura. Até o momento em que esse texto foi publicado, alguns dos títulos que foram distribuídos ainda estão esgostados na Amazon, no entanto, caso seja do interesse de vocês, irei deixar aqui uma lista com alguns dos livros e seus respectivos links para adquirir. 

  • Vingadores, A Cruzada das Crianças (Editora: Salvat, 2016)
  • Com Amor, Simon (Editora: Intrínseca, 2018) 
  • Leah Fora de Sintonia (Editora: Intrínsecam 2018)
  • Boy Erased (Editora: Intrínseca, 2019)
  • Um Milhão de Finais Felizes (Editora: Globo Alt, 2018)
  • O Ano em Que Morri em Nova York (Editora: Planeta, 2017) 
  • Aristóteles e Dante Descobrem o Segredo do Universo (Editora: Seguinte, 2014)
  • E Se Fosse A Gente? (Editora: Intrínseca, 2019)

Existem inúmeros títulos e autores que merecem ser reconhecidos e suas histórias lidas por todos. São histórias de amor, empatia e, acima de tudo, de humanidade. Durante o ocorrido na Bienal, se levantou uma questão muito interessante: Você sabe a diferença entre classificação indicativa e censura? Ao contrário do que muitos pensam, a classificação indicativa faz exatamente o que seu nome sugere: A mesma faz recomendações com relação ao conteúdo da obra, classificando-a de acordo com a faixa etária e público alvo de maneira adequada. Ela não proíbe a exibição de um conteúdo, mas sim define a faixa etária mais adequada para a produção. Proibir a venda de algum livro ou a exibição de algum filme ou qualquer outro conteúdo é censura.  No entanto, vocês sabem como funciona esse sistema de classificação?


Criado em 1990, o sistema é responsável pela classificação de filmes, aplicativos, jogos eletrônicos e programas de televisão no Brasil pela Coordenação de Classificação Indicativa (Cocind) do Departamento de Promoção de Políticas de Justiça (DPJUS). A equipe da Cocind é formada por membros com diferentes formações acadêmicas que passam por treinamentos de atualização constantes. Vale ressaltar que nenhuma obra recebe a classificação indicativa de maneira individual; geralmente dois classificadores assistem ao conteúdo e, sem contato com o outro, atribuem uma classificação. Caso não haja consenso entre as notas, o Concid inclui mais membros que repetem o processo até atingirem a classificação ideal para a obra em questão.  As obras que se incluem nesse procedimento são: Obras destinadas ao mercado do cinema ou DVD/Blu-Ray, jogos eletrônicos e RPG's. Existe também um grupo especial de obras que se enquadram no processo de Autoclassificação, ou seja, as próprias produtoras atribuem para a obra uma classificação etária e a mesma passa por uma analise de diversos membros da Concid para verificar se a classificação é ou não adequada com o material. O grupo de obras que se enquadram nesse procedimento de Autoclassificação são: Obras audiovisuais destinadas à televisão, jogos eletrônicos e aplicativos distribuídos apenas por meio digital, mostras e festivais e vídeos por demanda (VoD).

A Metodologia 

Os membros da Concid que aplicam as política pública da Classificação Indicativa se baseiam sobre três principais temas que são levados em consideração a para atribuição das faixas etárias: Sexo, Violência e Drogas - conteúdos que são considerados inadequados à formação de crianças e adolescentes. A Cocind avalia esses temas de acordo com a frequência, relevância, contexto, intensidade e importância dos temas para a trama. A partir daí, a análise passa por três etapas: descrição fática, tendências de indicação e aspectos temáticos, contextuais e informativos. Após a conclusão dos processos, a obra é encaminhada para o diretor do departamento que avalia todas essa informações e confirma a classificação dada pelos membros.

Vale a pena ressaltar que a Cocind citou em seu manual que orientação sexual não é critério para agravar classificação indicativa. Desse modo, cenas de afeto entre um casal heterossexual ou homossexual recebem a mesma classificação. Diante desse quadro, a banca também cita que a apresentação das cenas em uma obra contribuem para o estímulo à diversidade e, dependendo da cena, podem até mesmo atenuar a sua classificação, enquanto cenas de violência e discriminação são agravantes para o aumento da faixa etária da obra. Eles também especificaram que seu trabalho é de caráter meramente informativo, e que, portanto, não possuem nenhuma competência legal para proibir ou censurar qualquer obra. 

Diante de tudo que falei, os membros da Cocind elaboraram a seguinte tabela que indica como a classificação das faixas etárias é feita e os horários de exibição. Ou seja, todos os conteúdos que são exibidos na TV recebem uma indicação etária e são exibidos no horário indicado pela própria Banca.




 E no caso de livros e HQ's? Como é feita a classificação?


As obras publicadas se enquadram no padrão de Autoclassificação, como citei acima. Ou seja, as próprias editoras atribuem uma classificação etária, havendo posteriormente uma avaliação perante aos membros da Cocind que vão liberar ou não a reprodução do conteúdo de acordo com a classificação etária indicada. A classificação também pode ser reconsidera após a denúncia de qualquer conteúdo e Cocind atendem todas as denúncias feitas, não importa qual seja o conteúdo. Logo, você, como pai, educador, ou responsável, precisa estar atento as classificações das obras e, com essa informação, decidir o tipo de material que seu filho deve ou não consumir. Dito tudo isso, podemos deixar claro que o prefeito da cidade não precisa se preocupar em classificar ou julgar os materiais. Existe uma instituição ideológica e não partidária que trabalha fazendo exatamente isso por ele. A censura é a forma mais baixa de limitar e proibir o acesso da população; o direito de expressão é garantido em nossa constituição brasileira e nós não iremos nos calar. 

Ah, e vocês podem consultar e verificar o trabalho da Cocind por aqui. Basta digitar o nome do material desejado e verificar todos os detalhes relacionados. No site vocês podem também encontrar os materiais que utilizei para a elaboração do texto.

Leiam. Leiam livros de romance. De Ficção. Leiam distopias. Leiam romances históricos. Leiam história. Ler é um ato político. Ler é um ato de pensamento. Ler é um ato de liberdade. 



“Qualquer livro que valha a pena ser banido é um livro que vale a pela ser lido” Isaac Asimov



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Ei! Tudo bem?
Espero que sim :)

Hoje seria, provavelmente, um dos dias mais difíceis da minha vida no blog: preciso resenhar o livro Antes que tudo Acabe da Amanda Maia. Como leitora beta dos livros da autora, eu me senti muito pressionada ao fazer uma resenha decente para esse livro que é tão marcante para a carreira da Amanda. Então, hoje não será um dos dias mais difíceis, porque eu decidi dar para vocês motivos para ler esse livro cheio de sentimentos no lugar de resenha-lo.

Autor(a): Amanda Maia
Editora: Autor Independente (publicação Amazon)
Gênero: Romance
Páginas: 508
Sinopse: No ano de 2008, dois jovens se encontraram em circunstâncias nada agradáveis, e, para Ellie, seu maior desafio naquela época era permitir que Lincoln se aproximasse. Mesmo com todas as tentativas de se afastar daquele que um dia seria seu marido Ellie não resistiu aos encantos de Lincoln. O que eles não sabiam quando disseram sim no altar é que seis anos depois estariam enfrentando problemas que nenhum deles um dia sequer imaginou. O casamento está por um fio e Lincoln parece ter se decidido: eles vão se divorciar. Para ele, recomeçar é uma tentativa de salvar um barco que já afundou. Mas para ela, ainda há uma chance. Fantasmas do passado assombram a vida dos dois e ambos se veem em um impasse; se divorciar e seguir em frente ou superar e tentar de novo?


Amanda Maia
A Amanda é uma autora de romances, que está se aproximando bastante do New Adult, gênero que será seu próximo livro. O fato, porém, é que eu preciso destacar sua originalidade e sua sagacidade ao escrever uma história. Ela é, com certeza, uma autora completa. Como eu tive a oportunidade de estar perto da construção de Antes que tudo Acabe soube o quanto ela estudou para criar o cenário e a cultura do local, já que a história se passa em Aspen. Uma coisa eu amo na Amanda é que nenhuma história simplesmente é. De alguma forma ela sempre consegue criar uma plot em seus livros e podem ter certeza que vocês serão surpreendidos. Então ao começar uma obra da autora, saibam que no final vocês estarão lendo sobre algo que nunca imaginaram estar lendo e, o melhor, tudo faz sentido e está devidamente ligado. Nenhuma ponta solta.

Ellie 
A protagonista da história pode irritar (quase) todos os leitores, mas também serão esses mesmos leitores que vão ama-la com todas as forças, exatamente pela força da personagem. Ellie é surpreendente, porque sua construção é lenta e, aos poucos, você consegue entender os motivos da personagem, você cria empatia por suas ações e quer se aproximar dela, passa a compreender e quer ajudar ela a manter sua relação com Lincoln, que também deveria ser um dos motivos para alguém realizar a leitura, porque ele é simplesmente um dos melhores personagens do universo literário.

A relação 
O casal da história começa de um jeito um pouco diferente. Ao contrário do que a gente espera, eles não estão se aproximando, na verdade, eles estão se afastando. E são com pedaços do passado dos personagens que a gente entende o motivo da separação ser a única solução que Lincoln enxerga. Já Ellie, que sempre pareceu insensível e nenhum pouco compreensiva com a relação que construiu com Lincoln, passa a se importar em um reconstrução no casamento. Ellie quer mostrar que viver vale a pena e mais, que viver ao lado de quem ama vale ainda mais.

O maior motivo para ler é o livro
Eu poderia ficar aqui por muito tempo escrevendo sobre os motivos que levariam um leitor do gênero romance romântico a querer ler Antes que tudo Acabe, mas seria inútil se eu não destacasse o livro em si. Como eu disse, a Amanda surpreende o leitor, então embarquem nessa história sabendo que ela será emocionante, apaixonante, triste, feliz e muito sentimental. Impossível não terminar derramando algumas lágrimas, porque essa é uma história sobre reconstrução, é uma história real, é improvável que você não crie empatia pelos personagens, pela situação e se sinta presente ali, porque todo mundo em algum momento da vida precisou repensar nas próprias ações e se reconstruir a partir disso. A obra é exatamente sobre isso.

Além de eu ser leitora beta dos livros da Amanda, ela faz parceria com o blog e, por isso, o livro foi cedido pela autora. Porém, vocês também podem adquirir sua edição na Amazon clicando aqui. Espero que esses quatro motivos tenham empolgado vocês a conhecer um pouquinho mais da história de Ellie e Lincoln.

Um beijo e paz no coraçãozinho de vocês! ✩

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Olá, pessoas.

Tudo bem com você?

Estou de volta com mais uma edição do Chá das Seis. Como vocês sabem, a proposta do quadro é discutir e comentar sobre algum tema e batermos um papo de maneira mais descontraída e sair um pouquinho do modelo livro-resenha. Para a edição de hoje, resolvi conversar um pouquinho com vocês a respeito de depressão, aproveitando que estamos em setembro, mês que se tornou conhecido como o mês de valorização da vida e prevenção ao suicídio e falar sobre a depressão e suas vertentes é um dos objetivos para o mês. Para não fugir muito da temática do site, no final do post, vocês irão encontrar uma lista bem bacana que fiz com alguns livros que abordam, dentre outros temas, a depressão e suas consequências.

Já peço desculpas de antemão pois o texto de hoje também será bem extenso, mas ao mesmo tempo, procurei fazê-lo da maneira mais didática e responsável possível, visto que é um tema bem delicado e sensível e a abordagem errada muitas vezes desencadeiam o efeito contrário das postagens. Como de costume, os links de todas as pesquisas e sites se encontram no texto, caso desejem se aprofundarem mais nos conteúdos abordados.

Afinal, o que é depressão?

Reconheço que é um tema que vem ganhando cada vez mais atenção das pessoas, principalmente nos últimos anos. Hoje em dia, é muito fácil encontrar qualquer material sobre a doença na internet, ou ler em livros, revistas, assitir em filmes e séries; As escolas também vem buscando apresentar o tema para os alunos através de algumas palestras e existem inúmeros programas sociais que visam expor a doença e seus tratamentos, no entanto, ainda o assunto é abordado de maneira superficial e existe muita gente que repete - de maneira errada - que depressão é apenas a pessoa estar triste e cabisbaixa. O principal paradigma que devemos quebrar é de imaginar que a doença seja algo recente. Ao longo da história humanidade, grandes pensadores, artistas, políticos, filósofos (basicamente pessoas que  construíram a maneira com que pensamos hoje em dia) também sofreram do distúrbio em algum momento de suas vidas. Como exemplo, Vincent Van Gogh, Abraham Lincoln, Albert Einstein e Charles Darwin. Com isso, pode-se concluir que a depressão não é exclusividade da nossa sociedade altamente tecnológica e desenvolvida - ainda que esses fatores possam servir de catalisadores - a depressão sempre existiu, mas a cada novo ano, é assustador o número de pessoas que são diagnosticados com a doença. O assunto é tão sério que a OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta a doença como o Mal do Século e estima-se que 10% da população mundial sofre da doença. 

Em uma explicação simples, a depressão é uma doença que se caracteriza por sentimentos de prostração, perda de interesse e prazer, culpa, baixa auto estima, distúrbios de sono e na alimentação, cansaço e deficit de concentração. É muito importante fazer a separação entre a doença do que se sentir triste. A tristeza, assim como a raiva e alegria, por exemplo, é um sentimento inevitável e que também possui a sua importância. A morte de uma pessoa próxima, um término de relacionamento, a perda de um emprego ou a não realização de algum sonho ou objetivo são situações muito difíceis de serem lidadas e é normal as pessoas ficarem nesse estágio letárgico, o famoso período de luto, a reposta padrão para esse tipo de situação. A diferença entre ambos é quando esse sentimento exacerbado de tristeza começa a impedir a realização de atividades cotidianas. O diagnóstico é muito delicado e deve-se ficar atento aos detalhes muito sutis para que se possa definir corretamente uma pessoa que está passando por uma situação difícil ou que sofre de depressão. Procure ajuda médica especializada. Muitas vezes, a dificuldade em identificar os sinais ou a falta de informação sobre o transtorno, levam as pessoas a confundirem os sintomas, mas um médico irá saber exatamente qual abordagem seguir de forma a identificar ou não a depressão no indivíduo.

 “O contrário da depressão não é a alegria, mas, sim, a vitalidade”. - Andrew Solomon, autor de O Demônio do Meio-Dia.



Mesmo já tendo visto que a depressão é um assunto mais antigo do que pensávamos, qual a justificativa para essa crescente explosão de casos? O primeiro que vale a pena citar, é a expansão da tecnologia e uso das redes sociais. Hoje em dia é muito mais fácil se comunicar do que quarenta anos atrás. As pessoas também têm tido mais acesso à informação e existem inúmeras formas de você obter com facilidade notícias, artigos e sites sobre basicamente qualquer conteúdo que você tenha interesse. Diante desse quadro, é natural que se fale mais da doença, no entanto, o mundo caótico em que vivemos também contribuiu para o aumento dos casos. Devemos ser produtivos e trabalhar cada vez mais, por horas cada vez mais longas em trabalhos cada vez mais estressantes e que nos exigem demais. Enfrentamos fila, engarrafamento e trânsito, temos medo de assalto, atentado terrorista, poluição e aquecimento global. Existem inúmeros fatores que posso citar e muitas vezes, diante de todo esse quadro, é muito mais fácil encaixar a palavra "estresse" no diagnóstico. O médico André Astete também pontua o uso excessivo de álcool e outras substâncias como uma das causas para o aparecimento do transtorno. A dependência química é um outro fator que aparecem nas pesquisas mais recentes como uma das causadoras do aparecimento da depressão. Então, de acordo com tudo que falei, os altos níveis de estresse, a vivência de uma experiência traumática ou o abuso de bebidas alcóolicas e drogas podem causar depressão? Não necessariamente. De acordo com  Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, é necessário que o indivíduo possua a predisposição genética para se manifestar. Os fatores ditos acima funcionam como gatilho que podem desencadear a doença, mas a depressão não é causada particularmente por eles. O preocupante é que, em nossa sociedade moderna, existem cada vez mais "gatilhos".

A depressão é uma doença silenciosa e que pode se manifestar de maneiras distintas, de acordo com o nível que o paciente possui e da combinação dos fatores que causaram. Dito isso, eu encontrei uma lista bem completa com os sintomas mais comuns que as pessoas geralmente apresentam. Mais uma vez, saliento a importância de manter em mente que cada diagnóstico é exclusivo e particular e somente será aplicado a você. O mais importante, caso você apresente algum desses sintomas, é procurar um medico especializado, que será capaz de realizar os exames mais adequados para assim traçar a severidade da doença e ser capaz de escolher a melhor abordagem para o tratamento. A depressão é uma doença séria e que mata, porém, felizmente, existe cura, é tratável e controlável. É muito importante que um médico seja o responsável pelo seu tratamento e a escolha das medicações precisam ser adequadas com o diagnóstico. Nunca faça uso de nenhuma medicação sem indicação médica. Quanto maior o nível de informação, mais fácil se torna de entender como a depressão funciona e quais são os tratamentos disponíveis. O mais importante de tudo é a pessoa saber que ela não está sozinha e existem pessoas que se preocupam com seu bem estar. Pensando nisso, resolvi trazer pra vocês um lista com alguns livros que me ajudaram muito a entender melhor como a doença funciona e também perceber a seriedade do tema.

Livro 1: O Demônio do Meio-Dia - Andrew Solomon


Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 836 páginas
Sinopse: Lançado em 2000, O demônio do meio-dia continua sendo uma referência sobre a depressão, para leigos e especialistas. Com rara humanidade, sabedoria e erudição, o premiado autor Andrew Solomon convida o leitor a uma jornada sem precedentes pelos meandros de um dos temas mais espinhosos e complexos de nossos dias. Entremeando o relato de sua própria batalha contra a doença com o depoimento de vítimas da depressão e a opinião de especialistas, Solomon desconstrói mitos, explora questões éticas e morais, descreve as medicações disponíveis, a eficácia de tratamentos alternativos e o impacto que a depressão tem nas várias populações demográficas (sejam crianças, homossexuais ou os habitantes da Groenlândia).


Livro 2: As Vantagens de Ser Invisível - Stephen Chbosky


Editora: Rocco
Número de Páginas: 224 páginas
Sinopse: Ao mesmo tempo engraçado e atordoante, o livro reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe – a não ser pelo que ele conta ao amigo nessas correspondências –, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela. As dificuldades do ambiente escolar, muitas vezes ameaçador, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir “infinito” ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário. Íntimas, hilariantes, às vezes devastadoras, as cartas mostram um jovem em confronto com a sua própria história presente e futura, ora como um personagem invisível à espreita por trás das cortinas, ora como o protagonista que tem que assumir seu papel no palco da vida. Um jovem que não se sabe quem é ou onde mora. Mas que poderia ser qualquer um, em qualquer lugar do mundo.

Livro 3: Se Não Houver Amanhã - Jennifer L. Armentrout


Editora: Universo dos Livros
Número de Páginas: 384 páginas
Sinopse:  Lena Wise está sempre ansiosa pelo dia seguinte, especialmente porque está começando o último ano da escola. Ela está decidida a passar o máximo de tempo possível com os amigos, completar as inscrições da faculdade e talvez informar seu melhor amigo de infância, Sebastian, sobre o que realmente sente por ele. Para Lena, o próximo ano vai ser épico — um ano de oportunidades e conveniências. Até que uma escolha, um instante… destrói tudo. Agora Lena não está ansiosa pelo dia seguinte. Não quando o tempo que dedica aos amigos pode nunca mais ser o mesmo. Não quando as inscrições para a faculdade podem ser qualquer coisa, menos viáveis. Não quando há o risco de Sebastian jamais perdoá-la pelo que aconteceu. Pelo que ela permitiu que acontecesse. À medida que sua culpa aumenta, Lena está ciente de que sua única esperança é superar o ocorrido. Mas como é possível seguir em frente quando a existência inteira, tanto dela quanto a de seus amigos, foi transformada? Como seguir em frente quando o amanhã sequer é garantido?

Livro 4: Uma História Meio Que Engraçada - Ned Vizzini 


Editora: Leya
Número de Páginas: 296 páginas
Sinopse:  O que aconteceria se você descobrisse que a maior idealização da sua vida não era aquilo que você esperava? O adolescente Graig Gilner vai perceber que, até mesmo ao atingir um objetivo, nem sempre as coisas saem da forma como deveriam. Mas aprenderá também que, mesmo nas adversidades, é possível fazer novos amigos, se apaixonar e encontrar motivos para viver. Como muitos adolescentes determinados a vencer na vida, Craig Gilner acredita que asua entrada na Executive Pre-Professional High School de Manhattan é o passaporte para o seu futuro. Obstinado a ter uma vida de sucesso, Craig estuda dia e noite para gabaritar no exame de admissão, e consegue. A partir daí, o que deveria ser o dia mais importante da sua vida, acaba marcando o início de um sufocante pesadelo. 

Espero que com esse texto e com as dicas das obras, eu tenha ajudado de alguma forma a esclarecer algumas questões com relação a essa doença. É de suma importância que a ajuda profissional seja procurada o mais cedo possível, podendo assim, traçar a melhor estratégia de tratamento. Espero que vocês tenham gostado da postagem de hoje e lembrem-se que estamos abertos a qualquer dúvida, crítica ou sugestão e, caso vocês conheçam algum outro livro que retrate o tema, deixa aqui pra mim nos comentários, eu vou adorar saber.



Não importa o que você esteja passando na sua vida, haverá sempre alguém disposto a te ouvir, te ajudar e segurar a sua mão e te ajudar a procurar ajuda especializada. Você não está sozinho no mundo, sua vida importa e você irá conseguir superar.

Vai ficar tudo bem.



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Ainda perdida e ainda tentando achar luz em textos alheios e palavras autorais. Amante de café, literatura, fotografia, cinema, viagens e amor.

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