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365 Cores do Universo

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Foto: Além do Livro

Olá, pessoas!

Hoje é 30 de março, ou seja, o último sábado do mês! Então, o que isso significa? Sim, isso mesmo, hoje é dia de Desafio King!

Para quem  não sabe, eu me dispus a fazer parte de um desafio em que, durante o presente ano, irei ler ao menos um livro de Stephen King por mês e trazer uma resenha especial que fará parte do Desafio King. As resenhas desse desafio saem sempre no último sábado de cada mês e para quem ainda não viu, em janeiro iniciei o desafio com Sobre a Escrita e em fevereiro trouxe o adorável Joyland. O livro escolhido para março foi o primeiro romance publicado por King, lá no longínquo ano de 1974 e uma de suas obras mais famosas e conhecidas, Carrie, A Estranha. 


Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Terror
Número de Páginas: 200
Sinopse: Carrie é uma adolescente tímida e solitária. Aos 16 anos, é completamente dominada pela mãe, uma fanática religiosa que reprime todas as vontades e descobertas normais aos jovens de sua idade. Para Carrie, tudo é pecado. Viver é enfrentar todo dia o terrível peso da culpa. Para os colegas de escola, e até para os professores, Carrie é uma garota estranha, incapaz de conviver com os outros. Cada vez mais isolada, ela sofre com o sarcasmo e o deboche dos colegas. No entanto, há um segredo por trás de sua aparência frágil: Carrie tem poderes sobrenaturais, é capaz de mover objetos com a mente. No dia de sua formatura, Carrie é surpreendida pelo convite de Tommy para a festa - algo que lhe dá a chance de se enxergar de outra forma pela primeira vez. O ato de crueldade que acontece naquele salão, porém, dá início a uma reviravolta cheia de terror e destruição. Chegou a hora do acerto de contas. Carrie, a estranha é um dos maiores clássicos de terror da literatura contemporânea e um dos livros mais aclamados de Stephen King.

Apesar de já ter assistido a duas versões cinematográficas lançadas para contar a história de Carrie, sempre tive muita curiosidade de saber a forma com que King havia escrito o livro. Para quem não sabe, Carrie foi o primeiro livro do autor publicado por uma editora, lá no ano de 1974, após se rejeitado por tantas outras editoras e jornais que se recusaram a publicar alguma das histórias escritas por ele. Felizmente, desde seu lançamento, Carrie se tornou um fenômeno mundial e causou grande alvoroço no mercado editoral, sendo reconhecido até os dias de hoje como uma das melhores e mais originais histórias criadas por King.

O principal motivo que me fez escolher e trazer a história de Carrie para esse desafio, é que sempre tive muita curiosidade de ler a primeira história escrita por King e poder comparar com a imagem que temos do autor hoje em dia. Todos nós sabemos que o mesmo possui uma maneira muito particular para criar e estruturar suas histórias e muitos leitores reclamam que King se tornou muito prolixo ao longo dos anos, abusando de descrições e capítulos que nada acrescentam à história de fato. Tendo em mãos sua primeira história, pude perceber que o talento da escrita do autor já estava presente, porém, o resultado é uma escrita muito mais crua. Com o tempo King foi se aperfeiçoando e trazendo histórias cada vez mais complexas, mas em Carrie ele já dava os primeiros sinais do caminho que pretendia trilhar. Simplesmente sensacional. Meu único adendo e que já vou deixar claro desde já é que senti que a história foi pouco aproveitada pelo autor, até por falta de experiência. Iremos discutir em detalhes mais adiante, porém, a impressão que tive é que a história poderia ter sido ainda mais grandiosa do que ela de fato é.

Como não deve ser surpresa pra ninguém visto que os filmes fizeram um enorme sucesso, na obra somos apresentados a adolescente Carrieta White, uma menina tímida, sem amigos e sem a menor perspectiva sobre o que é a vida. Carrie possui uma relação muito difícil e conturbada com sua mãe, uma fanática religiosa que controla cada passo dado pela filha e a educa de forma a achar que tudo que as cerca é fruto do pecado. Como se já não fosse ruim suficiente, sua mãe a culpa pelo próprio nascimento, dizendo que era fruto do demônio. Leve, né? Carrie possui uma vida muito difícil na escola, sofre bullying das demais alunas e é tida como a "caipira do rolê." Após uma aula de educação física em que a jovem sofre diversos tipos de violência, Carrie descobre que possui poderes telecinéticos e consegue movimentar objetos a sua volta apenas com o poder da mente. A história toda se constrói enquanto a adolescente precisa entender o que de fato está acontecendo com ela e a controlar seus poderes, enquanto sofre as consequências do relacionamento abusivo praticado por sua mãe e o período difícil que passa na escola. No dia da sua formatura, Carrie é convidada por Tommy - o menino mais popular da escola - a ser seu par na festa e a jovem finalmente tem esperanças de começar a ter uma vida minimamente normal. Obviamente tudo havia sido um grande plano arquitetado por outros colegas da escola para pregar uma peça na menina, porém, o desfecho de seus atos culminam em uma tragédia sem precedentes na história da cidade. 

O livro chega no ano de 2018, no auge dos seus 44 anos super atual e antenado mediante das discussões levantadas nos dias de hoje. É uma leitura bem densa que retrata além das consequências do controle parental, o fanatismo religioso, abusos físicos, mentais, bullying, violência, entre outros. King opta por dividir o livro entre os eventos que aconteceram na cidade, desde o início da conturbada vida escolar de Carrie até a chacina no baile de formatura com recortes de jornais e artigos científicos de pessoas que estão estudando as origens dos poderes telecinéticos de Carrieta. Confesso que essa separação não me agradou muito e por várias vezes me confundi sobre o que estava lendo. A leitura, em alguns momentos também se torna um pouco massante e você tem a sensação de que nada está acontecendo. É nesse ponto que acho que King poderia ter explorado mais os poderes de Carrie, incluindo-os em mais cenas, tornando a leitura mais interessante; felizmente, é um livro bem curto e a leitura flui bem, apesar desses momentos. O resultado é uma narrativa morna em quase sua totalidade, a única cena que se destaca no livro inteiro é a fatídica noite do baile e seus terríveis desdobramentos. As cenas são tão impactantes e características do King que conhecemos hoje que senti que foi ali naquela cena que o nosso King nasceu.


Cena do Filme Carrie (2013). Foto: Cine Pop 


Carrie, A Estranha possui a melhor vibe dos anos 70 no qual ele é inserido e o autor não abusa das descrições de lugares e personagens. Senti que foi uma escrita muito mais direta do que estamos acostumados com o autor. Com relação aos personagens que permeiam a obra, nenhum se destaca além da mãe de Carrie, que é simplesmente detestável e eu queria que aquela mulher ardesse na fogueira durante o livro todo. Os diálogos e castigos aplicados na filha por pecar são totalmente repugnantes e eu queria estrangular a mulher. Todas essas experiências vão incumbindo em Carrie uma raiva sem tamanho e a jovem perde o controle de seus poderes após a tão famosa cena da coroação do baile (se você já assistiu o filme ou leu o livro sabe do que estou falando). Novamente destaco a importância dessa cena para a obra que se tornou tão icônica que é lembrada até os dias de hoje e sempre citada como uma das mais geniais e bem escritas do autor.

Ela não era um monstro. Era só uma garota.

Em suma, Carrie apresenta um Stephen King tímido, ainda lutando para entender seus poderes, assim como Carrie. É uma obra coesa e com um final arrebatador, mas que não tem nada demais. O livro, apesar de bons momentos é monótono e pouco impactante (exceto a cena do baile!!!), mas acredito que seja uma boa experiência, principalmente para conhecermos os primeiros passos de King rumo ao estrelato. Recomendo o livro para você que, assim como eu, deseja ter acesso a todo o acervo do autor. Ahh, e uma curiosidade para finalizar a resenha de hoje: Não sei se vocês sabem, mas logo após finalizar o manuscrito de Carrie, o autor simplesmente detestou e jogou fora. Foi sua esposa Thabata que o convenceu a enviar para a editora. Ainda bem, não é mesmo?


Nota: 3,0/5,0

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Foto: Google
Olá, pessoas!

Mais uma edição do chá das seis no ar, puxa uma cadeira e pegue sua xícara, porque hoje o assunto é longo. Enquanto estava arrumando a minha estante, tentei organizar meus livros de forma a agrupar os que possuíam assuntos em comum. Livros policiais, narrativas históricas, distopias, críticas sociais... Todos nós sabemos muito bem que nenhum campo da arte faz melhor que a literatura na hora de ensinar sobre algum tema. Os autores capricham em suas pesquisas e criam histórias únicas que nos fazem refletir por dias (ou, no meu caso, até semanas), sobre o assunto principal que a história se baseia.

Estou dizendo isso porque percebi que tenho muitos livros que retratam as consequências do bullying na vida das pessoas, seja em ambiente de trabalho, escola ou até mesmo em casa. Enxerguei aí então uma oportunidade de falar com vocês a respeito de um tema que muito se debate, mas que ainda causa muitos danos em nossa vida. Além de batermos um papo sobre e as principais formas que o bullying pode se manifestar, vou aproveitar e deixar pra vocês algumas dicas de livros que discutem o tema para enriquecer o nosso debate, combinado? Espero que vocês gostem e lembrem-se: Nos deixem sugestões de temas para trazermos aqui no Chá das Seis. É muito importante que esse quadro seja construído com e para vocês. 

Apesar de ser um tema relativamente novo e que vem ganhando repercussão e espaço na mídia, o bullying sempre existiu mascarado sob a fachada de "é só uma brincadeirinha inocente". Por falta de apoio ou até mesmo conhecimento, as gerações passadas sofriam caladas os abusos por justamente achar ser normal tal comportamento depreciativo e nada saudável. Com o passar dos anos, foi sendo possível desmistificar essa história de que a brincadeira quando possui objetivo de humilhar alguma característica física, social ou comportamental faz mal, mata e causa muitos danos nas vidas das pessoas. 

O que mais vejo em postagens do Facebook e afins, postagens dizendo o quanto nossa geração é chata, que qualquer coisinha vira motivo para problematizar e que nem se pode mais fazer brincadeiras que já vira ofensa. Muitas vezes quem repete esse discurso sequer para pra pensar no tipo de brincadeira que está fazendo com o amiguinho na escola, o colega de trabalho ou o primo de segundo grau. Muitas vezes o que começa apenas como uma violência verbal se transforma em algo físico e brutal. Não me entendam mal, a primeira etapa do abuso já é tão prejudicial quanto a violência física; independente do tipo de abuso que a vítima sofre, as cicatrizes dessa violência serão carregadas para sempre. 

Em 1974, Stephen King publicou seu premiado Carrie, a Estranha (Spoiler: A resenha irá sair amanhã aqui no site). Em uma década em que esse tipo de debate não era nem um pouco comum, King narrou o inferno vivido pela adolescente Carriera e todos o as agressões praticadas por seus colegas de escola justamente por possuir uma educação religiosa rígida e não se comportar como uma típica adolescente. Seu jeito de andar, de falar e de vestir eram alvos de chacota da garotada que a apelidavam com os mais diversos apelidos. Aqui também podemos destacar os abusos vividos pela protagonista também em sua casa, diante da difícil e conturbada relação com sua mãe, uma fanática religiosa. Apesar de ser uma obra de terror e ficção em que Carrie possui poderes telecinéticos, é válido fazer uma correspondência à violência em mundo escolar. A adolescente cansada de sofrer os abusos mentais, físicos e psicológicos, perde o controle de seus poderes e faz uma verdadeira chacina na escola, se vingando de todos que a ofenderam durante todos esses anos. 


Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Terror
Número de Páginas: 200
Sinopse: Carrie é uma adolescente tímida e solitária. Aos 16 anos, é completamente dominada pela mãe, uma fanática religiosa que reprime todas as vontades e descobertas normais aos jovens de sua idade. Para Carrie, tudo é pecado. Viver é enfrentar todo dia o terrível peso da culpa. Para os colegas de escola, e até para os professores, Carrie é uma garota estranha, incapaz de conviver com os outros. Cada vez mais isolada, ela sofre com o sarcasmo e o deboche dos colegas. No entanto, há um segredo por trás de sua aparência frágil: Carrie tem poderes sobrenaturais, é capaz de mover objetos com a mente. No dia de sua formatura, Carrie é surpreendida pelo convite de Tommy para a festa - algo que lhe dá a chance de se enxergar de outra forma pela primeira vez. O ato de crueldade que acontece naquele salão, porém, dá início a uma reviravolta cheia de terror e destruição.

Sei que o próximo livro dessa lista eu já falei inúmeras vezes aqui para vocês, mas não me canso de ressaltar a importância dessa obra. Em Lua de Larvas, da escritora Sally Gardner, o jovem Standish vive em um mundo governado por um regime totalitário e altamente controlador. O jovem que sofre de dislexia e ainda possui heterocromia é diariamente humilhado por professores e alunos por suas dificuldade em ler e aprender os conteúdos passados, facilmente absorvidos pelas demais crianças. Muitas vezes temos a ideia de que somente os outros alunos praticam as agressões contra a vítima, mas a falta de preparo da instituição e do corpo docente também são armas para essa violência. Alguns diálogos da narrativa são realmente bem difíceis de serem lidos e como a história se passa toda a partir da perspectiva do Standish, é possível perceber o quanto essas coisas o chateiam e mexem diretamente com sua autoestima. 


Autor(a): Sally Gardner
Editora: WMF Martins Fontes
Gênero: Drama, distopia
Número de páginas: 291
Sinopse: Standish Treadwell é um jovem disléxico que vê o mundo de maneira diferente da maioria. Graças a essa visão, ele percebe que o mundo lá de fora não tem que ser necessariamente cinzento e opressor. Quando seu melhor amigo, Hector, é de repente levado embora, Standish percebe que cabe a ele, a seu avô e a um pequeno grupo de rebeldes enfrentar e derrotar a opressão permanente das forças da Terra Mãe. 



Talvez o próximo livro que trago para essa lista você já tenha ouvido falar: O ódio que você semeia, da escritora Angie Thomas. O título do livro talvez seja a melhor definição para bullying já criado e nessa leitura temos um choque de realidade a cada página. É uma leitura altamente densa, social e crítica, que aborda não só o bullying, mas o racismo, que infelizmente, andam de mãos juntas. O livro retrata como o mundo em que vivemos encontra-se dividido por intolerâncias sociais e raciais e como tais violências exercem impacto direto na vida da protagonista Starr. O livro, apesar de ser uma história juvenil, retrata de maneira crua e verídica o quão cruel e preconceituosa a sociedade em que vivemos é. Não é uma leitura fácil, mas extremamente necessária para os dias de hoje.



Autor(a): Angie Thomas
Editora: Galera Record
Gênero: Drama
Número de páginas: 378
Sinopse: Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro contra o racismo em tempos tão cruéis e extremos. Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz.


Como disse, o bullying não se categoriza apenas como os abusos vividos na escola ou ambiente de trabalho. Muitas vezes, as pessoas são obrigadas a esconderem quem verdadeiramente são como forma de proteção. Em Boy Erased temos a dolorosa jornada contada pelo autor durante o período que participou de um programa de conversão para "curá-lo" de sua homossexualidade. Percebam que as violências que discutimos lá no início do texto e que começam na escola como brincadeiras se desdobram em graves problemas sociais. Além do racismo, homofobia é uma das maiores causas de morte e nesse livro é retratado em detalhes todos os abusos sofridos pelo protagonista, a relação conturbada com seu pai e as terríveis consequências do programa.


Autor(a): Garrard Conley
Editora: Intrínseca
Gênero: Drama
Número de páginas: 320
Sinopse: Em seu elogiado livro de estreia, Garrard Conley revisita as memórias do doloroso período em que participou de um programa de conversão que prometia “curá-lo” da sua homossexualidade. Garrard ― filho de um pastor da igreja Batista, criado em uma cidadezinha conservadora no sul dos Estados Unidos ― foi convencido pelos próprios pais a apagar uma parte de si. Em uma tentativa desesperada de agradá-los e de não ser expulso do convívio da família, ele quase se destruiu por completo, mas encontrou forças para buscar sua identidade e hoje é ativista contra as terapias de conversão.


Você certamente ouviu falar da história de Hannah Baker, a adolescente que resolve tirar sua vida, mas antes grava diversas fitas explicando todos os motivos que a levaram a se suicidar. A série trazida pela Netflix, adaptação literária de Os 13 Porquês mostra de maneira perfeita o estrago que o bullying pode causar na vida de uma pessoa. Apesar das minhas ressalvas com relação à história, resolvi colocar na lista pois demonstra como o bullying é praticado em ambiente escolar e a falta de preparo dos profissionais para lidar com essa difícil questão. Alguns momentos do livro são realmente muito tristes e verdadeiros e dói ler sobre como Hanna se sente subjulgada perante seus colegas de classe, professores e seus pais. O livro também irá abordar outros temas, como machismo e abuso sexual.


Autor(a): Jay Asher
Editora: Ática
Gênero: Drama
Número de páginas: 255
Sinopse: Ao voltar da escola, Clay Jensen encontra na porta de casa um misterioso pacote com seu nome. Dentro, ele descobre várias fitas cassetes. O garoto ouve as gravações e se dá conta de que elas foram feitas por Hannah Baker - uma colega de classe e antiga paquera -, que cometeu suicídio duas semanas atrás. Nas fitas, Hannah explica que existem treze motivos que a levaram à decisão de se matar. Clay é um desses motivos. Agora ele precisa ouvir tudo até o fim para descobrir como contribuiu para esse trágico acontecimento.


Creio que esse texto esteja ficando demasiadamente longo e acho que vou encerrar por aqui. Apesar de ter citado apenas 5 livros, existem inúmeros títulos que retratam justamente as consequências do bullying em nossa sociedade. Você conhece mais algum? Deixa aqui pra mim nos comentários. É muito importante que cada vez mais o tema seja explorado na literatura, no cinema e no teatro para que possamos, de uma vez por toda, acabar com isso.  O que começa como a brincadeira de escola, culmina em morte, depressão, sofrimento. Seus desdobramentos são inúmeros: Violência, homofobia, racismo, segregação racial. Muitas vezes não compreendemos o peso que nossas palavras possuem e o que pra você é uma brincadeira, para o outro machuca. 


Obrigado, foi um ótimo chá.
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Ei! Tudo bem?
Espero que sim :)

Eu não sei aí, mas no Rio de Janeiro as coisas só começam a funcionar de verdade depois do carnaval. Esse ano, porém, o carnaval foi em Março e isso quer dizer que muitas coisas ficaram atrasadas na vida daqueles que decidiram adiar as atividades até que o ano começasse de fato. Fui uma dessas pessoas, preciso dizer.

Agora que o carnaval já passou e em um piscar de olhos Abril já terá chegado, eu vim aqui finalmente abrir a nossa sessão de postagens sobre estudo, organização, planejamento, redação, ENEM, vestibular, faculdade e muito mais. Esse era um projeto de 2018 que eu queria muito ter realizado, mas decidi que seria melhor deixar para o ano seguinte, momento em que eu teria maior noção dos assuntos citados.

Hoje, entretanto, decidi começar bem básica, falando sobre organização, um mal da sociedade brasileira e quiçá do mundo todo. A prova que organização/planejamento não é o nosso forte é deixar as coisas para depois do carnaval, é sempre deixar para depois aquilo que pode ser feito agora ou, pior, deixar para agora aquilo que pode ser feito depois; o inverso acontece constantemente e a gente não percebe que isso pode se tornar desmotivador.

Posso falar isso muito bem, porque passei a me tornar uma planejadora nata quando percebi que essa era a minha única forma de contornar a ansiedade. Descobri que funcionava e que muita gente queria seguir os mesmos passos que eu, por isso fiz duas publicações no ano passado sobre o assunto, vocês podem vê-las clicando aqui. A postagem que teve maior visualização foi exatamente sobre construir um planejamento e fazer com que ele funcione (clique aqui para ler), por isso decidi que eu iria revisar a lista que eu fiz ano passado e adicionar coisas nessa publicação.

Seguindo essas dicas vocês já vão estar se planejando para qualquer assunto, seja para trabalho, para casa, para estudo e para vestibular/ENEM, é de fato bem amplo para que todos sejam agregados no assunto, porém, já adianto que farei postagens específicas.

1. Tudo bem não seguir o seu planejamento;
Provavelmente você não estava imaginando que eu iria começar dessa forma, juro que entendo. Por muito tempo me cobrei rigidamente a seguir aquilo que eu anotava nos horários da minha agenda, me cobrava mesmo. Isso, porém, não faz sentido algum! Comecei a me organizar porque sabia que funcionava para a minha vida, mas principalmente para a minha ansiedade, porém, façam uma reflexão sobre como eu me sentia quando algo saia de uma forma que eu não planejava. Era como seguir uma estrada que eu já conhecia, sabia o caminho de olhos fechados, mas em algum momento ela se desviava para duas direções e eu não sabia qual seguir. A ansiedade piorava e eu me via em uma vazio.

Então ao mesmo tempo em que planejar aliviava, não seguir esse planejamento (e em boa parte do tempo era inevitável não seguir) me deixava ainda mais ansiosa. Percebi que isso não era algo individual, quem tem ou quem não tem problemas com ansiedade se sente da mesma maneira, cada um interpreta do seu jeito, mas a maior parte das pessoas enxerga a situação como uma falha.

Vivemos em um mundo que não é individual, a consulta no médio marcado às três horas da tarde pode se desenrolar para mais de duas horas do planejado porque a ação não dependia só de você, existe um coletivo. O almoço marcado com os amigos pode atrasar porque o ônibus pode sim quebrar no meio do caminho. Aquele sábado que foi organizado minunciosamente pode não ser tão produtivo quanto estava no pensamento. E gente, tá tudo bem.

Por isso comecei com esse ponto, questão que infelizmente não comentei em alguns momentos necessários. As coisas podem e vão se desviar sem ao menos a gente perceber e isso acontece por uma série de fatores que fazem parte da vida e a gente precisa lidar, isso é viver, não veja como um problema o que pode ser uma solução.

2. Organizações nem sempre são belas;
Um minuto para esse tópico que é muito importante. A gente vive em um mundo conectado, o Gabriel até falou sobre o assunto no Chá das Seis do dia 15/03 (leia aqui), então é óbvio que em algum momento a gente vai se deparar com a "perfeição", essas aspas são necessárias porque perfeição é algo muito relativo. A gente vai encontrar vidas belas e influenciadores que estarão falando sobre facilidade das coisas e mostrando um bullet journal de dar inveja. A realidade não é assim.

Pode ser que tenham pessoas que consigam se organizar maravilhosamente bem e usar canetas coloridas para deixar as anotações mais inspiradoras, mas eu garanto que mais da metade do mundo não consegue funcionar dessa maneira. A organização, o planejamento, a forma que a gente leva a nossa vida é a coisa mais pessoal que existe. Alguns preferem anotar em uma folha A4, outros preferem tabelas no Excel, tem aqueles que adoram um celular para nunca sair de perto deles e ainda os que conseguem organizar tudo na própria cabeça. É muito relativo afirmar qual é a melhor solução, porque a melhor solução é aquela que você escolhe para você mesmo. 

3. Não faça pressão em si mesmo;
A vida é complicada, e esse é o comentário mais óbvio que eu fiz nessa publicação, mas é a verdade. A vida é complicada, as pessoas são difíceis e em todo momento estamos sendo pré-julgados. Eu poderia falar outro comentário simples, não ligue para o que pensem de vocês, e seria lindo que as coisas fossem assim, tão fáceis, mas não são. Então no lugar de dizer que é necessário largar o outro para pensar em si mesmo (façam isso de qualquer forma, porque é de extrema importância), pense em si mesmo e pronto.

Pressão a gente vai encontrar por todos os lados, todo mundo quer algo a mais de você, todo mundo vai querer da pitaco na vida alheia, às vezes sem intenção alguma de fazer isso. Então por qual motivo a gente vai continuar colocando mais carga em cima de quem nós somos? Não é fácil, mas se questionarmos isso todos os dias a vida vai ficando mais leve e tudo será organizado com mais facilidade.

Não precisamos seguir sempre o planejamento. Não precisamos nos forçar a fazer o que não queremos. Não precisamos perder tempo com aquilo que não nos faz bem, o que é tóxico. Nós simplesmente não precisamos. O que precisamos é entender quem somos para colocarmos nossas vontades e desejos em primeiro lugar. Precisamos de uma vida mais fácil.

4. Mudanças são necessárias e são incríveis;
É muito fácil sair falando sobre isso tudo, mas imagina se tudo der errado. Tudo aquilo que você queria. Por isso é importante se monitorar, saber os erros para concerta-los e destacar mesmo os acertos. É a melhor motivação que há para que esse funcionamento não se torne um trabalho árduo.

É claro que também é necessário perceber que algumas coisas necessitam de mudanças, ter um planejamento, por exemplo, é muito legal, mas às vezes não funciona e isso não é uma falha sua, talvez seja algo momentâneo ou talvez simplesmente não funciona mais para você. Então tá tudo bem acabar com tudo e começar novamente, ou não. Sintam-se livres, organizar algo é muito pessoal, só você conhece seu próprio jeito de ser.

5. Nunca é tarde. 
Quando eu era pequena meu pai gostava de afirmar que eu nunca teria certeza na minha vida além da morte, e dizia ainda que ela poderia acontecer em qualquer momento por qualquer circunstância. Você deve pensar o quão malvado ele era, mas logo depois disso tudo ele acrescentava que: isso não é motivo para você deixar de viver.

Se a gente pensar no que já passou ou no que, talvez, nunca vá acontecer, a vida vai passar mesmo. Não adianta ficar se arrependendo ou se martirizando por algo, a gente sempre tem a oportunidade de recomeçar algo e seguir em frente. Não existe motivo algum para a gente deixar de viver, não existe mesmo. Então acreditem, não é tarde demais para recomeçar. Não é tarde para agir e fazer aquilo que gostamos.


Foram cinco pontos que eu considero muito importante, mais importante do que repassar todas aqueles assuntos que eu já comentei anteriormente sobre como fazer anotações, como fazer o dia render mais, como fazer isso e como fazer aquilo. Tenham em mente o que eu falei nessa postagem de hoje, porque é isso que importa quando a gente quer tentar organizar o nosso dia, nossos estudos, nosso ambiente de trabalho e familiar, enfim, quando a gente quer mudar algo e fazer com que ele seja mais fácil para nós mesmo. Isso é organização, não é arrumar o quarto que estava bagunçado, organização é, na verdade, nos acharmos no meio do turbilhão de coisas que a vida coloca em nossa frente, é achar nós mesmos, por isso que é um trabalho minucioso e que pode acontecer de tudo.

Espero que vocês tenham gostado dessa postagem, prometo falar mais sobre mais assuntos no estilo e em coisas mais específicas. Vestibular, faculdade e ENEM serão meu foco em 2019, mas sintam-se a vontade em pedir algum tema.

Um beijo e paz no coraçãozinho de vocês! ✩

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Foto: Livro Doce Livro

E aí, gente, tudo bem com vocês?

Eu espero que muito bem!

Todo leitor sabe muito bem que durante nossa vida construímos a nossa zona de conforto literária que, basicamente se constitui dos autores, obras e gêneros que mais sentimentos afinidade. No meu caso, minha zona é formada por suspense, terror e thrillers psicológicos (esse é o momento que vocês fazem cara de surpresa!)

Se entrasse numa livraria e me deparasse com O Ano Em Que Te Conheci, da Cecelia Ahern, eu, provavelmente não daria sequer uma olhada na sinopse, pois sei que a autora escreveu grandes romances que se tornaram best sellers e adaptações cinematográficas de sucesso, como PS: Eu Te amo e Simplesmente Acontece. Particularmente o gênero não me agrada, principalmente pela característica básica que todo o romance se baseia que é a escrita água com açúcar, dentre outros clichês do estilo. Li muito pouco na vida, acho que apenas dois ou três exemplares e foi o bastante para enxergar que os livros, apesar de autores distintos, seguiam a mesma fórmula. 

Como vocês bem sabem, eu e Cecis fazemos parte de um clube do livro junto com alguns outros amigos em que cada um indicou dois volumes e que são sorteados durante os meses para serem lidos e, posteriormente, discutido com o grupo. Eis que entramos em um primeiro conflito: Dessa vez temos leitores diferentes, com gostos diferentes e zonas de conforto diferentes. Temos que ler os livros todos os meses e nosso objetivo é justamente nos desafiarmos e sair dessa zona de conforto, descobrindo assim, autores e livros novos. Como já devem imaginar, o livro para o mês de março foi a obra de Cecelia; devo confessar que torci o nariz e fiquei com aquela preguicinha de ler, mas fui pego de surpresa e acabou se tornando uma das leituras mais prazerosas que fiz esse ano. Um baita tapa na cara, hein, Gabriel?



Autor(a): Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Gênero: Romance
Número de Páginas: 331
Sinopse: Bem-vindos ao mundo imperfeito de Jasmine e Matt. Vizinhos, eles não têm o menor interesse em tornarem-se amigos e nunca haviam se falado antes. Estavam sempre ocupados demais com suas carreiras para manter qualquer tipo de contato. Jasmine, mesmo sem nunca tê-lo encontrado, tem motivos para não suportar Matt. Ambos estão em uma licença forçada do trabalho e sofrendo com seus dramas familiares. Eles precisam de ajuda. Na véspera de Ano-Novo, os olhares de Jasmine e Matt se encontram de forma inusitada pela primeira vez. Eles têm muito tempo livre e estão em uma encruzilhada. Conforme as estações do ano passam, uma amizade improvável lentamente começa a florescer. Uma história dramática, original e divertida como só Cecelia Ahern é capaz de escrever.


Eu nem preciso comentar com vocês que foi o meu primeiro contato com a autora, né? Apesar de ter assistido alguma de suas adaptações mais famosas, nunca tive muito interesse em ler algo da Cecelia. Acho que livros de romance são gêneros pouco aproveitados, uma vez que os autores poderiam construir histórias mais complexas do que simplesmente utilizar os clichês que todos nós já estamos cansados de conhecer. Era com essa imagem que comecei a ler O Ano Em Que Te Conheci, contudo, Cecelia me mostrou que é possível sim escrever um livro do gênero de maneira autêntica, divertida, fugindo das zonas de senso comum tão características. A cada página eu me sentia mais envolvido com os personagens e mesmo que não seja uma leitura que irá te marcar ou te fazer ficar refletindo por horas e horas, é um livro bem agradável de se ter em mãos para um sábado chuvoso em que você se perde e passa horas lendo (e olha quem está falando isso, o leitor de suspense).

Não gostar de você me deu alguma coisa em que eu possa me concentrar. Não gostar de você se tornou meu emprego em tempo integral. 

Em O Ano Que Te Conheci somos apresentados a Jasmine e Matt, duas pessoas que moram na mesma rua e basicamente se odeiam. Matt trabalha como locutor em um programa de rádio que vai ao ar tarde da noite e sempre traz temas e opiniões bem polêmicas sobre os assuntos discutidos. Já Jasmine trabalha em uma empresa responsável por criar ideias para outras empresas. Os dois não se conhecem pessoalmente, mas Jasmine já o odeia, pois todas as noites, Matt chega bêbado em casa, fazendo o maior estardalhaço e acordando a vizinha toda. A relação com sua esposa e filhos também não é nada boa e a família vive brigando e discutindo, apenas contribuindo para a imagem que Jasmine possui dele. Por conta de inúmeros problemas e após a polêmica envolvendo o último programa de Matt que foi ao ar durante a noite de ano novo, a radio resolve afastá-lo do trabalho até tudo ser resolvido. Na mesma semana, sua mulher cansada das crises alcoólicas e dos episódios de estresse e descontrole do marido, pega seus filhos e vai embora. Como se já não fosse ruim o bastante, o filho mais velho de Matt publica um vídeo na internet dizendo coisas horríveis do pai.

Jasmine é uma mulher bem sucedida que desde cedo aprendeu a se cuidar sozinha, pois perdeu sua mãe muito jovem após ser vítima de um câncer. Desde então se responsabilizou por cuidar de sua irmã mais velha, Heather, que possui Síndrome de Dawn. As coisas estavam indo bem até Jasmine ser demitida da empresa que ajudou a fundar e agora se vê obrigada a ficar de licença por um ano, até que possa novamente ingressar no mercado de trabalho. Presos em suas respectivas casas, os vizinhos precisam encontrar uma forma de conviverem pacificamente e juntos encontram o apoio necessário para lidar com seus problemas e dramas familiares, enquanto uma forte amizade nasce entre Jasmine e Matt que percebem que as pessoas são muito mais do que aparentam ser. 


Você é tudo que eu não gosto nas pessoas. Seus pontos de vista, suas opiniões, suas discussões que não fazem nada para consertar o problema que você finge querer consertar e na verdade só provavam ataques raivosos e comportamentos de gente baixa. Você fornece um ponto de encontro para o ódio e o racismo ganhem voz, mas apresenta isso como liberdade de expressão. É por isso que não gosto de você; e, por razões pessoais, eu o abomino.

O livro brinca o tempo todo com os esteriótipos que fazemos em nossa cabeça e a forma com que formamos as nossas opiniões a respeito de uma pessoa, baseada em atitudes específicas ou pensamentos de terceiros. Jasmine não suporta Matt pelas incontáveis noites de bebedeira e confusões. Por esse contexto, ela acredita que Matt seja um péssimo marido e um pai ausente e após a separação de sua mulher, essa imagem se torna ainda mais clara para ela. Por conta de seu programa e suas opiniões muitas vezes controversas a respeito de assuntos, Jasmine também possui uma imagem de que Matt é grosso, ignorante e muitas vezes até burro. Certa vez, em um programa que discutia sobre a Síndrome de Dawn, a forma com que o tema foi abordado no programa deixou Jasmine furiosa, pois ela não acreditava estar ouvindo situações tão genéricas e estereotipadas de sua irmã, por exemplo. Aos poucos, diante da convivência forçada em que os vizinhos precisam passar, Jasmine e Matt descobrem que suas opiniões a respeito de cada um deles não se concretizam diante da complexidade de cada um. Aos poucos, os julgamentos que fazia de Matt vão sendo quebrados e uma outra imagem passa a surgir. Ambos se tornam amigos e passam a se ajudarem diante das dificuldades de cada um deles.

Foto: Livroterapia



O Ano Em Que Te Conheci realmente me pegou de surpresa por alguns motivos. Eu não esperava mesmo que o livro fosse tão bem escrito e confesso que agora bate até uma vontade de conhecer outras obras da autora. Cecelia sabe dosar exatamente na narrativa que não se transforma em algo monótono e chato. O livro, apesar de não possuir nenhum ponto alto ou clímax, consegue se sustentar em um ritmo bem agradável e de fácil leitura. Ao mesmo tempo, sua narrativa é engraçada e envolvente e eu realmente curti muito a construção dos personagens que são trazidos para a história, principalmente a irmã de Jasmine, Heather. Obviamente existem alguns pontos que a autora "forçou a barra" para criar situações na história, mas o uso de conveniências foi tímido e não chegou a me incomodar durante a narrativa. O que mais me deixou feliz é que a autora, em momento algum, utilizou a tão crítica fórmula dos livros do gênero. Os protagonistas não se envolvem em um triângulo amoroso, não possui nenhuma cena de casamento, beijo na chuva ou declarações de amor eterno. Yay!


No entanto, você é prova de que é possível achar que se conhece alguém sem nunca conhecer de verdade. O que aprendi é que você é mais, mais do que finge ser, mais do que acredita ser. Você não é nada menos que terrível a maior parte do tempo, mas ser menos do que você acredita ser acabou afastando as pessoas. Acho que às vezes você gosta de fazer isso e também entendo. Pessoas magoadas magoam as pessoas.


A grande sacada de Cecelia foi construir uma história real sobre amizade, empatia, amor ao próximo e compaixão. O Ano Em Que Te Conheci trás de maneira muito pertinente a forma com que julgamos e formamos nossas opiniões sem de fato conhecer as pessoas que nos rodeiam. A partir do momento que Jasmine deixa seus pré conceitos de lado com relação a Matt, encontra ali uma amizade improvável e uma pessoa muito mais complexa e humana, totalmente diferente da imagem que possuía dele. Muitas vezes nós nos afastamos e evitamos nos aproximar de uma certa pessoa porque ouvimos algo a respeito dela que não gostamos ou concordamos. É uma história que retrata como podemos aprender novas lições de vida e ensinamentos de pessoas que sequer imaginávamos capazes de tal. 

No ano em que te conheci, conheci a mim mesma. Você deveria fazer o mesmo, porque acho que vai encontrar um bom homem. 

Fico muito feliz de ter finalizado a leitura com mais pontos positivos do que negativos para pontuar e agora vejo que foi uma ótima indicação para o nosso clube do livro. De maneira análoga, a leitura de O Ano em Que Te Conheci foi capaz de me mostrar que existem boas histórias escondidas atrás de um gênero em que sempre fiz pré julgamentos. Certamente darei outras chances a livros da autora e a outros autores do gênero.


Nota: 3,5/5,0


Compre O Ano Em Que Te Conheci: Amazon | Submarino



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Ei! Tudo bem?
Separe sua xícara, temos muito que conversar hoje!

Não sei vocês, mas eu amo quando estou extremamente cansada e consigo um tempo para deitar no sofá, comer alguma coisa acolhedora e assistir algum programa de estilo de vida na televisão. Isso significa ficar vendo TLC ou Discovery Home & Health. Esses dias, porém, percebi algo que todos eles tem em comum: a vida é uma droga, nós somos pessoas com milhares de falhas e precisamos concerta-las até virarmos protagonistas de um filme de Hollywood.

É claro que esses programas possuem roteiros dramáticos e muita falsidade para que exista a emoção ideal para que queiramos assistir. Mas também é claro que eles conseguem de fato mostrar a realidade das pessoas, como elas se sentem no seu lugar do mundo.

A moda moldou os estereótipos de beleza, a forma "certa" de se vestir e aos poucos quem se sentia oprimido com a situação passou a mostrar sua força em protestos. A calça, por exemplo, era um símbolo de poder masculino, em 1800, Paris - França, existia uma lei que determinava que mulheres que utilizavam calças na rua poderiam ser presas! A lei, entretanto, só acabou de verdade em 2003. É claro que no meio do caminho temos histórias de mulheres fortes que lutaram para mudar a questão, como a estilista francesa Coco Chanel.

Outro fato foi os comerciais americanos que, atualmente, são ridicularizados, mas que mostravam que o papel da mulher era cozinhar e servir seus dois filhos lindos e marido forte e poderoso que sustenta a família. Esses comerciais, questões religiosas, e o conservadorismo ajudaram a popularizar o título "família tradicional" que, infelizmente, ainda escutamos muito sobre isso por aí.

Mas em qual lugar eu quero chegar? Não achem que estou aqui porque acordei e pensei em como a história foi errada e como nós estamos a repetindo. Na verdade, eu estava assistindo Queer Eye (eu disse que falaria mais vezes sobre), a terceira temporada para ser mais precisa, e percebi que esse é o programa de estilo de vida mais perfeito que existe. Antes eu pensava que a genialidade estava nos ensinamentos contra preconceitos que a sociedade tem, homofobia e racismo são os principais. Conhecer a história de cinco caras gays autointitulados 5fab (de cinco fabulosos) é incrível, porque eles querem ensinar e aprender com histórias de pessoas que estão lutando diariamente para conseguir se aceitar e achar seu espaço no mundo. Todavia, apesar desse ser um dos pontos fortes, eu reparei - finalmente - que Queer Eye é sobre quem a gente precisa ser e não sobre quem o outro acha que precisamos ser, o que muda completamente do programa que joga suas roupas fora em um cesto de lixo porque alguém acha, alguém se intrometeu na sua vida e disse que aquelas roupas não são boas, aquelas roupas não vão te fazer conquistar um espaço na sociedade que exige personagens de Hollywood. Isso é mentira!

Em Queer Eye, o foco é descobrir quem você é, sua essência e te mostrar que você é belo desse jeito, que você tem um lugar no mundo e é isso que faz você ser quem você realmente é. Enquanto em alguns lugares a gente quer mostrar pessoas falsas, os 5fab querem que você se aceite e seja feliz da maneira que você escolheu.

Porém, também não estou aqui para ficar elogiando um programa, mas sim para falar o que isso representa. A gente passa a nossa vida inteira em meios coletivos, o individual só existe de fato quando estamos deitados na nossa cama com os pensamentos à flor da pele. E eu lhe pergunto, quem estará com você nesse momento além de você? Ninguém. Não se sinta pressionado ou triste com o fato, a nossa companhia é realmente importante e necessária, é lindo se amar, se colocar em primeiro lugar para que estejamos abertos a diferentes tipos de relações. O único problema está quando decidimos que vamos nos moldar pelo outro, vamos seguir os corpos das modelos da Victoria's Secret, vamos nos preocupar com o que estão achando da nossa roupa, vamos fazer aquilo que não queremos, mas vamos fazer porque supostamente alguém disse que aquilo era o melhor. Melhor para quem?

Em algum momento a gente percebe que não vai mais adiantar ficar fugindo de quem realmente somos, isso não nos faz bem e, vou contar um segredo para vocês que a Victoria não contou, em algum momento essa máscara que a gente criou cai e o que sobra não é bonito e é ainda mais difícil nos encontrarmos. Ser quem somos é belo e a gente merece isso.

Obrigada, foi um excelente chá!

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O livro escolhido para leitura em Fevereiro no Clube do Livro foi Nada. A resenha da obra foi feita por mim e você pode ler clicando aqui.

Os leitores que desejarem participar do Clube é só preencher esse formulário e saber mais informações na nossa aba do Clube do Livro. Quem participa recebe conteúdo exclusivo do encontro e mais algumas surpresas.

Porém, como o intuito é levar para os leitores do blog (mesmo aqueles que não querem participar) informações sobre o Clube para possuirmos maior interação, essa é uma postagem sobre a resolução do que foi o encontro 02/19.




"Nada importa. Disso eu já sei faz muito tempo. Então não vale a pena fazer nada. Acabo de descobrir isso."

O que fazer quando uma história não divide opiniões? Mais da metade odeia e dois se apaixonam? Esse foi o caso de Nada, obra que vai falar sobre quando Pierre Anthon, menino do sétimo ano, decide largar a escola por te descoberto que nada na vida importa. Chocados e amedrontados com a situação, os colegas de classe de Pierre decidem mostrar que, na verdade, existe muito na vida que importa, então vão a busca de um significado.

Não tem como discordar que Nada é um livro diferente e que vai surpreender todos os leitores, seja para o lado negativo ou para o lado positivo. O que aconteceu no Clube rendeu debate sobre a humanidade e como somos cruéis, mostrando a verdade na história. Porém, as críticas negativas foram para a idade das crianças e, apesar de ser uma obra que tem uma premissa genial, ela é mal executada pela autora, que decide exagerar em algumas ações. Quem apoiou a obra, entretanto, achou que esse foi o melhor ponto, elevando ainda mais a história.

Ficou curioso para saber mais? Participe do nosso Clube!
É de graça e só exige poucas palavras :)

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Foto: Google
Olá, meus queridos!
Tudo bem como vocês?

Já ouviram aquele ditado que depois de quarta-feira, o final de semana chega rapidinho? Para as pessoas que assim como eu esperam ansiosamente o sábado chegar para assistir um novo filme ou série, resolvi trazer essa lista aqui com 5 novos filmes e séries que estrearam na Netflix nos meses de fevereiro e março para ajudarem vocês na hora de escolher algo para assistir (um verdadeiro pesadelo, não é mesmo?)

Alguns deles são conteúdos exclusivos do serviço de streaming, outros não, mas todos já foram assistidos pela pessoa que vos fala e te garanto, possuem o selo 365 Cores de qualidade.


1: Série: The Umbrella Academy




Título Original: The Umbrella Academy
Ano de Lançamento: 2019
Direção: Steve Blackman
Gênero: Aventura, fantasia, ficção
Número de episódios: 10 / 60 min
Distribuidora: Netflix
Sinopse: Antes de falecer, o milionário Sir Reginald Hargreeves adotou sete crianças a fim de treiná-las para combater o mal. Depois que ele morre misteriosamente, esses jovens habilidosos unem suas forças para seguir o caminho para o qual seu pai adotivo os criou e acabam se envolvendo em um mundo muito mais perigoso do que eles imaginavam ser possível.

Desde A Maldição da Residência Hill (cuja crítica você pode ler aqui) , nenhuma outra série havia me prendido até então. Eis que surge The Umbrella Academy como a melhor estreia da Netflix até então, adaptação dos quadrinhos de mesmo nome. Acompanhamos a saga de uma família bem excêntrica com diversos poderes e que precisam salvar o mundo de uma catástrofe eminente, tudo com muito humor e ação. Eu amei todos os personsagens - principalmente o Klaus - e te garanto que irão ficar viciados na série. O roteiro foi muito bem construído e a cada episódio você quer saber mais e mais. Totalmente impossível de largar!


2: Filme: Megarromântico



Título Original: Isn't It Romantic
Ano de Lançamento: 2019
Direção: Todd Strauss-Schulson
Gênero: Comédia romântica
Duração: 1h 29 min
Distribuidora: New Line Cinema, Bron Studios
Sinopse: Natalie  é uma jovem arquiteta bastante cética em relação ao amor, que se empenha para ser reconhecida por seu trabalho. Um dia, ao saltar do metrô, ela é assaltada em plena estação e, ao reagir, acaba batendo com a cabeça em uma pilastra. Ao despertar em um hospital, ela descobre que, misteriosamente, foi parar dentro de um filme de comédia romântica.

Nada como uma comédia romântica para criticar as comédias românticas e os clichês dos filmes de sessão da tarde que estamos acostumados a ver, não é mesmo? O filme traz discussões super divertidas enquanto a vida da protagonista se transforma num verdadeiro filme de Hollywood, tudo é claro, com muito humor. Rebel Wilson que dá vida a Natalie á uma das minhas atrizes favoritas e o filme é a grande aposta da Netflix para o mês de março. 


3: Série: A Ordem



Título Original: The Order Ano de Lançamento: 2019
Direção: Shelley Eriksen, Dennis HeatonGênero: Terror, fantasia
Número de episódios: 10 / 60 min
Distribuidora: Netflix
Sinopse: Jack Morton está no primeiro ano da faculdade quando se junta a uma sociedade secreta chamada The Order. Lá ele descobre um mundo de mágica, monstros e intriga. Em meio a obscuros segredos de família e uma batalha subterrânea entre lobisomens e artes mágicas ocultas, ele se encontra cada vez mais envolvido em uma aterrorizante e mágica jornada para descobrir o seu próprio eu.

Seguindo a mesma pegada de The Umbrella Academy, mamãe Netflix lança mais uma série que traz temas sobrenaturais e de fantasia para seu catálogo. A Ordem é uma ótima pedida para amantes da fantasia, com um toque de nostalgia de séries antigas do gênero. Enquanto mergulha nos segredos de sua universidade, Jack se vê cercado por magia, lobisomens e outras criaturas que estão dispostas a manter os mistérios da Ordem bem escondidos. Fiquem tranquilos, apesar de ser categorizado como terror, a série é bem tranquila. 


4: Filme: Duplin



Título Original:  Duplin
Ano de Lançamento: 2018
Direção: Anne Fletcher
Gênero: Comédia, musical
Duração: 1h 50 min
Distribuidora: Echo Films, Netflix
Sinopse: Dumplin acompanha a história de uma adolescente plus size desinibida chamada Willowdean. Ela é chamada de Will pelas amigas e de Dumplin’ por sua mãe, uma ex-miss que agora organiza um concurso de beleza. Moradora de uma pequena cidade do Texas, Will ignora comentários sobre seu peso e ouve obsessivamente canções de Dolly Parton. E, quando decide entrar no concurso da mãe como forma de protesto, sua ação encoraja outras competidoras a seguirem seus passos, mudando as tradições da cidade para sempre.

Netflix apostando forte nos filmes de comédia e em Duplin temos a adaptação cinematográfica da obra de mesmo nome. É uma obra divertida e tocante em diversos aspectos, além de discutir temas bem complicados como o padrão e imposição de beleza de maneira leve e emocionante. O elenco é maravilhoso, trazendo ainda Jennifer Aniston, nossa eterna Rachel para o papel da mãe da protagonsita Willowdean, grande estrela do filme vivida pela talentosa Danielle Macdonald. 


5: Filme: Operação Fronteira



Título Original: Triple Frontier
Ano de Lançamento: 2019
Direção: J.C. Chandor
Gênero: Ação, drama, suspense
Duração: 2h5min
Distribuidora: Netflix
Sinopse: Tom Davis (Ben Affleck), Santiago Garcia (Oscar Isaac), Francisco Morales (Pedro Pascal), William Miller (Charlie Hunnam) e Ben Miller (Garrett Hedlund) são cinco ex-soldados das Forças Especiais dos Estados Unidos que decidem se reunir para executar um plano arriscado: roubar um poderoso senhor do crime na fronteria que separa o Brasil da Argentina e do Paraguai. No entanto, quando o esquema dá errado, os antigos companheiros de batalha se verão forçados a embarcar em uma épica luta por suas vidas.


De todas as indicações que dei nesse post, Operação Fronteira é a mais diferente de todas. O filme recém lançado na Netflix é recheado de ação e reviravoltas surpreendentes enquanto os cinco soltados decidem roubar um poderoso traficante da região. O filme surpreende pela qualidade dos efeitos especiais e sonoros e o elenco é realmente muito talentoso, trazendo Ben Affleck na pele do protagonista. O filme é eletrizante do início ao fim e realmente é uma ótima pedida para as pessoas que querem colocar um pouco de ação em seu final de semana.


É isso, gente, espero que tenham gostado das indicações. Conta nos comentários aqui em baixo se você já assistiu alguma dessas obras que indiquei acima e o que achou delas, ou se não, qual você mais ficou interessado em assistir.

Sábado estou de volta, fiquem ligados. Caso eu descubra mais coisas boas na Netflix, eu venho contar aqui pra vocês, fiquem tranquilos. :)

Até lá!

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O livro escolhido para leitura em Fevereiro no Clube do Livro foi Objetos Cortantes. A resenha da obra foi feita pelo Gabriel e você pode ler clicando aqui.

Os leitores que desejarem participar do Clube é só preencher esse formulário e saber mais informações na nossa aba do Clube do Livro. Quem participa recebe conteúdo exclusivo do encontro e mais algumas surpresas.

Porém, como o intuito é levar para os leitores do blog (mesmo aqueles que não querem participar) informações sobre o Clube para possuirmos maior interação, essa é uma postagem sobre a resolução do que foi o encontro 01/19.




"Tentei me lembrar de respirar direito, de acalmar minha pele. Mas ela queimava. Algumas vezes minhas cicatrizes pensam sozinhas."

Objetos Cortantes foi uma obra peculiar e que rendeu uma boa discussão. Foi seis pessoas ao encontro em que seria debatido o livro que conta a história de Camille, uma jornalista que vai cobrir uma matéria de duas garotas assassinadas em sua cidade natal. O local vai trazer lembranças e verdades do passado à tona.

Apesar de algumas pessoas no encontro terem se incomodado com a narração em primeira pessoa da protagonista, a gente entendeu que é com o desconforto das impressões de Camille que a obra se complementa. Entrar na cabeça da personagem foi necessário para entender tanto a história quanto suas ações. Muitos assuntos poderiam ter sido debatidos durante a obra, assim como muitas cenas poderiam ser excluídas, isso ficou de acordo com todos no grupo do Clube. A autora não focou muito no final, ela preferiu iniciar a obra com fatos irrelevantes. Por fim, chegamos a um acordo que, apesar de não ser a melhor história do gênero, é uma obra que não tem haver com o mistério do assassinato das duas garotas em si, mas é sobre a história de Camille e todos os envolvidos. O livro, na verdade, abre espaço para diversas tramas que vão se encaixando aos poucos.

Ficou curioso para saber mais? Participe do nosso Clube!
É de graça e só exige poucas palavras :)

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Foto: Gabriel Ferrari

Olá, meus queridos amigos e amigas!

Como vocês sabem, o Cores se tornou parceiro da Intrínseca para o ano de 2019. Através dessa parceiria, iremos trazer alguns textos sobre livros bem bacanas aqui para vocês. Para inaugurar a temporada, a Cecis trouxe pra vocês a resenha do livro Você Nasceu Para Isso, da autora Michelle Sacks. Caso vocês queiram ler, basta clicar aqui. Agora chegou a minha vez e eu não poderia ter começado de maneira melhor. O livro que escolhi foi O Construtor de Pontes, do autor americano Markus Zusak, mais conhecido por seu best seller A Menina Que Roubava Livros. 

Vamos lá?


Autor: Markus Zusak
Editora Intrínseca
Gênero: Romance, Ficção
Páginas: 526
Sinopse: Em seu novo romance, presente e passado se fundem na voz de outro narrador igualmente potente: Matthew, o filho mais velho da família Dunbar. Sentado na cozinha de casa diante de uma máquina de escrever antiga, ele precisa nos contar sobre um dos seus quatro irmãos, Clay. Tudo aconteceu com ele. Todos mudaram por causa dele. Anos antes, os cinco garotos haviam sido abandonados pelo pai sem qualquer explicação. No entanto, em uma tarde ensolarada e abafada o patriarca retorna com um pedido inusitado: precisa de ajuda para construir uma ponte. Escorraçado pelos jovens e por Aquiles, a mula de estimação da família, o homem vai embora novamente, mas deixa seu endereço num pedaço de papel. Acontece que havia um traidor entre eles: Clay. É Clay, então, quem parte para a cidade do pai, e os dois, juntos, se dedicam ao projeto mais ambicioso e grandioso de suas vidas: uma ponte feita de pedras e também de lembranças ― lembranças da mãe, do pai, dos irmãos e dele mesmo, do garoto que foi um dia, antes de tudo mudar. O tempo, assim como o rio sob a ponte, tem uma força avassaladora, capaz de destruir, mas também de construir novos caminhos. O construtor de pontes narra a jornada de uma família marcada pela culpa e pela morte. Com uma linguagem poética e inventiva, Markus Zusak nos presenteia mais uma vez com uma história inesquecível, uma trama arrebatadora sobre o amor e o perdão em tempos de caos.



Eu ainda me lembro claramente do impacto que foi ler A Menina Que Roubava Livros. Eu estava naquela fase de transição entre a infância e adolescência e o livro foi um ponto decisivo que me fez mergulhar de cabeça no universo da literatura. Eu me lembro que lia muita coisa infantojuvenil, principalmente livros de fantasia e ação, mas já começava a demonstrar interesse por história. Minha irmã mais do que sagaz me contou que a narrativa era ambientada durante a Segunda Guerra Mundial e eu, sempre impulsivo juntei o troco da merenda e comprei o livro. Me lembro que virava noites lendo tamanha imersão em uma narrativa excepcional e emocionante. Foi a partir dessa leitura que descobri minha verdadeira paixão por esse mundo, então tenho um carinho muito especial por ele, inclusive meus amigos já não aguentam mais me ouvir falar dele. (Oba, agora tenho um novo pra indicar!) O Construtor de Pontes marca o retorno de Zusak após um longo hiato; de acordo com o próprio autor ele levou apenas 13 anos para concluir a história.

Parece que existe uma espécie de maldição que ronda a vida dos autores: Quando se consegue implacar um livro e o mesmo se torna best seller mundial, - Estima-se que a história de Liesel vendeu mais de 16 milhões de cópias - acabam querendo sempre repetir o sucesso de seus livros passados. Obviamente, a mídia faz um grande alvoroço por conta do lançamento e os fãs ficam loucos, fazem filas em livrarias, sedentos por devorarem as páginas do novo romance. As expectativas são tantas que é totalmente normal que um autor recorra a sua zona de conforto para lançar um livro que atenda a demanda, mas sem necessariamente trazer uma novidade. Felizmente, não foi o caso de Markus; ele demorou, mas nos presenteou com uma história completamente nova e diferente de seus livros anteriores, mas igualmente reflexiva e emocionante.


Foto: Gabriel Ferrari


Em O Construtor de Pontes somos apresentados apresentados a William Dunbar, irmão mais velho de outros quatro. O jovem após desenterrar uma velha máquina de escrever utilizada por sua avó, resolve contar a história de sua família unindo passado e presente que convergem em um ponto em comum: Após perder a mãe para uma doença, os jovens mais uma vez precisam testemunhar o sentimento de abandono e rejeição quando seu pai desaparece sem dar nenhuma explicação. Anos se passam e tão repentino quanto seu desaparecimento, o patriarca retorna até a casa em que tudo aconteceu, solicitando a ajuda de seus filhos para construir uma ponte que corta o rio em uma cidade próxima. Os irmãos, ainda muito machucados e magoados com o pai, não aceitam e o expulsam da casa. O homem então deixa seu endereço anotado em um papel e parte em direção a cidade. O que William não imagina é que Clay, seu irmão mais novo (e extremamente apegado a sua mãe), resolve largar tudo e ir em busca do seu pai para ajudá-lo nessa misteriosa empreitada.

Mesmo sendo capaz de criar uma história completamente nova, Markus conseguiu inserir de maneira exitosa alguns elementos que se tornaram marca registrada na narrativa de A Menina Que Roubava Livros. Uma delas é trazer o papel de narrador para suas histórias. Se antes a Morte era quem contava a história de Liesel, Michael Dunbar se torna o responsável por contar a história através da escrita em sua máquina de escrever recém herdada. Um recurso que ele chegou a utilizar em seu livro anterior e que agora foi amplamente utilizado é trazer uma narrativa mais "cantada", quase em tom de prosa em frases curtas e que rimam. A ideia é boa e em alguns momentos existem passagens realmente lindas, mas num primeiro momento é bem estranho ler uma obra com essa estrutura textual. Fiz a leitura dos primeiros capítulos sem saber muito bem o que esperar do livro, porém você facilmente se acostuma com esse estilo e a leitura flui super bem. Apesar de ser uma obra relativamente grande, com mais de 500 páginas se torna leve de ler. Você se prende na história e é capaz de ler por horas sem nem ao menos perceber.

Apesar da narrativa eficiente, preciso pontuar que, em algumas partes da história, o autor não conseguiu sustentar essa estrutura da narrativa. Analisando os diferentes objetivos dos capítulos, ficou muito clara essa divisão em que a primeira parte do livro e o final trazem uma narrativa confusa e pouco precisa, enquanto o meio do livro nos brinda com uma narrativa enfática, precisa e cativante. A falta de objetividade nas partes iniciais e finais da história tornam o livro um pouco massante e não sei se foi proposital. Não vi muitas pessoas reclamando desses pontos e talvez tenha sido apenas impressão minha enquanto lia, mas não senti uma homogeneidade da obra como um todo, porém, não é nada muito grave. Os capítulos são bem pequenos, não ocupam mais que 4 páginas e, como citei anteriormente, intercalam entre passado e presente a medida que Michael revisita a história de seus pais até o abandono de Clay para ajudá-lo na construção da ponte.

Tento imaginar do que essa ponte será feita, mas no fim das contas acho que isso não fará diferença. Queria poder levar crédito pela frase, mas sei que você vai se lembrar dela, do texto de orelha de O Marmoreiro:
"tudo que ele construiu na vida era feito não apenas de bronze ou de mármore ou de tinta, mas dele... tudo que havia dentro dele."
Tenho certeza de uma coisa:
Essa ponte será feita de você.

Se por um lado a narrativa pode ser confusa em alguns pontos, não posso dizer o mesmo para a construção dos personagens e não me lembro a última vez que fiquei tão apaixonado por um personagem assim antes. São todos tão humanos e repletos de sentimentos, como raiva, culpa, tristeza, felicidade e amor. É uma história muito palpável, principalmente no que diz respeito ao conflito familiar no qual O Construtor de Pontes se baseia. A ponte em si, em minha opinião, é uma metáfora que representa o processo de cura e perdão que pai e filhos precisam passar juntos para reconstruir sua família e essa é a parte mais emocionante de toda a história: O drama familiar dos Dunbar é explorado com maestria e uma delicadeza que impressiona, além de mostrar a luta particular de cada um dos filhos de lidar com a dor do luto, da perda e do abandono. A forma com que Michael escolhe apresentar a sua família cativa o leitor a ler cada vez mais e a mergulhar fundo na história. O final do livro é belíssimo e fecha com chave de ouro uma história que foi pensada e planejada por anos e anos. Markus realmente deve estar muito satisfeito com o resultado e irei recomendar para todas as pessoas. É uma história imperdível e definitivamente farei uma releitura daqui algum tempo.


Foto: Gabriel Ferrari


Com O Construtor de Pontes, Markus se estabelece como um grande nome da literatura mundial e demonstra para todos seu talento e sua capacidade de arrancar risos e lágrimas de seus leitores em uma história original e envolvente que, apesar dos problemas que senti lendo, não foram capazes de apagar o brilho de uma das melhores histórias que li em minha vida. Certamente entrou para o hall dos meus livros favoritos e conquistou um espacinho especial no meu coração.



Nota: 4,0/5,0 
* Livro cedido em parceria com a Editora Intrínseca*

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Ainda perdida e ainda tentando achar luz em textos alheios e palavras autorais. Amante de café, literatura, fotografia, cinema, viagens e amor.

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