O Caso da Mansão Deboën | Resenha

by - abril 27, 2019

Foto: Vai Lendo

E aí, gente! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Geralmente reservo o último sábado de cada mês para postar a resenha referente ao desafio King que resolvi trazer aqui pra vocês no site. Caso vocês ainda não tenham visto, clica aqui pra ler a resenha que saiu no sábado passado para o mês de abril sobre Saco de Ossos, prometo que vão gostar. ♥ 

Eu inverti a ordem porque eu quis dedicar um tempo maior a leitura do livro O Caso da Mansão Deboën, do autor Edgar Cantero, trazido ao Brasil pela nossa querida editora Intrínseca. O livro primeiramente havia sido publicado através do clube intrínsecos (clique aqui para ler mais sobre) e agora chegou às livrarias de todo o país. Recebemos o nosso exemplar em parceria com a editora e hoje vim falar um pouquinho sobre esse livro que traz um gostinho de nostalgia e faz homenagens muito especiais a outras obras do gênero. 

Vamos lá?

Autor: Edgar Cantero
Editora: Intrínseca
Gênero: Ficção
Número de páginas: 351
Sinopse: Em 1977, quatro adolescentes inquietos e um simpático cachorro foram até o enigmático lago da cidade de Blyton Hills para desvendar um mistério envolvendo a Mansão Deboën. Em vez de monstros assustadores e espíritos vingativos, o grupo descobriu que tudo não passava da tramoia de um criminoso em uma fantasia de salamandra. No entanto, mal sabiam eles que tudo que viram e ouviram naquele dia ainda os aterrorizaria por muito tempo. Mais de uma década depois, a vida de todos os integrantes do Clube dos Detetives de Blyton vai de mal a pior. Andy sente que não se encaixa em lugar algum, Kerri busca consolo para seus medos na bebida, Nate se interna voluntariamente em hospitais psiquiátricos e tem a constante companhia do fantasma de Peter, que se tornou um astro de Hollywood (mas morreu de overdose). Já Sean... Bom, Sean era um cachorro, e Tim, seu bisneto, não se importa em ocupar o lugar de fiel escudeiro de Kerri. Quando Andy se convence de que eles não pegaram o verdadeiro culpado treze anos antes, o grupo precisa se reunir para tentar entender o que realmente aconteceu naquele fatídico verão. E dessa vez eles têm certeza de que a resposta é muito mais macabra e perigosa do que imaginavam.

"Eu teria conseguido se não fosse esse bando de adolescentes enxeridos e esse cachorro idiota."  Se você, assim como eu, foi criança ou adolescente no final da década de 90 e início dos anos 2000 e possuía o hábito de assistir desenhos animados, eu tenho certeza que você automaticamente pensou em um desenho em específico, correto? Se você pensou em Scooby Doo, meus parabéns! Você acertou. Em O Caso da Mansão Deboën, Edgar buscou inspiração nas aventuras vividas por Fred, Daphne, Velma, Salsicha e o atrapalhado cachorro para criar sua história, uma versão mais madura e sombria do desenho, com um toque sobrenatural, de terror e elementos apocalípticos.

Dessa vez os protagonistas fazem parte do Clube dos Detetives de Blyton que são formados por Peter, Nate, Andy, Carrie e o cachorro da equipe, Sean. Juntos, ainda quando adolescentes, resolveram o caso da Mansão Deboën, desmascarando o vilão por trás da fantasia do monstro do lago e pondo fim a uma das lendas locais mais famosas que rondava a cidade. Treze anos após a resolução do incidente e dos términos das investigações, Andy resolve unir o grupo e retornar mais uma vez para a mansão em busca de um ponto final para essa história, pois, mesmo os eventos terem acontecido a tanto tempo atrás, os personagens ainda se encontram atormentados pelos eventos testemunhados na Mansão. Andy é a encrenqueira do grupo e possui sérios problemas com a polícia. Kerrie, o "cérebro" do time é uma bióloga frustrada que desperdiça seu tempo como garçonete. Nate, se torna obcecado por ocultismo e magia negra resolve se internar em um hospital psiquiátrico para se livrar do fantasma de Peter, último membro do Clube que se tornou um ator famoso, porém, morreu de overdose. A morte de Peter dispara o gatilho em Andy em reunir o grupo novamente, uma vez que o caso ainda não estava totalmente resolvido. Junto com Tim, bisneto de Sean, o cachorro que fazia parte da formação original, partem de volta a sua cidade natal em busca de respostas para os terríveis eventos que marcaram tanto a vida dos personagens. O livro se propôs a trazer essa vibe nostálgica e realmente funciona: Pelo menos durante as primeiras partes da obra, senti como se estivesse assistindo a um episódio de Scooby Doo quando tinha 12 anos de idade; depois a obra toma um rumo diferente, mas iremos comentar isso mais adiante. Eu realmente gostei muito da escrita de Edgar, muito rápida e bem humorada. O livro é irônico e brinca muito com os clichês encontrados no famoso desenho, mas mesmo assim consegue trazer uma narrativa original e empolgante. O autor não perde tempo ou abusa em capítulos para descrever cada um dos personagens. Todos eles são apresentados intercalando capítulos que já estão inseridos no objetivo principal da trama. Isso é muito bom pois dá um gás na leitura, principalmente nas primeiras páginas. Todos os personagens são muito bem "demarcados" e você logo se afeiçoa a algum deles.

Foto Gabriel Ferrari

Como disse, o livro é lotado de referências e é muito gratificante pro leitor juntar essas peças e montar o quebra cabeça proposto pelo autor. Ao meu ver, O Caso da Mansão Deboën é um livro que traz grandes homenagens a grandes obras do gênero. Mesmo que se arrisque em cair nas mesmices e sofrer das infinitas comparações entre as obras, Edgar consegue criar uma história que soa ao mesmo tempo nostálgica e original. Digo isso pois logo quando comecei a ler, pesquei uma referência com o emblemático IT, do mestre King (ele de novo, Gabriel, sério?) A montagem da história é bem semelhante, como o grupo de crianças que enfrenta o mal, suas vidas se separam, mas ainda convivem com os fantasmas do seu passado e em algum momento são obrigados a se reunirem novamente para a batalha final. Até o suicídio de um dos personagens se assemelha com a história.  Felizmente, as comparações terminam aí. O autor transforma a história e traz diversos elementos mágicos como rituais, sacrifícios e cria uma história de terror com elementos pós apocalípticos. Com certeza bem diferente de um episódio de Scooby Doo, não concordam? 

A escrita de Edgar é realmente engraçada e ácida. Em todos os momentos, o autor exprime muita identidade em sua escrita e é uma leitura que é capaz de entreter e divertir o leitor. O livro é uma produção cinematográfica, principalmente nas cenas de confrontos e fugas. Ele é muito ágil nas descrições das cenas e é muito fácil para o leitor imaginar as cenas. Particularmente, eu não curti muito o vilão da história disposto a acordar uma criatura milenar para destruir o mundo. Achei que o vilão poderia ter sido mais explorado e tido motivações maiores e melhores do que apenas: quero a destruição do mundo. Por outro lado, fui pego de surpresa ao ver os elementos mágicos e apocalípticos da história. Definitivamente não esperava  por essa guinada na história, mas creio que tenha sido uma boa saída para o autor desvencilhar sua obra das já citadas anteriormente. Outro ponto que gostaria de destacar é que não considero o livro como uma história de terror. Apesar de possuírem alguns elementos que lembrem, é uma história bem levinha e você não irá perder o sono. Achei também que a relação de Nate com o fantasma de Peter foi muito pouco explorada. O autor perdeu ali uma grande oportunidade de trazer cenas interessantes para a obra, contudo, o relacionamento entre os amigos (os vivos, pelo menos) é muito legal e verdadeiro. O autor também traz uma abordagem diferenciada através de Andy e o conflito que a personagem sente por ser apaixonada por sua amiga Karrie. Achei algo válido e que soube ser explorado pelo autor sem soar artificial ou deslocado na história.

Em suma, O Caso da Mansão Deboën é um ótimo livro investigativo que procurou fugir das mesmices do gênero. Apesar de alguns pontos negativos, não fiquei de fato incomodado com a leitura e senti que fluiu muito bem, além de ter me divertido demais enquanto lia. Foi realmente uma homenagem do autor que ainda foi capaz de criar uma história mega original. Para finalizar, não poderia deixar de dizer que a capa desse livro é simplesmente maravilhosa, ouso dizer que é uma das mais bonitas que possuo na minha estante. Certamente é um livro que você deve dar uma chance. 

O Caso da Mansão Deboën foi cedido em parceria com a Editora Intrínseca. 
Nota: 3,0 / 5,0 


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