Vamos falar sobre depressão?

by - setembro 06, 2019


Olá, pessoas.

Tudo bem com você?

Estou de volta com mais uma edição do Chá das Seis. Como vocês sabem, a proposta do quadro é discutir e comentar sobre algum tema e batermos um papo de maneira mais descontraída e sair um pouquinho do modelo livro-resenha. Para a edição de hoje, resolvi conversar um pouquinho com vocês a respeito de depressão, aproveitando que estamos em setembro, mês que se tornou conhecido como o mês de valorização da vida e prevenção ao suicídio e falar sobre a depressão e suas vertentes é um dos objetivos para o mês. Para não fugir muito da temática do site, no final do post, vocês irão encontrar uma lista bem bacana que fiz com alguns livros que abordam, dentre outros temas, a depressão e suas consequências.

Já peço desculpas de antemão pois o texto de hoje também será bem extenso, mas ao mesmo tempo, procurei fazê-lo da maneira mais didática e responsável possível, visto que é um tema bem delicado e sensível e a abordagem errada muitas vezes desencadeiam o efeito contrário das postagens. Como de costume, os links de todas as pesquisas e sites se encontram no texto, caso desejem se aprofundarem mais nos conteúdos abordados.

Afinal, o que é depressão?

Reconheço que é um tema que vem ganhando cada vez mais atenção das pessoas, principalmente nos últimos anos. Hoje em dia, é muito fácil encontrar qualquer material sobre a doença na internet, ou ler em livros, revistas, assitir em filmes e séries; As escolas também vem buscando apresentar o tema para os alunos através de algumas palestras e existem inúmeros programas sociais que visam expor a doença e seus tratamentos, no entanto, ainda o assunto é abordado de maneira superficial e existe muita gente que repete - de maneira errada - que depressão é apenas a pessoa estar triste e cabisbaixa. O principal paradigma que devemos quebrar é de imaginar que a doença seja algo recente. Ao longo da história humanidade, grandes pensadores, artistas, políticos, filósofos (basicamente pessoas que  construíram a maneira com que pensamos hoje em dia) também sofreram do distúrbio em algum momento de suas vidas. Como exemplo, Vincent Van Gogh, Abraham Lincoln, Albert Einstein e Charles Darwin. Com isso, pode-se concluir que a depressão não é exclusividade da nossa sociedade altamente tecnológica e desenvolvida - ainda que esses fatores possam servir de catalisadores - a depressão sempre existiu, mas a cada novo ano, é assustador o número de pessoas que são diagnosticados com a doença. O assunto é tão sério que a OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta a doença como o Mal do Século e estima-se que 10% da população mundial sofre da doença. 

Em uma explicação simples, a depressão é uma doença que se caracteriza por sentimentos de prostração, perda de interesse e prazer, culpa, baixa auto estima, distúrbios de sono e na alimentação, cansaço e deficit de concentração. É muito importante fazer a separação entre a doença do que se sentir triste. A tristeza, assim como a raiva e alegria, por exemplo, é um sentimento inevitável e que também possui a sua importância. A morte de uma pessoa próxima, um término de relacionamento, a perda de um emprego ou a não realização de algum sonho ou objetivo são situações muito difíceis de serem lidadas e é normal as pessoas ficarem nesse estágio letárgico, o famoso período de luto, a reposta padrão para esse tipo de situação. A diferença entre ambos é quando esse sentimento exacerbado de tristeza começa a impedir a realização de atividades cotidianas. O diagnóstico é muito delicado e deve-se ficar atento aos detalhes muito sutis para que se possa definir corretamente uma pessoa que está passando por uma situação difícil ou que sofre de depressão. Procure ajuda médica especializada. Muitas vezes, a dificuldade em identificar os sinais ou a falta de informação sobre o transtorno, levam as pessoas a confundirem os sintomas, mas um médico irá saber exatamente qual abordagem seguir de forma a identificar ou não a depressão no indivíduo.

 “O contrário da depressão não é a alegria, mas, sim, a vitalidade”. - Andrew Solomon, autor de O Demônio do Meio-Dia.



Mesmo já tendo visto que a depressão é um assunto mais antigo do que pensávamos, qual a justificativa para essa crescente explosão de casos? O primeiro que vale a pena citar, é a expansão da tecnologia e uso das redes sociais. Hoje em dia é muito mais fácil se comunicar do que quarenta anos atrás. As pessoas também têm tido mais acesso à informação e existem inúmeras formas de você obter com facilidade notícias, artigos e sites sobre basicamente qualquer conteúdo que você tenha interesse. Diante desse quadro, é natural que se fale mais da doença, no entanto, o mundo caótico em que vivemos também contribuiu para o aumento dos casos. Devemos ser produtivos e trabalhar cada vez mais, por horas cada vez mais longas em trabalhos cada vez mais estressantes e que nos exigem demais. Enfrentamos fila, engarrafamento e trânsito, temos medo de assalto, atentado terrorista, poluição e aquecimento global. Existem inúmeros fatores que posso citar e muitas vezes, diante de todo esse quadro, é muito mais fácil encaixar a palavra "estresse" no diagnóstico. O médico André Astete também pontua o uso excessivo de álcool e outras substâncias como uma das causas para o aparecimento do transtorno. A dependência química é um outro fator que aparecem nas pesquisas mais recentes como uma das causadoras do aparecimento da depressão. Então, de acordo com tudo que falei, os altos níveis de estresse, a vivência de uma experiência traumática ou o abuso de bebidas alcóolicas e drogas podem causar depressão? Não necessariamente. De acordo com  Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, é necessário que o indivíduo possua a predisposição genética para se manifestar. Os fatores ditos acima funcionam como gatilho que podem desencadear a doença, mas a depressão não é causada particularmente por eles. O preocupante é que, em nossa sociedade moderna, existem cada vez mais "gatilhos".

A depressão é uma doença silenciosa e que pode se manifestar de maneiras distintas, de acordo com o nível que o paciente possui e da combinação dos fatores que causaram. Dito isso, eu encontrei uma lista bem completa com os sintomas mais comuns que as pessoas geralmente apresentam. Mais uma vez, saliento a importância de manter em mente que cada diagnóstico é exclusivo e particular e somente será aplicado a você. O mais importante, caso você apresente algum desses sintomas, é procurar um medico especializado, que será capaz de realizar os exames mais adequados para assim traçar a severidade da doença e ser capaz de escolher a melhor abordagem para o tratamento. A depressão é uma doença séria e que mata, porém, felizmente, existe cura, é tratável e controlável. É muito importante que um médico seja o responsável pelo seu tratamento e a escolha das medicações precisam ser adequadas com o diagnóstico. Nunca faça uso de nenhuma medicação sem indicação médica. Quanto maior o nível de informação, mais fácil se torna de entender como a depressão funciona e quais são os tratamentos disponíveis. O mais importante de tudo é a pessoa saber que ela não está sozinha e existem pessoas que se preocupam com seu bem estar. Pensando nisso, resolvi trazer pra vocês um lista com alguns livros que me ajudaram muito a entender melhor como a doença funciona e também perceber a seriedade do tema.

Livro 1: O Demônio do Meio-Dia - Andrew Solomon


Editora: Companhia das Letras
Número de Páginas: 836 páginas
Sinopse: Lançado em 2000, O demônio do meio-dia continua sendo uma referência sobre a depressão, para leigos e especialistas. Com rara humanidade, sabedoria e erudição, o premiado autor Andrew Solomon convida o leitor a uma jornada sem precedentes pelos meandros de um dos temas mais espinhosos e complexos de nossos dias. Entremeando o relato de sua própria batalha contra a doença com o depoimento de vítimas da depressão e a opinião de especialistas, Solomon desconstrói mitos, explora questões éticas e morais, descreve as medicações disponíveis, a eficácia de tratamentos alternativos e o impacto que a depressão tem nas várias populações demográficas (sejam crianças, homossexuais ou os habitantes da Groenlândia).


Livro 2: As Vantagens de Ser Invisível - Stephen Chbosky


Editora: Rocco
Número de Páginas: 224 páginas
Sinopse: Ao mesmo tempo engraçado e atordoante, o livro reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe – a não ser pelo que ele conta ao amigo nessas correspondências –, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela. As dificuldades do ambiente escolar, muitas vezes ameaçador, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir “infinito” ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário. Íntimas, hilariantes, às vezes devastadoras, as cartas mostram um jovem em confronto com a sua própria história presente e futura, ora como um personagem invisível à espreita por trás das cortinas, ora como o protagonista que tem que assumir seu papel no palco da vida. Um jovem que não se sabe quem é ou onde mora. Mas que poderia ser qualquer um, em qualquer lugar do mundo.

Livro 3: Se Não Houver Amanhã - Jennifer L. Armentrout


Editora: Universo dos Livros
Número de Páginas: 384 páginas
Sinopse:  Lena Wise está sempre ansiosa pelo dia seguinte, especialmente porque está começando o último ano da escola. Ela está decidida a passar o máximo de tempo possível com os amigos, completar as inscrições da faculdade e talvez informar seu melhor amigo de infância, Sebastian, sobre o que realmente sente por ele. Para Lena, o próximo ano vai ser épico — um ano de oportunidades e conveniências. Até que uma escolha, um instante… destrói tudo. Agora Lena não está ansiosa pelo dia seguinte. Não quando o tempo que dedica aos amigos pode nunca mais ser o mesmo. Não quando as inscrições para a faculdade podem ser qualquer coisa, menos viáveis. Não quando há o risco de Sebastian jamais perdoá-la pelo que aconteceu. Pelo que ela permitiu que acontecesse. À medida que sua culpa aumenta, Lena está ciente de que sua única esperança é superar o ocorrido. Mas como é possível seguir em frente quando a existência inteira, tanto dela quanto a de seus amigos, foi transformada? Como seguir em frente quando o amanhã sequer é garantido?

Livro 4: Uma História Meio Que Engraçada - Ned Vizzini 


Editora: Leya
Número de Páginas: 296 páginas
Sinopse:  O que aconteceria se você descobrisse que a maior idealização da sua vida não era aquilo que você esperava? O adolescente Graig Gilner vai perceber que, até mesmo ao atingir um objetivo, nem sempre as coisas saem da forma como deveriam. Mas aprenderá também que, mesmo nas adversidades, é possível fazer novos amigos, se apaixonar e encontrar motivos para viver. Como muitos adolescentes determinados a vencer na vida, Craig Gilner acredita que asua entrada na Executive Pre-Professional High School de Manhattan é o passaporte para o seu futuro. Obstinado a ter uma vida de sucesso, Craig estuda dia e noite para gabaritar no exame de admissão, e consegue. A partir daí, o que deveria ser o dia mais importante da sua vida, acaba marcando o início de um sufocante pesadelo. 

Espero que com esse texto e com as dicas das obras, eu tenha ajudado de alguma forma a esclarecer algumas questões com relação a essa doença. É de suma importância que a ajuda profissional seja procurada o mais cedo possível, podendo assim, traçar a melhor estratégia de tratamento. Espero que vocês tenham gostado da postagem de hoje e lembrem-se que estamos abertos a qualquer dúvida, crítica ou sugestão e, caso vocês conheçam algum outro livro que retrate o tema, deixa aqui pra mim nos comentários, eu vou adorar saber.



Não importa o que você esteja passando na sua vida, haverá sempre alguém disposto a te ouvir, te ajudar e segurar a sua mão e te ajudar a procurar ajuda especializada. Você não está sozinho no mundo, sua vida importa e você irá conseguir superar.

Vai ficar tudo bem.



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1 comentaram

  1. Gostei do seu post, seu site é muito bom mesmo, estou toda semana visitando e lendo seus artigos.

    Parabéns!

    Meu Blog: Saude Cap

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