Desafio King: Carrie

by - março 30, 2019

Foto: Além do Livro

Olá, pessoas!

Hoje é 30 de março, ou seja, o último sábado do mês! Então, o que isso significa? Sim, isso mesmo, hoje é dia de Desafio King!

Para quem  não sabe, eu me dispus a fazer parte de um desafio em que, durante o presente ano, irei ler ao menos um livro de Stephen King por mês e trazer uma resenha especial que fará parte do Desafio King. As resenhas desse desafio saem sempre no último sábado de cada mês e para quem ainda não viu, em janeiro iniciei o desafio com Sobre a Escrita e em fevereiro trouxe o adorável Joyland. O livro escolhido para março foi o primeiro romance publicado por King, lá no longínquo ano de 1974 e uma de suas obras mais famosas e conhecidas, Carrie, A Estranha. 


Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Terror
Número de Páginas: 200
Sinopse: Carrie é uma adolescente tímida e solitária. Aos 16 anos, é completamente dominada pela mãe, uma fanática religiosa que reprime todas as vontades e descobertas normais aos jovens de sua idade. Para Carrie, tudo é pecado. Viver é enfrentar todo dia o terrível peso da culpa. Para os colegas de escola, e até para os professores, Carrie é uma garota estranha, incapaz de conviver com os outros. Cada vez mais isolada, ela sofre com o sarcasmo e o deboche dos colegas. No entanto, há um segredo por trás de sua aparência frágil: Carrie tem poderes sobrenaturais, é capaz de mover objetos com a mente. No dia de sua formatura, Carrie é surpreendida pelo convite de Tommy para a festa - algo que lhe dá a chance de se enxergar de outra forma pela primeira vez. O ato de crueldade que acontece naquele salão, porém, dá início a uma reviravolta cheia de terror e destruição. Chegou a hora do acerto de contas. Carrie, a estranha é um dos maiores clássicos de terror da literatura contemporânea e um dos livros mais aclamados de Stephen King.

Apesar de já ter assistido a duas versões cinematográficas lançadas para contar a história de Carrie, sempre tive muita curiosidade de saber a forma com que King havia escrito o livro. Para quem não sabe, Carrie foi o primeiro livro do autor publicado por uma editora, lá no ano de 1974, após se rejeitado por tantas outras editoras e jornais que se recusaram a publicar alguma das histórias escritas por ele. Felizmente, desde seu lançamento, Carrie se tornou um fenômeno mundial e causou grande alvoroço no mercado editoral, sendo reconhecido até os dias de hoje como uma das melhores e mais originais histórias criadas por King.

O principal motivo que me fez escolher e trazer a história de Carrie para esse desafio, é que sempre tive muita curiosidade de ler a primeira história escrita por King e poder comparar com a imagem que temos do autor hoje em dia. Todos nós sabemos que o mesmo possui uma maneira muito particular para criar e estruturar suas histórias e muitos leitores reclamam que King se tornou muito prolixo ao longo dos anos, abusando de descrições e capítulos que nada acrescentam à história de fato. Tendo em mãos sua primeira história, pude perceber que o talento da escrita do autor já estava presente, porém, o resultado é uma escrita muito mais crua. Com o tempo King foi se aperfeiçoando e trazendo histórias cada vez mais complexas, mas em Carrie ele já dava os primeiros sinais do caminho que pretendia trilhar. Simplesmente sensacional. Meu único adendo e que já vou deixar claro desde já é que senti que a história foi pouco aproveitada pelo autor, até por falta de experiência. Iremos discutir em detalhes mais adiante, porém, a impressão que tive é que a história poderia ter sido ainda mais grandiosa do que ela de fato é.

Como não deve ser surpresa pra ninguém visto que os filmes fizeram um enorme sucesso, na obra somos apresentados a adolescente Carrieta White, uma menina tímida, sem amigos e sem a menor perspectiva sobre o que é a vida. Carrie possui uma relação muito difícil e conturbada com sua mãe, uma fanática religiosa que controla cada passo dado pela filha e a educa de forma a achar que tudo que as cerca é fruto do pecado. Como se já não fosse ruim suficiente, sua mãe a culpa pelo próprio nascimento, dizendo que era fruto do demônio. Leve, né? Carrie possui uma vida muito difícil na escola, sofre bullying das demais alunas e é tida como a "caipira do rolê." Após uma aula de educação física em que a jovem sofre diversos tipos de violência, Carrie descobre que possui poderes telecinéticos e consegue movimentar objetos a sua volta apenas com o poder da mente. A história toda se constrói enquanto a adolescente precisa entender o que de fato está acontecendo com ela e a controlar seus poderes, enquanto sofre as consequências do relacionamento abusivo praticado por sua mãe e o período difícil que passa na escola. No dia da sua formatura, Carrie é convidada por Tommy - o menino mais popular da escola - a ser seu par na festa e a jovem finalmente tem esperanças de começar a ter uma vida minimamente normal. Obviamente tudo havia sido um grande plano arquitetado por outros colegas da escola para pregar uma peça na menina, porém, o desfecho de seus atos culminam em uma tragédia sem precedentes na história da cidade. 

O livro chega no ano de 2018, no auge dos seus 44 anos super atual e antenado mediante das discussões levantadas nos dias de hoje. É uma leitura bem densa que retrata além das consequências do controle parental, o fanatismo religioso, abusos físicos, mentais, bullying, violência, entre outros. King opta por dividir o livro entre os eventos que aconteceram na cidade, desde o início da conturbada vida escolar de Carrie até a chacina no baile de formatura com recortes de jornais e artigos científicos de pessoas que estão estudando as origens dos poderes telecinéticos de Carrieta. Confesso que essa separação não me agradou muito e por várias vezes me confundi sobre o que estava lendo. A leitura, em alguns momentos também se torna um pouco massante e você tem a sensação de que nada está acontecendo. É nesse ponto que acho que King poderia ter explorado mais os poderes de Carrie, incluindo-os em mais cenas, tornando a leitura mais interessante; felizmente, é um livro bem curto e a leitura flui bem, apesar desses momentos. O resultado é uma narrativa morna em quase sua totalidade, a única cena que se destaca no livro inteiro é a fatídica noite do baile e seus terríveis desdobramentos. As cenas são tão impactantes e características do King que conhecemos hoje que senti que foi ali naquela cena que o nosso King nasceu.


Cena do Filme Carrie (2013). Foto: Cine Pop 


Carrie, A Estranha possui a melhor vibe dos anos 70 no qual ele é inserido e o autor não abusa das descrições de lugares e personagens. Senti que foi uma escrita muito mais direta do que estamos acostumados com o autor. Com relação aos personagens que permeiam a obra, nenhum se destaca além da mãe de Carrie, que é simplesmente detestável e eu queria que aquela mulher ardesse na fogueira durante o livro todo. Os diálogos e castigos aplicados na filha por pecar são totalmente repugnantes e eu queria estrangular a mulher. Todas essas experiências vão incumbindo em Carrie uma raiva sem tamanho e a jovem perde o controle de seus poderes após a tão famosa cena da coroação do baile (se você já assistiu o filme ou leu o livro sabe do que estou falando). Novamente destaco a importância dessa cena para a obra que se tornou tão icônica que é lembrada até os dias de hoje e sempre citada como uma das mais geniais e bem escritas do autor.

Ela não era um monstro. Era só uma garota.

Em suma, Carrie apresenta um Stephen King tímido, ainda lutando para entender seus poderes, assim como Carrie. É uma obra coesa e com um final arrebatador, mas que não tem nada demais. O livro, apesar de bons momentos é monótono e pouco impactante (exceto a cena do baile!!!), mas acredito que seja uma boa experiência, principalmente para conhecermos os primeiros passos de King rumo ao estrelato. Recomendo o livro para você que, assim como eu, deseja ter acesso a todo o acervo do autor. Ahh, e uma curiosidade para finalizar a resenha de hoje: Não sei se vocês sabem, mas logo após finalizar o manuscrito de Carrie, o autor simplesmente detestou e jogou fora. Foi sua esposa Thabata que o convenceu a enviar para a editora. Ainda bem, não é mesmo?


Nota: 3,0/5,0

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